Muitos têm medo da morte. Mas a morte é egocêntrica e detesta sair durante a luz do dia.
Vivendo entre humanos durante séculos, o anjo responsável pela morte deseja o fim do mundo e de todo o sistema solar após ser aprisionado na Terra como punição...
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Day 01
— Vai se demitir? Pensei que esse fosse o emprego dos seus sonhos, ou melhor, o lugar dos seus sonhos.
Kim Hari me olha de pé, encontrada na imensa janela de vidro se seu escritório enquanto nega com a cabeça em sinal de desaprovação. Ela é única que sabe da minha condição, e eu esperava compreensão de sua parte.
Não somos amigas, mas como chefe, tive muito suporte de sua parte durante esse tempo do qual estive na Coréia.
— Eu fiquei sabendo que... – a morte vai me levar antes do prazo. — O médico disse que não tenho tanto tempo. Houve um equívoco.
— Mas eu pensei que você fosse fazer a quimioterapia e que iria ficar por mais alguns meses. – a mais velha se senta ao meu lado no sofá, segurando em minhas mãos e olhando em meus olhos. — Eu preciso de você.
Solto minhas mãos de seu toque e sorrio sem graça ao negar com a cabeça algumas vezes. Acabo me levantando, cansada de toda essa situação.
— Não precisa. Sou substituível. – Hari abre a boca para responder mas parece não ter palavras. — Não querem ver um corpo cair sem vida pelos corredores de uma hora para a outra. – me inclino e pego minha bolsa, já decidida a ir embora. — Sobre a exposição de ontem, enviarei um e-mail com a matéria para que seja postada. Obrigada por tudo.
Faço uma breve referência e dou as costas, caminhando em direção a porta do escritório. Saio calmamente e caminho pelo corredor extenso do escritório do noticiário, atraindo alguns olhares enquanto vou em direção a saída. Foco somente no som dos saltos da bota enquanto ando, procurando pelos óculos escuros em minha boca e esboçando um sorriso sarcástico.
Eu confesso, não fui e ainda não sou uma pessoa muito agradável. Também não sou fácil de lidar, e ter vindo com uma carta de recomendação me fez ter uma posição estável e quase que independente. Nunca fui cruel ao ponto de menosprezar alguém, ou desmerecer o trabalho de algum essa colega, mas também nunca fui simpática ao ponto de me enturmar ou criar laços. Nunca fui almoçar com colegas, ou fui a um bar depois do expediente por não ter dado abertura o suficiente.
"Está arrependida?"
Aperto o botão do elevador e giro o pescoço, sentindo tontura ao fechar os olhos.
— Não estou.
"Está sim."
— Já falei que não estou!
Viro para trás bruscamente e vejo que não tem ninguém por perto, apenas alguns olhares curiosos e risadas que me deixam desconcertada o suficiente para que eu sorria com constrangimento, na tentativa de dispersar a atenção.