Alicia
Encarei o teto branco que tinha um lustre muito bem posicionado no centro e cobri meu rosto com as mãos.
Eu já havia perguntado isso umas dez vezes, mas: o que droga estava acontecendo comigo?
Se aquilo continuasse da mesma forma, tudo viraria um caos. E eu não precisava de um caos na minha vida. Eu estava confortável da forma que eu estava.Sentei na cama cobrindo meu busto nu e vi Justin saindo do banheiro já com sua calça social, a que ele usaria para trabalhar.
_ Eu não acho que as crianças vão perceber algo, mas acho melhor você não usar meu sabonete. Peguei um da Ane, não tem cheiro e você pode usar.
_ Bem pensado. Vou tomar um banho rápido, daqui a pouco vai dar a hora que eu deveria estar chegando.Justin assentiu vestido sua camisa social e eu peguei minhas peças de roupas as levando para o banheiro.
Quando saí do banho, Justin estava entrando no quarto. Me estendeu o prato que segurava e eu o peguei. Tinha uma torrada e algumas frutas._ Eu estou me sentindo uma fugitiva. - murmurei brincando
_ Eu sei, me desculpe por isso. Eu só não quero que as crianças saibam e acabem interpretando errado. Eles não precisam perder outra pessoa, sabe?!
_ Eu entendo, não estou reclamando. - fui sincera - e eu estava pensando... eu acho que não deveríamos nos beijar.
_ Como assim?
_ Eu acho que o beijo é um gesto muito íntimo e talvez nos faça confundir o que estamos tendo, sabe? - ele mordeu o canto interno da boca assentindo - podemos fazer qualquer coisa, mas não nos beijar.
_ Mas e se, em algum momento, acontecer um beijo?
_ Se acontecer um beijo, é sinal que tem sentimento. Esse vai ser nosso código, assim vamos poder conversar sobre isso.Ele assentiu dando um sorriso fraco, mas que não parecia tão sincero quanto deveria. Mas o que eu esperava que acontecesse? Eu jamais me surpreenderia se ele, de repente, decidisse acabar esse passa tempo e me apresentar a namorada. Eu não o culparia. Eu não me importaria.
Não me importaria.
Eu-não-me-importaria._ Eu vou checar as crianças. Daqui a dez minutos você pode descer, elas já estarão na sala de estudos.
Justin
Sem beijo para não confundirmos o sentimento.
Aquilo latejava na minha cabeça ocupando toda minha concentração. Eu deveria ser um idiota por que eu já havia confundido antes dela dizer aquilo.
Com ela era tudo muito intenso, ela era uma mulher inteligente, bonita, doce. Não tinha como não confundir.Eu não sabia por que eu já não esperava por aquilo. Qual a mulher, com todas as características que ela tem, iria querer um homem com quatro filhos?
Me namore e seja, automaticamente, mãe de quatro.E mesmo que ela aceitasse me namorar, ignorando o fato que eu já tinha quatro filhos, seria uma perda de tempo. Para nós dois. Não seria nada além de um namoro, sem objetivos e sem um futuro.
_ Bieber? - ergui meu rosto para Ryan e o vi sendo seguido de uma mulher de cabelos loiros e olhos castanhos - essa é a senhora Adams, ela está em processo de divórcio e precisa de orientações sobre como agir para ter a guarda dos filhos.
_ Me chamem de senhorita Conner, por favor - sorriu simpática e eu dei uma puxada no canto da boca em um sorriso fraco.Ela era divorciada, solteira e tinha filhos. E era bonita. Talvez eu devesse usar de toda a minha simpatia, era o tipo de mulher com quem eu daria certo. Não existiriam cobranças, tínhamos filhos dos dois lados e não precisaríamos ter mais se não quiséssemos.
O que eu estava pensando?_ Prazer, senhorita Conner, pode me chamar de Justin - ergui a mão para um comprimento e apontei a cadeira para ela sentar.
Ryan me encarou confuso antes de sair. Ele sabia que tinha algo estranho, precisava me preparar para as perguntas mais tarde.
_ Pode me explicar sua situação, senhorita? - perguntei pegando os papéis com os casos do divórcio dela
_ Se eu posso te chamar de Justin, você pode me chamar de Helena - deu um sorriso fraco - então, Justin - abriu um sorriso sugestivo - eu e meu ex somos divorciados há mais de um ano, por alguma razão ele decidiu tentar reatar nosso casamento, mas como eu não aceitei, ele tem me ameaçado sobre a guarda das crianças.
