Capítulo XVI

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Aplausos, aplausos. Papéis assinados, eu e Fernando estávamos oficialmente casados. Isaque se recusava a olhar para gente. Após encerrar a cerimônia, ele quis sair de fininho. Eu ia deixar, não queria prolongar seu sofrimento, nem o meu. Além disso, havia muita gente querendo me abraçar e me parabenizar.

— Padre Isaque! — escutei Fernando dizer, puxando Isaque para um abraço. — Muito o brigado por ter vindo, eu sei que você tinha uns problemas pessoais, mas fui muito importante para mim e para Cecília que o senhor estivesse aqui, não é, Ceci?!

Fernando me puxou para agradecer a Isaque.

— Claro, muito obrigada, padre. — decidi abraçar Isaque. Parecia uma abraço cordial, mas eu o abracei bem apertado. — Muito obrigada mesmo.

— Eu faria qualquer coisa por você, Cecília — ele sussurrou, ainda em meus braços.

— O senhor vai para nossa festa, não é? — Fernando perguntou enquanto eu hesitantemente me desvencilhava de Isaque.

— Desculpe, Fernando. Eu não vou poder.

— Mas, padre! — Solange se aproximou. — Fique só uma horinha! Só para abençoar nossa festa, por favor!

— Não faça essa desfeita conosco! — Marta também insistiu.

Isaque não teve saída. Ele sorriu e concordou.

Admito que fiquei feliz por tê-lo na minha festa de casamento. Podia ser minha última chance de vê-lo... De novo. De última em última chance, até que eu estava conseguindo adiar o inevitável.

Troquei de roupa para um vestido branco mais simples e de saia mais curta. Eu e Fernando ficamos uma hora recebendo os convidados. Yasmin e a namorada apareceram. Todos do meu trabalho apareceram, claro, eles era funcionários de Fernando e Otávio. Isaque também apareceu. Eu vi na lista de convidados que Marta e Solange o colocaram na mesa da família. Coitado, teria que aguentar as duas por um bom tempo. Eu só esperava que ele não fosse embora antes de eu poder vê-lo de novo.

Quando finalmente fomos liberados de receber os convidados... Tivemos que passar de mesa em mesa para falar com todo mundo e agradecer a todos pela presença e tirar fotos... Um inferno! Fernando só não pulou a mesa de Yasmin porque ela estava na mesa dos advogados da empresa e ele não podia ignorar todo mundo.

— Parabéns, amiga! — ela disse e me abraçou. — Quando tiver um tempo, me encontra nos fundos pra gente fumar um baseado, beleza? — sussurrou.

— Eu te amo! — confessei. Era tudo que eu precisava para relaxar.

E enfim chegamos na mesa da família. Fotos e abraços depois, nós finalmente sentamos. Isaque estava separado de mim por três cadeiras. Fernando e os pais. Do meu outro lado estavam meus pais e minhas irmãs, mas é claro que as meninas não iam ficar quietas na mesa, preferiram dançar. 

Fernando agradecia a mãe e a Marta pela festa maravilhosa. Otávio e meu pai conversavam sobre trabalho. Já havia duas conversas cruzadas na mesa, difícil de ouvir com a música alta. 

— Padre, o senhor pode me tirar uma dúvida? — falei baixo.

— O quê? — ele se inclinou para frente.

— É sobre aquela passagem do coríntios — não aumentei minha voz.

— Como? 

— Coríntios — o mesmo volume.

— Desculpe, eu não tô ouvindo!

— Vem pra cá! — gesticulei com a mão para ele se sentar do meu lado, na cadeira vazia onde antes se encontrava uma das minhas irmãs.

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