Parte 24.2

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Justin

Eu fui avisado, e a culpa era inteiramente minha.

Ryan me avisou que eu deveria contar, Mariah me avisou que eu deveria contar, ela mesmo me disse que se existisse alguém eu deveria dizer.
Ela me deu a oportunidade de falar, e eu não disse.
Por que eu precisava ser tão burro?
O que eu achei que aconteceria com as duas mulheres que eu decidi me envolver juntas no mesmo ambiente?

_ Teremos que conversar sobre ela - a voz de Helena me despertou e eu a olhei - muito abusada!
_ De qual tipo de conversa você está falando? - franzi o cenho
_ Eu não quero que ela dê aulas às minhas filhas - eu não estava entendendo - posteriormente, naturalmente minhas filhas virão estudar com seus filhos, precisamos conversar sobre a professora.

Do que aquela mulher estava falando? Quando havíamos pulado para a fase de um relacionamento mais sério e um possível casamento? Eu estava confuso.

_ Nós não temos um relacionamento, é um pouco cedo para falarmos sobre casamento e...
_ Não estou falando de casamento, querido. Não se preocupe - deu um sorriso fraco - mas penso que próximo semestre minhas filhas já possam se juntar às aulas.

Eu arqueei as sobrancelhas. Tão surpreso quanto confuso. Eu não consegui falar ou pensar em uma resposta, fui salvo por Ryan que se aproximou de nós.

_ Justin, você tem algo extremamente importante para fazer. Senhorita Carter, pode nos dar licença?
_ Claro, Ryan.

Ryan a observou se afastar, ela foi falar com as filhas dela. Ouvi um suspiro ao meu lado e olhei para meu amigo.

_ Eu não acredito que você fez isso - murmurou e eu já sabia que ele, provavelmente iria acabar comigo com as palavras mais duras que ele poderia usar - eu avisei. Mariah te avisou, pelo amor de Deus, Justin! Custava você ter dito na ligação pelo menos?
_ Eu fiquei nervoso, não consegui! Eu foquei em não a fazer se demitir!
_ Acho que você deveria a chamar para conversar.
_ Não tem porquê.
_ Tem um porque, mas eu não vou te dizer. Eu não vou ficar te dando as direções, existem coisas que você não precisa ser um expert em relacionamentos para entender, você está querendo o caminho mais fácil e eu cansei. Não vou te ajudar mais nessa.
_ Me diga o que fazer. Eu acho que gosto dela, mas não sei. Não quero trocar o certo pelo duvidoso.
_ Não te dou um soco agora por que tem muita gente - falou com raiva - esquece essa merda, Justin! Se você fosse um cara inexperiente de dezessete anos eu poderia entender, mas você tem trinta e um! Trinta e um, foi casado e tem quatro filhos. Você precisa ter aprendido algo disso tudo.
_ Eu preciso pensar no que fazer - suspirei
_ Ela não precisou dizer isso, mas eu tenho certeza que depois dela ir embora, você não a verá mais.

Eu dei um suspiro passando minhas mãos no rosto. Eu assenti, mas eu não sabia o que fazer. Depois que Ryan se afastou eu decidi entrar em casa, eu precisava pensar.

Não se valia a pena contar que possivelmente eu estava apaixonado, mas em como eu falaria aquilo. Por que eu precisava falar. Era minha chance, não queria morrer me culpando por nunca ter dito nada, por que eu me culparia.

Eu só precisava saber o que ela pensava daquilo, a opinião dela me importava muito em relação à tudo. E sem nenhum esforço. Eu só, naturalmente, queria saber do ponto de vista dela.

"Podemos conversar? Eu vou te esperar na sala de estudos"

Eu não esperei resposta, fui direto para a sala de estudos, o que não me custou nem um minuto. Assim que entrei na sala dei de cara com Alicia, ela estava olhando para o celular e ergueu os olhos me olhando, provavelmente ela estava lendo a mensagem.

_ Ah, você está aqui - falei sentindo minha voz sair levemente tremida. Eu estava um pouco mais nervoso do que o que deveria.

Na verdade, para uma conversa daquele nivel com ela eu deveria estar muito nervoso. Eu tinha certeza que eu iria sair chorando dali.

Ela colocou o celular no bolso e cruzou os braços me dando a atenção que eu queria na conversa. Ela me olhava parecendo que queria me matar. Eu sentia um frio no estomago que era pessimo.

