Parte 24.1

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Alicia

Dei um abraço em Luke e logo depois Dave se aproximou de mim, me dando um abraço também. Ben estava com um casal que eu não conhecia - eu não conhecia quase ninguém ali, na verdade - e Ane estava sozinha sentada em uma das mesas, então foi até ela que fui.

_ Ane, o que está fazendo aqui sozinha? - sentei ao seu lado a puxando para um abraço
_Estou com vergonha, senhorita Reev.
_Vergonha de que, meu amor? - franzi o cenho confusa - você está tão linda!
_ Eu não quero essa roupa. Meu pai escolheu um short, mas eu tenho que usar vestido. Menina tem que usar vestido - aquilo era tão errado que eu não sabia o que falar. De onde ela tirou aquele pensamento? Era horrível.
_ Ane, eu não sei quem te disse isso, mas isso não é verdade. Você tem que usar o que você quiser.
_ Mas eu posso colocar um vestido? - me encarou e eu pude ver seu rosto avermelhado e seus olhos levemente marejados
_ Claro que pode. Eu te ajudo. - dei um sorriso fraco levantando e ela fez o mesmo.

Ajudar Ane a escolher um vestido não foi fácil, nada estava bom, sempre tinha um mas. E ela não era daquela forma em dias comuns, ela estava estranha, alguma coisa havia acontecido para ela ter decidido trocar a roupa que o pai escolheu, mesmo que não fosse a melhor combinação.

Ane finalmente se decidiu por um vestido em tons de azul que tinha um lanço nas costas, sem dúvidas era um vestido lindo e muito melhor do que a roupa que ela estava, mas não comentei aquilo.

_ Você pode dizer a meu pai que eu sujei a roupa? Eu não quero que ele fique chateado. - pediu em um murmuro e eu arqueei as sobrancelhas.
_ Eu não vou mentir para ele, Ane. O máximo que posso dizer é que não sei, que é a verdade. - dei um sorriso fraco
_ Tudo bem.
Saímos juntas do quarto para voltarmos para onde todos estavam.

_ Hey, Ane, o que aconteceu com sua roupa? - Justin se aproximou de nós duas quando voltamos para o lado de fora da casa.
Ane me olhou antes de encolher os ombros envergonhada e em silêncio.
_ Ela quis trocar - respondi, já que provavelmente ela não diria nada.
_ Poderia ter me dito que não gostou da roupa, está tudo bem - Justin deu um sorriso fraco a fazendo relaxar
_ Desculpa
_ Está tudo bem - passou a mão na cabeça dela - pode ficar de olho em Ben enquanto falo com senhorita Reev?

Ane assentiu começando a se afastar de nós e indo até o Ben.

_ Eu acho que aconteceu alguma coisa - comentei assim que Ane se afastou o suficiente para não me ouvir - alguém deve ter falado que ela não estava usando roupas apropriadas para uma menina.
_ Quem falaria uma besteira dessas? - franziu o cenho e eu dei de ombros - mas eu confesso que não coloquei muito esforço, estava com o pensamento um pouco longe quando ela perguntou se eu poderia a ajudar
_ Percebe-se. Ela aparece mais arrumada para as aulas do que estava agora.
_ Eu não vou reclamar da sua acidez por que eu mereço, me desculpe mais uma vez.
_ E quem foi a outra que você mandou mensagem? - arqueei as sobrancelhas- você está me traindo?
_ A gente nem se beija, preciso compensar isso com outras mulheres - deu de ombros e eu arqueei as sobrancelhas ainda mais, se era possível.
_ Outras mulheres?
_ Ficou com ciúmes?
_ Eu tenho motivos para ficar com ciúmes? - perguntei com um sorriso brincalhão nos lábios, mas algo dentro de mim dizia que eu estava sim com ciúmes.
Ele ia responder algo, e eu estava ansiosa pela resposta dele, caso uma mulher não se aproximasse.

_ Querido, eu estava te procurando!
Querido... Tirei qualquer resquício de sorriso que tinha em meu rosto.
_ Ahn... oi - Justin estava nervoso. Ele me encarou e depois olhou pra a mulher.
Ele não fez nenhum movimento, mas a mulher sim.

Ela lhe deu um selinho e, bem, não sei se ele petrificado significava que ele retribuiu, mas, bem, ele também não se afastou.

Ele estava falando sério.

E eu tinha um gosto amargo na minha boca.
Eu não estava com ciúmes.

_ Você deve ser a babá, Justin falou de você. - deu um sorriso falso. Não sei se era falso, mas eu aceitei minha interpretação.
_ Falou que eu era a babá? - dei um sorriso, esse sim eu diria com cem por cento de certeza que era falso e forçado
_ Falei professora.
_ Se cuida de criança é babá - deu de ombros - entendo que nem todo mundo se identifica e aceita receber o pouco que professor recebe. Com certeza cuidar dos filhos de Justin deve dar um bom dinheiro.
Ela estava tentando me provocar.
Vergonhosamente ele havia conseguido.
_ Eu tenho duas filhas, sei o quanto eu gasto com babá por semana. Pagar aluguel de um quarto, uma comidinha simples e despesas básicas não deve ser tão fácil...

Eu estava me ofendendo mais do que o normal, e eu estava incomodada por que Justin não estava me defendendo.
O que havia acontecido comigo?

_ Eu sou psicopedagoga, eu não cuido das crianças, eu as auxílio durante o dia. Se você quer achar que eu sou uma babá que precisa de dinheiro para pagar um quartinho, é direito seu.
_ Claro, claro! Depois pegarei seu número com Justin para quando eu precisar - passou a mão no peito de Justin e aquilo me incomodou. Eu não aguentava mais ficar ali.
_ Você não conseguiria pagar minha hora - dei um sorriso fraco e saí sem esperar nenhuma resposta.

Eu não sabia o porque e nem se eu tinha alguma razão, mas eu me sentia extremamente magoada.

Continua...

Notas
Justin, por que você é assim? Era só dizer umas palavrinhas, sabe?

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