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Pedro Narrando

Faz mais de dois dias que tento contato com Zoe e nada.

Estou preocupado.

Zoe era uma menina focada e envolvida com as coisas do Senhor. Mas, alguns anos atrás, ela se afastou de tudo e todos.

Minha irmã perdeu sua essência quando se permitiu ser levada pelas armadilhas que o mundo oferece, caindo em uma longa teia de aranha, onde ela se embolou de uma maneira que apenas Ele pode tirá-lá.

No entanto, creio que ela voltará à Casa. E não retornará como a antiga Zoe, mas, com uma Zoe ainda melhor, se cumprindo que a glória da segunda casa é maior que a da primeira.

A Zoe restaurada será ainda melhor do que a Zoe de antigamente.

Fecho os olhos, respirando fundo, enquanto faço uma rápida oração, clamando mais uma vez pela vida dela.

- Pedro! Você vai se atrasar!

Sorrio com o grito estridente que só dona Ana consegue exprimir, e corro escada abaixo com minha pequena mochila preta, pronto para mais um dia de trabalho.

- Já estou aqui, mãe, não precisa de acordar o restante da vizinhança.

- Pedro Albuquerque! Você está querendo levar uns tapa? Ou acha que só porque está do tamanho de um poste que eu não sou capaz de deixar esse traseiro marcado?

Seguro minha vontade de rir, olhando pro papai que está um pouco atrás dela, mas, que assim como eu, não ousa demonstrar nem um milímetro de graça para a fúria da pequena Ana.

Deus nos livre da fúria dessa mulher.

- Conseguiu falar com sua irmã, meu filho? - olho chocado com sua rápida mudança de humor e olho mais uma vez pro meu pai, que apenas dá de ombros.

- Não, mãe. O Marcos disse que ela estava dormindo, já que passou um longo plantão de 36 horas. Aí, por isso, que não estamos conseguindo entrar em contato com ela.

Vejo o sorriso orgulhoso de minha mãe, mas, também vejo dor naquele olhar esperto que só ela tem.

- Tudo bem. Depois conseguimos falar com ela. - assinto, desejando o mesmo - Agora vá, se não chegará atrasado e isso seria como uma facada contra o pobre coração de sua maravilhosa mãe.

Gargalho e deixo um beijo em sua testa, seguindo para me despedir do grande homem sentado à mesa.

- Amo vocês!

Ouço a resposta, em forma de grito, dos dois, já com a porta fechada, adentrando a garagem e seguindo para meu carro.

O dia hoje vai ser longo.

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Zoe Narrando

Piiiiiiii...

Piiiiiiii...

Ai, que barulho irritante!

Me levanto para mais um dia difícil, com toda certeza. E por que me sinto assim? Simplesmente porque eu estou cheia de hematomas por algumas partes escondidas do meu corpo. Graças a Deus, porque seria difícil esconder isso com maquiagem, além das roupas quentes e longas que, às vezes, sou obrigada a usar.

Ahgr...

Isso me irrita tanto!

Me irrita saber que aquele maldito ainda tem o cuidado, como se ele escolhesse os lugares certo para me agredir! Pois, ele sabe que não é em todos os momentos e nem em todos os locais que consigo usar roupas compridas o suficiente para tampar as manchas que ele deixa sobre meu corpo. O hospital é um deles.

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