Não entendo muito bem o porquê de começar um capítulo assim, mas deixei-me dormir a pensar no assunto e achei interessante falar sobre isto, tornando-o num jogo - deixem-me continuar na ilusão que isto foi de facto uma boa ideia -. Para ser realista, nunca fui muito bom com jogos, tenho quase sempre a tendência para perder, temo não ter espírito competitivo. Aviso já que é importante manter as expectativas baixas, isto não vai ser como os saldos do Pingo Doce: apanham de tudo, menos aquilo que querem e precisam.
O jogo do Eu Nunca é um jogo muito jogado pelo mundo, pelo menos quando existe bebida à mistura. Há quem jogue com bebida, há quem jogue com placas "Eu já" e "Eu nunca" e há quem jogue com os dedos - não sejam marotos(as), este não é o capítulo indicado para esses pensamentos -. Vamos jogar com os dedos. Começamos por norma com dez pontos e à medida que nos identificarmos, digo, que na realidade já fizemos tal coisa - eu sei, isto está a ser chato, prometo que me vou despachar - vamos baixando os dedos, até não termos nenhum levantado - sim, eu sei, mais uma vez, não sejam marotos(as) -.
Ora então... quem nunca implicou com alguém só porque sim?
Vou ter baixar um dedo aqui. Tinha muito esta mania com os meus irmãos, quando ainda éramos gaiatos parvos - nunca deixámos de ser parvos -. Eram coisas tão ridículas como Para de respirar o mesmo ar que eu ou estás a ocupar o meu lado da mesa!. Parece não ter grande importância, confesso, mas até éramos bastante felizes assim e não sabíamos. Ainda hoje somos assim, especialmente o meu irmão mais velho.
Próximo... Quem nunca desenhou um plano perfeito (mas que nunca aconteceu) para se vingar de alguém?
Mais uma vez, terei que baixar um dedo, mas também não serei o único. Estamos empatados, acho eu. Faz algum tempo que não penso nisso, mas já planeei coisas que ninguém merece que lhes aconteça. Tirando a parte em que podemos ser completos psicopatas, já me aconteceu ter uma sede tão grande de vingança, que não iria descansar enquanto não me conseguisse vingar e isto sendo bastante literal, eu de facto não descansava. Dá uma certa adrenalina pensarmos e imaginarmos coisas que não se faz a ninguém, mas lembrem-se, é sempre bom dedicarem-se a algo, mas não há vingança, causa demasiadas rugas, não compensa.
Vamos elevar um pouco a escala. Quem nunca pisou caca?
Aqui todos baixamos um dedo! É impossível que nunca tenham pisado uma valente caca de cão ou de gato ou seja lá do que for! Tenho, inclusive, muita pena daquelas pessoas que levam com caca de pássaro encima. Há muitas pessoas que dizem É sinal de sorte, vais ganhar muito dinheiro!. Para não ter que mandar essas pessoas para um certo sitio, que também envolve caca, vou apenas dizer que pisar caca ou levar com caca encima é todo menos sorte. Neste caso, existem três fatores que fazem esta uma experiência não muito agradável. Primeira: a temperatura. É esquisito, todos sabemos disto. Aquilo tão depressa está quente como esfria e endurece, levando-me à segunda razão: a consistência. Por vezes não fazemos a mínima ideia do que seja aquilo, parece humano até - ás vezes é, não sejam ingénuos(as) em pensar que não é -, mas a consistência... Aquilo assume qualquer tipo de forma, quase como uma escultura ou um quadro feitos por total acidente. Terceira razão: o cheiro. O cheiro já avisa de antemão não te venhas aqui meter, vai dar caca - eu avisei que era bom terem baixas expectativas - e mesmo assim nós vamos lá pisar, como se aquele cheiro tivesse super poderes, hipnotizando-nos numa amnésia repentina, levando-nos a pisar aquilo - sei que é uma experiência traumática, conheço bons psicólogos, eles sabem que a culpa não é vossa -. Enfim, aqui estamos nós, nesta quase reunião de pisadores de caca anónimos, a falar sobre caca. Sinto que a uma altura destas já me deixaram a jogar sozinho.
Vamos continuar? Vamos - uau, tanta vontade investida nisto -. Quem nunca partiu algo e tentou esconder?
Eu aqui felizmente não baixo um dedo, isto porque tudo aquilo que parti até aos dias de hoje nunca tentei esconder, fui sempre apanhado. Contudo, aqui vale tudo. Conheço umas tantas pessoas que já partiram braços e pernas e tentaram esconder dos pais. Como é óbvio, isto foi toda uma premissa para correr mal, porque entre as dores e o segredo, acho que se torna impossível algo assim ser bem sucedido. Eu tinha muito a mania de partir as cabeças às barbies, não só porque foi tardio brincar com bonecos, mas porque pensava que podia mudar a cabeça de boneca(o) para boneca(o) - não me orgulho desta veia psicopata, acreditem -. Só não saiam por aí a partir vasos da Dinastia Ming, são extremamente caros.
Está dois igual ou três dois? Já me perdi!
Ora... quem nunca fez aquele stalk pesado ao(à) crush?
Para começo de conversa, eu aqui tenho que baixar o dedo, neste caso, foram vários - aqui bate a minha orientação sexual, ao qual não escondo, mas isso é conversa para outro capítulo -, mais do que aqueles que posso contar e assim perco este tão motivado jogo - sei que há felicidade no ar por isto finalmente ter acabado, podem voltar a respirar -. Mas bem, ao menos podemos falar um pouco sobre isto. Todos nós somos potenciais stalkers - lamento informar-vos - e as redes sociais apenas facilitam. Sejamos sinceros, quanto menos informação tivermos, melhor será o stalk, isto porque dá uma adrenalina diferente - mais uma vez, eu arrependo-me muito desta veia psicopata -. Não serão perfis de Instagram privados que nos vão impedir de ver aquele diamante bruto - vale para os dois sexos, nada de sexismo aqui - e colocar uns tantos likes nas fotos, quase que nos sentimos como se fossemos do FBI, todos impulsionados e tal. É sempre bom, contudo, termos cuidado e sabermos proteger-nos. Este é o mundo demasiado fundo e não conhecemos.
Espero ter atingido as expectativas baixas a que me fui propor no inicio do capítulo e que ao menos isto tenha ajudado a algo ou alguém. E não, por favor, Isto não é um livro de autoajuda!
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Isto Não É Um Livro de Autoajuda
Kurgu OlmayanNão, isto não é um livro de autoajuda! Tendo vivido 24 anos, repletos de emoções e mistérios, tenho uma certa necessidade de falar sobre estas pequenas coisas, de tudo isto, talvez porque tenha crescido e amadurecido, querendo transmitir estas expe...