Capítulo V

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Quando sua madrasta e futura sogra combinam com você para fazer a prova do bolo do casamento e decidir os sabores, você sabe que não vai ser a atividade mais divertida do mundo, mas ao menos irá provar alguns bolos. O que você não imagina é que elas vão passar duas horas discutindo sobre o assunto enquanto você tem que ficar quietinha no canto porque se você tomar qualquer lado você será vista como traidora.

— Todo mundo gosta de chocolate — Solange, disse. Forçando um sorriso que fazia suas bochechas cobrirem seus olhos — E a cobertura de merengue é um charme! Fica lindo quando quebra ao partir o bolo!

— Mas quando abrir, vai sair um bolo todo marrom. Horrível! — Marta, argumentou. Seus olhos afiados e queixo pontudo indicavam que poderia atacas a qualquer momento. — Champanhe com frutas vermelhas é muito mais elegante e combina com o conceito mais clássico de casamento, que é o que queremos, não é mesmo?

— As pessoas vão tomar champanhe, elas não querem comer também — Solange rebateu. — Nada mais clássico do que chocolate. Já sei! E se colocarmos cerejas?!

— Sim, chocolate é um clássico. Clássico de festa infantil — Uma veia estava saltando na testa da minha madrasta, mas ela mantinha olhar afiado.

— Vamos de red velvet, então. Nada mais elegante — o sorriso de Solange passava longe do natural.

— Vermelho? Para o dia do casamento? Não existe cor menos pura do que o vermelho exceto, talvez, o marrom!

— Pura? Vai dizer Cecília é pura agora? Porque pelo que meu filho conta essa daí deixou de ser pura faz tempo, viu!

As duas riram mas dava para sentir as ameaças de morte entre os olhares.

— Eu gosto do de limão — intervi.

As duas me olharam como se houvessem esquecido que eu estava na sala, quase surpresas.

— Não, acho que não — Solange fez uma careta.

— Muito comum — Marta concordou.

Ao menos eu havia sido capaz de fazê-las concordar em algo. Infelizmente a discussão ainda continuou por mais meia hora quando a confeiteira sugeriu um bolo de champanhe rosa com morango, que teria um tom romântico de rose gold, e a cobertura seria merengue, que ficaria lindo quando fosse partido, agradando aos dois mundos. Eu ainda preferia o de limão, mas quem se importa com que a noiva quer, não é mesmo?

As duas me odeiam, mas toda essa briga e discussão era só uma tentativa estúpida de provar que tem o controle. Marta acha Solange um rica sem classe. Já Solange acha Marta uma metida a besta. E fico no meio tendo que aguentar as duas e tentando em vão não desagradar ninguém. Tá, talvez eu não tente tanto assim.

Para piorar, a chefe resolveu pegar no meu pé porque viu que eu não iria terminar um certo processo dentro do prazo. Eu realmente estava fazendo outra coisa, então acabei esquecendo desse processo. Por causa disso, passei a semana tendo que chegar um pouco mais cedo e sair um pouco mais tarde. Só consegui terminar na quinta-feira, no dia do prazo final. Sinceramente, se eu não fosse futura esposa de Nando, com certeza eu já tinha sido demitida.

Bom, pelo menos cheguei em casa tranquila por ter terminado tudo. Eu estava morta, mas pensar em dormir cedo e acordar um pouco mais tarde me deixava mais feliz.

— Você tem uma hora para comer alguma coisa e se arrumar — Nando disse assim que pus o pé dentro de casa.

— O quê?! Por quê?!

— O curso de noivos, Cecília! Sabia que você ia esquecer!

— Ah. Não, não! Eu tô lembrada!

Hot PriestOnde histórias criam vida. Descubra agora