Capítulo 10 - Agressive

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Mal consegui dormir esta noite. Dormi umas quatro horas, no máximo. De manhã, levantei-me mais cedo do que o habitual. O meu estômago estava a incomodar-me outra vez. Eu banqueteei-me com cereais e pão. Mas isso não ajudou. Não demorou muito até eu perceber que o desconforto que eu sentia não era por causa do estômago vazio.

Saí para o átrio da frente e comecei a processar os acontecimentos da noite passada. A memória fez a minha boca ficar seca.

Embora a minha mãe sempre chamasse a isto “pateta e desnecessário”, eu sempre me questionei como seria ter um rapaz a beijar-te. E não foi nada como eu esperava. Obviamente, porque não foi com a pessoa certa. É suposto gostares dessa pessoa. Em que é que eu estava a pensar?

Aquilo nem foi um beijo a sério. De facto, devia ser considerado perseguição. E foi alho que passou pela cabeça do Harry num segundo. Ele estava intoxicado e obviamente, não significou nada para ele. E por essa razão eu devia sentir-me violada, não devia?

Mas eu não estava chateada com isso. Não me sentia violada. Ainda estava a meio do processamento e não sabia o que sentir.

Bum rush the speaker that booms, I’m killin’ your brain like a poisonous mushroom.” A minha cabeça virou para de onde a voz indistinta vinha. Eu iluminei-me quando vi um rapaz com uma mala a parar em frente ao portão da frente. Era o carteiro.

Tirei a minha carta para fora. “Espera!” Eu chamei enquanto corria para o portão. Ele provavelmente não me ouvia, enquanto balançava a sua cabeça e balbuciava versos de uma música, não reparando em mim.

“Desculpa.” Eu arfei enquanto agarrava nas grades do portão. O rapaz com óculos tirou os seus headphones das suas orelhas antes de empurrar o centro do aro dos seus óculos.

“Olá.” Ele sorriu nervosamente, pressionando o seu cabelo lustroso para trás.

“Olá, eu preciso que envies esta carta para esta morada.” Eu apontei para a morada no pequeno e amarrotado envelope.

“Oh, claro. É isso que nós fazemos. Podias ter posto na caixa do correio.” Ele riu.

“Não posso. É complicado. Mas podes, por favor?”

“Claro.” Ele sorriu. “Até posso entregá-la pessoalmente.”

O olhar do rapaz repentinamente deixou o meu enquanto olhava para cima do meu ombro. As suas feições eram interrogativas e eu segui o seu olhar fixo para encontrar o Harry no átrio da frente, os seus braços cruzados no seu peito. Eu suspirei, evidenciando a minha angústia. Porque é que ele continua a aparecer sem aviso?

Eu rapidamente virei-me para o rapaz e disse-lhe silenciosamente “Vai.”

“Isso é uma carta?” Ele apontou para o envelope na mão do rapaz enquanto se aproximava. “Posso ver isso?”

O novo carteiro olhou para mim preocupado, os seus olhos arregalados a moverem-se nervosamente. “Gostava de ver essa carta.” O Harry ordenou.

“C-Claro.” Ele respondeu enquanto entregava a carta ao Harry, claramente intimidado por ele.

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“Sinto a tua falta, tenho saudades vossas. Mal posso esperar para sair desta casa e…” O Harry fez uma pausa, o seu sorriso irónico tao grande como nunca enquanto ele virava a página. “E Quê, cair nos seus braços musculados?” Ele gozou em voz alta antes de voltar a olhar para a carta.

“Harry, acho que já chega.” Sra. Briffen interveio, a sua face estava rosa de cansaço da sua viagem.

“Para!” Nervosas, as minhas mãos pairaram sobre os papeis que o Harry segurava mas os seus braços elevaram-se para uma altura que era impossível eu alcançar.

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