⇢ Capítulo Treze

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Michael tinha mudado as coisas e não tinha me avisado. Então, quando eles vieram me dizer que ele estava com hemorragia interna e que iriam operá-lo, eles realmente queriam a minha permissão. Eles haviam feito algo – MRI, CTI, letras que eu não entendia muito bem, mas que significavam algo, e ainda assim não conseguiriam realmente saber quanto dano havia sido feito até que o abrissem. Eles queriam a minha permissão para o abrirem. Eu queria que outra pessoa decidisse decidir o que fazer, mas só havia eu. Eu tinha que preencher formulários e assinar sobre a linha sob a qual estava escrita a palavra, consentimento. Eu tinha conversado com seus pais, seu capitão e sua parceira, e foi demais para mim até que Ashton apareceu. Ele tinha o dom de lidar com a loucura, então ele se sentou comigo e tornou tudo mais calmo por algum tempo.

Karen Clifford se sentou ao meu lado, Calum do outro, enquanto Ashton andava junto com o pai de Michael e Mikel. Logo a sala de espera estava cheia e ainda não havia nenhuma notícia. Tivemos que esperar para ver e aquilo foi lentamente me deixando louco. Ashton voltou para o meu apartamento com uma escolta policial e me trouxe sapatos, meias e meu casaco mais pesado. Ele conseguiu voltar antes que eu congelasse até a morte, ainda usando a regata e o jeans nos quais Michael tinha me surpreendido. As meias e minhas botas eram extremamente necessárias; difícil andar descalço em um hospital, uma vez que eles mantinham a mesma temperatura de um frigorífico.

Eu me sentei lá por nove horas olhando para as telhas do teto, mais três horas olhando as pessoas pegarem café da máquina, lembrando que Michael e eu tínhamos estado ali há menos de um mês, quando Mica nasceu. Eu deixei Karen me dizer que tudo ficaria bem, deixei Calum colocar o braço em volta dos meus ombros e me abraçar apertado. O capitão de Michael veio e apertou minha mão; Isabelle colocou as mãos em meu rosto e me prometeu que Michael era durão demais para morrer. Ashton apenas olhou para mim, sem dizer nada, porque ele não sabia de nada ainda e, sendo o realista, era incapaz de me dar falsas esperanças. De alguma forma, foi o mais reconfortante, porque não era o momento de estar triste ainda, ou de se preocupar. Nós não tínhamos ideia do que estava acontecendo, o tempo para o pânico viria mais tarde, se viesse. Não havia razão para me adiantar.

Enxames de policiais iam e vinham, havia repórteres que falavam com o capitão fora do hospital sobre o incidente, e os caras do FBI permaneciam na ponta do circo. Um dos repórteres subiu com um cinegrafista e tentou falar com a família de Michael e comigo, mas foi arrastado por policiais uniformizados antes que pudesse chegar muito perto. Aparentemente, o capitão não se importava de responder perguntas sobre o histórico de Michael, seu tempo na força, ou seus ferimentos, mas seu relacionamento comigo não era de conhecimento público. E mesmo que Calum disse que não deveria importar, eu agradeci o capitão de qualquer maneira. Ashton me disse mais tarde que havia outro agente do FBI vindo, mas eu não ouvi o nome dele ou quando ele iria aparecer. A única coisa que eu podia fazer era esperar notícias sobre Michael. Minha mente não conseguia se concentrar em mais nada. Olhei pela janela e tentei imaginar minha vida sem Michael Clifford. Não consegui, e considerei isso um bom sinal.

Quase todo mundo estava dormindo quando o cirurgião finalmente apareceu, bem cedo na manhã seguinte. Eu estava de pé e fora da minha cadeira tão rápido que desloquei Karen e Calum, que dormiam ao meu lado. Cheguei até ele e fiquei ali, segurando a minha respiração, enquanto os outros se aglomeravam ao nosso redor. Esperei para que minha vida começasse ou terminasse. Dr. Kohara não olhou para ninguém além de mim.

— Ele perdeu muito sangue, Sr. Irwin, —  ele suspirou profundamente, parecendo absolutamente cansado. — Mas estamos confiantes de que ele vai se recuperar completamente. Ele tem um coração muito forte, está em boas condições físicas, é um lutador.

Eu balancei a cabeça, muito emocionado para falar.

— Nós tivemos que retirar seu baço e eu sei que isso soa assustador, mas não é, na verdade. Desculpe por termos feito esperar tanto tempo sem notícias sobre ele, mas mesmo que fosse crítico no início, ele realmente está muito melhor do que se poderia esperar.

⛓️ 𝐅𝐈𝐑𝐄𝐏𝐑𝐎𝐎𝐅 ─ 𖥻mukeOnde histórias criam vida. Descubra agora