_ Pode dizer. - A voz me arrepiou dos pés à cabeça.
_ Eu... ahn... - diz logo Justin. Você deveria ter pensado no que dizer antes! - ela não é minha namorada ou algo do tipo.
_ Você não precisa se justificar para mim.
_ Preciso. Bem, não preciso, mas eu quero. Eu não quero ser injusto com você, comigo, com nós.
_ De que nós você está falando? - arqueou as sobrancelhas. Okay, eu não deveria ter falado aquilo, iria a assustar, mas eu falei e não tinha como voltar atrás. - nós não temos um relacionamento, você pode ficar com quem quiser. Eu só gostaria que você tivesse sido mais maduro e me contado, no lugar de só me ignorar durante a semana.
_ Eu não te ignorei...
_ E eu teria me preparado melhor para quando eu ficasse sabendo que sou uma babá que precisa do emprego para sobreviver pagando um quartinho.
_ Eu não falei nada disso. Ela só viu uma foto sua com as crianças no meu celular e perguntou. Eu falei que você é a professora! Em algum momento eu falei que também me ajudava cuidando das crianças durante o dia, mas eu nunca disse que você é babá ou algo do tipo.
_ Tudo bem, eu basicamente sou a maior parte do tempo - coçou a testa - eu exagerei um pouco, me desculpe.
_ Você não precisa pedir desculpas, eu quem estou errado. Eu realmente deveria ter te dito antes que eu estava tentando me envolver com outra pessoa.
_ Você conseguiu? - pendeu a cabeça para o lado atenta.

O que eu deveria responder? Dizer que sim, que não? Ou falar exatamente o que eu achava que devia?

_ Eu gosto de você - ela arqueou as sobrancelhas, eu não podia parar - eu não quero te assustar com isso, me desculpe, mas você me mostrou como ser alguém melhor e eu acho que não é certo eu esconder isso, tentar preencher com alguma outra mulher ou ficar com medo de dizer. Eu preciso saber o que você pensa disso, eu sei que nem em um milhão de anos você pensaria na possibilidade de se relacionar com um cara que tem quatro filhos e mal sabe os criar...
_ Não diga isso - murmurou baixo
_ Eu preciso saber o que você acha disso. Se podemos falar sobre isso, se podemos ter algo ou se vamos ignorar e esquecer essa conversa para sempre. Por favor, só não se demita, as crianças me odiariam pelo resto da vida.

Alicia

Era o momento de eu falar? Eu deveria falar? Eu estava em choque. Por fora não parecia, mas por dentro eu sentia meu sangue passando mais rápido que o normal, era quase como se eu pudesse sentir cada célula de meu corpo.
Quando isso aconteceu?

Nosso código era o seguinte: se alguém se apaixonasse primeiro deveria iniciar um beijo.

Era para esse tipo de conversa que eu estava preparada, não para ele se declarando para mim, mesmo que tenha sido dessa forma nada romântica, eu sabia que ele deveria estar fazendo um esforço surreal só para falar.

Meu corpo começava a querer hiperventilar. Eu, logo eu, a que sempre tinha uma resposta pronta estava sem ter o que dizer.

Justin se aproximou de mim, um pouco mais, ele já estava próximo demais. Eu tinha certeza que ele iria me beijar, talvez tivesse lembrado do nosso acordo.

Ele tocou no meu rosto e eu senti um formigamento, talvez ele tivesse lembrado de nosso combinado.
Ele estava perto, muito perto, estava começando a abaixar o rosto para me alcançar, meu coração batia tão forte que eu o sentia em meu pescoço. O frio na barriga ficava cada vez mais forte.

_ Pai?
Eu tive um susto tão grande que senti minha vista escurecer por alguns segundos. Justin deu um suspiro, alguns segundos depois de se recuperar do susto, virando-se para Luke que alternava o olhar entre nós dois um pouco desconfiado.

Ou totalmente desconfiado, eu não estava conseguindo pensar muito bem.

_ Oi, Luke - Justin perguntou se afastando de mim e indo até o menino.
_ Eu quero pedir uma coisa - foi a última coisa que ouvi da conversa dos dois antes deles se afastarem por completo.
Eu estava prestes a vomitar de nervosismo.

Continua...

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