_ E como está a guarda atualmente, Helena?
_ As crianças moram comigo, mas ele é livre para conviver com elas o quanto quiser.
_ E qual a mudança que ele quer?
_ Ele quer que as crianças morem com ele e a mãe dele, mas não é o melhor cenário para a vida das minhas filhas. A mãe dele tem traços de personalidade bipolar e ele é um alcoólatra.
_ Compreendo. Ele paga pensão?
_ Parece até piada - ela riu e eu dei uma risada fraca a acompanhando - ele pagou a primeira por que foi em cheque, na frente do juiz. Desde então ele não paga. Sempre que eu falo sobre isso ele me ignora ou diz que não vai dar dinheiro para eu bancar meus luxos. - revirou os olhos
_ Você trabalha?
_ Sim, eu tenho uma loja de roupas e sapatos de grife.
_ Qual a idade de suas filhas? Pode me falar um pouco sobre elas?
_ Bem, a mais velha tem dez e a mais nova tem sete. São tão espertas e inteligentes quanto podem ser. A mais nova é bem princesinha, ela adora me acompanhar em tudo, a mais velha é mais quieta e adora passar horas na frente do vídeo game. Não me julgue, muitas vezes eu deixo. Quando temos filhos e uma vida agitada, queremos o mínimo de estresse possível.
_ Eu entendo - murmurei compreensivo
_ Você não vai entender até que tenha pelo menos um, Justin.
_ Eu tenho quatro - dei uma risada com a expressão surpresa que ela fez - entendo que não é fácil cuidar dos filhos sozinha.
_ Estou bastante surpresa - abriu um sorriso - eu adoraria trocar experiências com você! Mas não aqui e agora, podemos marcar para a sexta-feira?Eu arqueei as sobrancelhas com o convite, mas eu não tinha nada a perder.
Meu pensamento me levou para Alicia, justo quando eu decidi dar espaço para alguém, eu estava flertando com outra. Mas não era errado, era? Alicia mesmo disse que não queria um compromisso comigo, talvez ela até me apoiasse quando eu contasse a ela. Apoiasse que eu estava, finalmente, voltando a dar um rumo na minha vida. E talvez as crianças gostassem de passar a conviver com outras crianças.
_ Sexta-feira, então - confirmei. Anotei meu número pessoal de celular em um pedaço de papel e a entreguei.
A mulher saiu da minha sala com um sorriso no rosto e menos de um segundo depois Ryan entrou me encarando._ Acho que tenho um encontro na sexta - falei de uma vez
_ Como isso aconteceu?
_ Não faço ideia. Bem, acho que eu estava flertando e ela entendeu.
_ Mas e Alicia? - franziu o cenho
_ Nós não temos nada. É só um passatempo.
_ Eu não acho que Alicia se submeteria a um passatempo, pra ser honesto.
_ A gente não se beija, Ryan. Dormimos juntos, mas não nos beijamos. Ela veio com uma história de que não deveríamos nos beijar para não confundirmos os sentimentos, ela jamais teria algo sério comigo.
_ Então você decidiu, finalmente, agir? Logo quando tem outra pessoa? - arqueou as sobrancelhas - você é burro, hein, cara?!
_ Eu não posso me envolver em um relacionamento com quem não quer ser uma mãe para meus filhos. Senhorita Conner tem filhos e me entende. Se tivermos um relacionamento não vai ser pesado para nenhum dos lados.
_ Eu discordo completamente de você, mas eu, honestamente, não sei o que falar.
_ Não precisa falar nada. - murmurei chateado
_ O pior é que eu sinto que devo falar algo - passou as mãos no rosto - enfim, só não quebre o coração de Alicia. Ela é chata comigo, mas tenho que reconhecer que ela é uma mulher incrível.
_ Não vou quebrar o coração dela, Ryan. Não tem como isso acontecer.
Ryan me deu uma última olhada parecendo desacreditar de mim e assentiu. Levantou-se em silêncio e saiu da sala me deixando sozinho.Eu realmente não estava fazendo nada errado, não é?
Continua...
Notas
Luz da esperança que esse casal vai se amar para sempre: A
Justin: deixa eu agir igual um adolescente confuso.
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The Kids' Teacher
FanfictionAlicia - ou Senhorita Reev, como é chamada -, começa a dar aulas particulares para os filhos de Justin - ou Senhor Bieber, como é chamado -, um empresário sério e dedicado que, por mais que tente, não consegue demonstrar o que sente em relação a seu...