D o z e

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Zoe Narrando

Almoço parte II:

Sabe aqueles momentos que a sensação de lar invade seu coração, o deixando mais quentinho? É uma sensação indescritível, não é?! Pois bem, eu sei! E é isso que venho sentindo na presença dos Orsini's. É incrível a capacidade que certas pessoas tem de te passar sentimentos tão genuínos, por meio de gestos simples e olhares calorosos dotados de amor! É tão bom... E sabe o que você devemos fazer quando as encontramos? Devemos ser grato por elas e se conter o máximo possível para não as colocar num potinho - mesmo que essa seja sua vontade.

Passo meus olhos por todos na mesa e sinto uma paz que há muito tempo não sentia, mas paro meu olhar numa certa pessoa.

Eu não acredito no que estou vendo!

Seguro minha risada e analiso cada passo milimetricamente calculado por ela:

Primeiro, Mariê pega sua colher de forma discreta; depois, rapidamente, a leva até o prato do Emanuel, roubando um pedaço - bem generoso - do seu doce, enquanto ele continua conversando. Por último, ela olha para todos os lados e, com o sorriso da vitória, se inclina um pouco para não deixar o doce cair. No entanto, ela se esqueceu de olhar para frente.

- Estou vendo! - digo, não me aguentado mais de rir e, no segundo depois, todos estão exatamente como eu, pois, no momento que fechei a boca, com o susto, Mariê jogou o doce roubado pro ar, fazendo com que ele voasse da colher, indo parar diretamente na camisa do Cris.

Vou me lembrar dessa cena pro resto da vida.

E vou me lembrar de não assustá-la mais.

Rio até sentir uma lágrima escorrendo, ficando na dúvida se foi por minha risada ou pelas pontadas na costela. Hoje eu extrapolei!

Depois dessa cena épica, Mariê passou longos minutos rindo e tentando tirar a sujeira da camisa do filho, o que não adiantou muito, pois ela era branca.

Passamos bons momentos à mesa, comendo, conversando e relembrando momentos vergonhosos que nossas mães fizeram questão de delatar.

Como, por exemplo, o dia que eu saí correndo pela rua afirmando que era uma das meninas super poderosas, mas não demorou nem um minuto para eu sentir o poder do chão, resultando em uma luxação no braço e meu dente da frente quebrado. Ou, quando Emanuel insistiu dizendo que ele era uma formiga e se sentou no formigueiro, levando várias picadas no traseiro.

Foram micos atrás de micos e histórias sem nexo algum, mostrando a capacidade incrível das crianças de criarem momentos mirabolantes. E, claro, elas se deliciavam com as nossas expressões de puro constrangimento.

Mães... Elas sabem ser terríveis!

Após passarmos longos prazerosos minutos à mesa, Mariê me levou num tuor pelo seu magnífico jardim, o qual ostenta os mais variados tipos de flores e uma linda gangorra, e me contou várias coisas, como o sonho que ela havia tido comigo há um tempo atrás.

Choramos? Claro que sim! No entanto, deixamos todas as lembranças ruins de lado e ficamos conversando sobre diversos assuntos aleatórios, até os meninos chegarem e se juntarem com a gente, enquanto mamãe, papai e o Antoni continuavam no local que almoçamos.

Depois de muito rir, percebo que minha costela está latejando, o que me obriga a fazer um esforço imenso para não me render a dor e chorar exatamente como eu desejo, ou me deitar na cama da Elô e só sair depois que todas as fincadas acabarem. Contudo, fico na minha falsa pose de está tudo bem e evito respirar fundo.

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