Como eu ainda estava mancando um pouco, Isaque me segurou pela cintura enquanto eu me apoiava em seus ombros. Eu senti seu cheiro gostoso amadeirado com a nossa proximidade. Ele era tão gentil, e cheiroso, e seu perfil era tão lindo, e seus olhos tão verdes, e seus lábios tão grossos, e sua mão era tão grande e me segurava tão firmemente... Eu estava suspirando? Controle-se, Cecília!
— O que aconteceu?! — Fernando perguntou, chamando a atenção dos outros membros da família quando nos aproximamos.
— Eu usei o nome de Deus em vão e o padre Isaque me deu uma rasteira, acredita?!
— Cecília! — Marta me censurou, sabendo que era uma brincadeira. Ela já estava sem saco porque Valentina e Nina não paravam de pular de correr em volta dela, uma tentando pegar a outra.
— Não acredito que a noiva do meu filho vai casar de gesso! — Solange disse, como nós, ignorando as duas pentelhas.
— Caramba, Cecília! Custava ser mais cuidadosa! — meu querido noivo falou.
— Cecília está bem, não precisam se preocupar — Isaque olhou para mim com o cenho franzido, bem diferente do seu sorriso durante o caminho. Ele soltou minha mão e se agachou, ficando na altura das duas crianças, e abriu um largo sorriso. — Vocês duas se comportaram muito bem hoje! Estão de parabéns!
Eu manquei até Fernando que tentava disfarçar a irritação comigo diante do padre. As duas meninas haviam parado de correr.
— Foi? — Nina, a mais nova, perguntou.
— Mas eu me comportei melhor que Nina, não foi? — Valentina, a mais velha, tomou a frente.
— Foi não!
— As duas foram ótimas! — Isaque disse, impedindo o começo de uma briga. — Continuem assim. — Ele se levantou e olhou para mim. — E se você precisar conversar sobre qualquer coisa, eu estou sempre aqui. Se cuida.
Fiquei seguindo Isaque com os olhos até ele entrar na igreja. Marta e Solange falavam algo sobre como eu tinha que ter cuidado agora que estávamos perto do casamento, mas eu não prestei muita atenção, estava concentrada demais no homem gentil de batina. Logo antes de entrar, ele olhou para trás, para mim. Desviei meu olhar rápido. Sei lá por quê. Fiquei com vergonha eu acho. De quê, eu também não sei. Balancei minha cabeça para ver se conseguia voltar ao presente.
— Podemos ir? Marquei de ir pra casa de Yasmin hoje — pedi, interrompendo a conversa.
Nós nos despedimos dos nossos pais. que estavam todos de cara fechada pro meu lado. Fernando me ajudou até o carro, mas também estava de cara fechada e só falou quando já estava dirigindo.
— Sobre o que você e padre Isaque conversaram?
— Nada demais.
— Vocês devem ter falado alguma coisa — sua voz aumentou de volume.
— Ele ficou falando sobre a importância do matrimônio e como eu tinha que levar mais a sério e aí eu torci o pé — resumi.
Falar que o padre me chamou para reclamar de mim ao invés da nossa família era mais crível, já que era o que Nando pensava sobre mim.
— Só isso? — Ele estava dirigindo, mas tirou um segundo para olhar de lado, desconfiado.
Eu não esperava que ele ficasse desconfiado. Será que era ciúme?
— Você esperava mais o quê?
— Se ele conseguiu te fazer levar tudo isso mais a sério, eu não espero mais nada.
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Hot Priest
Romance"Joguei o baseado no chão e apaguei com o pé antes que ele percebesse que não era um cigarro. - Bença, padre! - falei brincando quando ele se aproximou. - Deus te... - ele franziu o cenho. Chegou mais perto de mim e me farejou como um cachorro. - Ma...