Capítulo XII

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Isaque se acordava seis da manhã e uma vez que acordou fez questão de não tocar mais em mim. Ele levou a sério isso de ser só um dia. Tudo que consegui arrancar dele foi um selinho lento antes de sair.

— Espera. — Ele segurou minha mão antes que eu saísse. — Fale com Fernando. Seja honesta e lembre-se que você merece casar com alguém que ame.

— O homem que eu amo já está casado com Deus — falei extremamente dramática, fazendo-o rir.

Ele acariciou meu rosto e me olhou do jeito que só ele me olhava. Eu falei brincando, mas era verdade, eu o amava. E ele me amava também. Ninguém olha para uma pessoa que não ama daquele jeito. Eu sei porque eu o olhava do mesmo jeito e eu nunca olhei para ninguém como eu o estava olhando agora.

— Você vai amar de novo — ele disse, desmanchando um pouco seu sorriso.

Assenti. Talvez fosse verdade. Eu nunca senti nada parecido com o que eu sentia por Isaque. Quem sabe eu não poderia sentir isso de novo ou achar alguém que fosse um meio termo entre ele e Fernando. Eu só me perguntava se seria o suficiente uma vez que eu já havia conhecido essa intensidade que só Isaque me passava.

Bom, se eu nunca mais teria nada como eu tive com ele, eu poderia ao menos me despedir desse sentimento, não? Fiquei nas pontas dos pés e o beijei de novo. Deus! Era só um beijo, mas só isso já acendia meu corpo de um jeito absurdo. Se ele tirasse minha roupa ali mesmo, eu não me importaria nem um pouco. Mas ele se afastou.

— Me desculpe por tudo — ele sussurrou, sabendo bem o que havia me causado.

Roubei mais um selinho dele e saí. Nem morta que eu iria verbalmente perdoá-lo por ter feito eu me apaixonar desse jeito e depois escolher a igreja. Ou eu ficava com raiva dele ou ficava com raiva de Deus. Como ficar com raiva de um ser que não se pode ver nem bater não tem a menor graça, preferi ficar com raiva do seu representante na terra.

Pensei em voltar pra casa, mas não estava pronta pra conversar com Nando ainda. Contudo, as roupas que eu estava não eram as melhores para ir ao trabalho. Minha solução foi ir até a casa de Yasmin, é claro. Às seis e pouca da manhã. Ela ia me matar.

— Eu vou te matar! — gritou e me abraçou. Mas logo me soltou e cruzou os braços para brigar comigo. — Seu noivo ligou pra mim ontem de noite umas vinte vezes perguntando onde você tava e a gente ficou tentando te ligar a madrugada inteira!

— Ela chegou?! — Bruna, a namorada de Yasmin, apareceu. — Onde você tava, mulher?! O que foi que aconteceu?!

Bruna me deu um abraço apertado. Ela não era tão próxima de mim, mas, como artista que era, Bruna era sentimental demais. Deve ter ficado angustiada a noite inteira.

— Nada, eu só passei a noite fora. Precisava de um tempo pra pensar — menti. Eu não queria falar sobre isso com elas. Ao menos não com Bruna. Ela era ciumenta e não ia ficar do meu lado de jeito nenhum.

— Fora onde? No meio da rua? — Yasmin perguntou, braços ainda cruzados

— Você já ligou pro seu noivo? Ele deve tá morto de preocupação! — Bruna disse, finalmente me soltando do abraço. 

— Eu falo com ele daqui a pouco — eu disse. — Eu só preciso de um banho e roupas limpas.

Yasmin estreitou os olhos. Eu não ia escapar dela tão fácil.

— Claro, mas depois a gente vai conversar. E eu vou mandar mensagem pro teu boy dizendo que tu tá aqui.

— Manda não! Ele vai querer vir aqui.

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