prologue

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Icarus

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Icarus. É um belo nome. Um nome imensamente atraente, do qual me faz idealizar uma imagem angelical e até mesmo proibida. Mas ao olhar para o quadro diante de mim, sinto que nenhuma expectativa foi atendida e a perspectiva construída não se encaixa.

De acordo com a lenda grega, Icarus não foi um anjo, mas foi o primeiro homem a possuir um par de asas e voar para longe. Mas fora ganancioso e egocêntrico ao ponto de se sentir superior aos demais deuses da crença grega, sendo assim, voou em direção ao sol. Suas asas eram feitas de plumas e cera de abelha, e o calor se intensificou conforme ele se aproximava do sol, o que consequentemente fez com que suas asas derretessem e ele fosse atirado em direção do mar Egeu.

— Então ele morreu? – os olhos arredondados me encaram com certa curiosidade.

Sentada sob o banco de madeira do museu, a garotinha de cabelos curtos me rodeia com perguntas, o que não me deu muito tempo para fugir.

— Sim. – dou de ombros. — Ele não foi obediente.

— Quem ele desobedeceu?

— Seu pai. – abro um sorriso ao me dar conta de que ela está realmente prestando atenção em tudo o que eu digo. — Aliás, sua mãe não tinha dito que você não poderia conversar com estranhos?

Ela arregala os olhos e olha para os dois lados, como se estivesse avaliando o perímetro antes de cometer um crime. Se remexendo com rapidez, a mesma se aproxima e eu continuo sorrindo e olhando para o quadro que ocupa quase a extensão inteira da parede branca.

— Como você sabe disso? – ela cochicha.

— Quer conhecer Icarus?

— MAMÃE!

A garota sai as pressas, indo em direção a mulher de vestido azul que está conversando com um casal de compradores.

Eu sei, pode parecer cruel. Mas eu já estou morrendo.

Com certa frequência— ou quase sempre — eu questiono muito sobre a vida. As incertezas sobre caminhos do qual eu sigo me afligem, e o futuro imaginário com o caminho oposto me torturam ao pensar que eu posso ter feito a escolha errada. Eu me sinto impotente, incompetente e patética.

A vida adulta me fez querer construir o meu próprio poço, do qual eu fiz questão de descer até o final e escapar dos meus problemas. Todas as noites eu o abasteço, as vezes durante a luz do dia, quando arrumo um tempo para chorar dentro do banheiro do trabalho. Vez ou outra, prefiro o silêncio ecoante dentro dele, mas também gosto de preenchê-lo com gritos frustrados; eu sou uma mulher frustrada.

Icarus | JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora