- O que tudo isso significa? - perguntei ainda muito confuso.
- Eu...ainda tinha muito o que te contar, mas talvez sua reação não seria das melhores assim tão de repente. Por isso fugi ontem - disse Shadow, agora sério e com a cabeça baixa. Ele ficou de costas para mim e olhou para o céu - Existia alguém que eu amava muito.
- O que aconteceu? - me parei ao seu lado.
- Podemos ir ao mesmo lugar de antes? Me senti bem lá - ele desviou o olhar para o meio das árvores.
- Claro! - sorri e corremos.
Shadow sentou-se na grama. Ele parecia tenso, com ambas mãos juntas. Fui novamente para o seu lado e segurei uma delas, sorri torto, porém sincero.
- Não irei te forçar a nada, você não precisa dizer se não quiser.
- O que? Não, eu prometi para ela que contaria tudo a você.
- Hã? - ele segurou minha mão de volta e senti meu coração palpitar mais forte.
- O nome dela era Maria. Ela era tudo para mim...
Muitos anos antes...
Uma cápsula de vidro rodeava-me. Estava frio ali dentro, molhado. A primeira coisa que vi, foi um idoso com um comprido bigode branco, usando óculos redondos. Ele fitava sério os folhetos sobre a mesa logo a frente. Quando percebeu eu ter acordado, sua felicidade era evidente. Apertando um botão, o vidro abriu-se e fui liberto dos canos ligados ao meu corpo também. Sentia-me confuso, sem saber o que estava acontecendo, nem qual era meu propósito ou o que eu era.
- Você consegue me ouvir? - o velhote perguntou e balancei a cabeça positivamente - Incrível! Consegue me entender também!
- Sim?
- Woah! Esplêndido! - bateu palminhas - Prazer, eu me chamo Gerald Robotnik, sou seu criador - ele estendeu uma mão e eu apertei-a em cumprimento.
- Você...me fez?
- Exatamente! - o mais velho agarrou um pequeno espelho e pude ver meu reflexo com nitidez.
- Licença...terminei de preparar o café - ouviu-se uma voz fina - Oh! Shadow! - a garota de vestido azul veio saltitante - O senhor conseguiu!
- Sim, e seu nome será Terios - falou Gerald, confiante.
- Acho Shadow mais legal - disse a garota.
- É minha criação, eu dou o nome que quiser a ele.
- Melhor deixarmos ele decidir qual nome acha melhor - sugeriu a menina, encarando-me radiante.
- E então? - pressionou o idoso.
- Uh...Sha-Shadow? - gaguejei incerto.
- Yay! - festejou a garota - Vem, Shadow! Vou te mostrar o meu quarto! Você vai gostar daqui, tenho certeza!
- Maria! Espere! Preciso ter certeza que ele está... - não pude ouvir o resto, porque a menina de suposto nome Maria pegara-me pelo pulso e correra através de longos corredores, todos feitos de metal resistente.
Por fim, adentramos uma ampla sala, onde o destaque dava-se para o vidro. Do outro lado dele, muitas luzes cintilavam e pequeninas rochas passavam flutuando.
- Se encontrar alguém cujo espírito brilhe tanto quanto elas, saberá na hora quem te merece - foi a primeira coisa que ela dissera-me tão diretamente.
Voltando um pouco ao presente...
- Isso é muito bonito. E você se encontrou com esse alguém? - perguntei levemente corado.
- Contarei quando chegar lá, então continuando... - prosseguiu Shadow, nervoso, sem me olhar.
- Isso tudo que vemos aqui é apenas um pedacinho do que existe - Maria explicou - Percebe? Sua casa será nesta espaçonave comigo e meu bisavô Gerald, podemos ser bons amigos! - sorriu - Que tal?
- S-sim.
- Que legal! - riu, dando-me um abraço, do qual surpreso retribuí.
Todos os dias, todas as horas que se passavam com ela tornavam-se cada vez mais divertidas. Brincávamos e conversávamos sempre, pregando peças em Gerald, inventando piadas, aprendendo lições, lendo muito, até a hora de dormir. Não existia solidão.
Teve a vez em que Maria sentou pensativa enquanto observava o planeta que a nave constantemente rodeava. Nunca tinha parado para pensar ou perguntar sobre ele, mas ela respondeu por si só.
- Antes daqui, era lá que eu morava - comentou ela.
- É um bom lugar? - sentei ao seu lado.
- Com certeza, mas temo nunca mais poder voltar - percebi uma lágrima escorrer por seu belo rosto. Enxuguei-a com meu polegar, fazendo-a esboçar um pequeno sorriso - Shadow, prometa que quando tiver a chance, viva lá por mim e não importa o que aconteça, seja feliz.
- Eu...prometo - nos abraçamos outra vez, e aquilo me deixou pensativo por um bom tempo.
Decidi entrar nesse assunto com meu criador, pois Maria parecia abalada demais e temia machucá-la com lembranças ruins. Gerald revelou-me então o real propósito por trás de ter-me criado: Maria sofria de uma rara doença em que a incapacitava de respirar no planeta Terra, e eu serviria como sua cura.
Estava confiante de que não decepcionaria ninguém, se esse era meu propósito, cumpriria com êxito e sem erros cometidos. Dias acabam, outros começam; havia se passado um bom tempo, havíamos crescido juntos desde pequenos, agora Maria já estava quase por alcançar a fase adulta e foi quando o pior ocorreu.
Tudo aconteceu muito rápido. Muitas pessoas armadas prenderam o senhor Gerald, e no desespero, Maria correu comigo até a sala dele, fechando todas as portas. Ouvia-se baques fortes por todos os lados.
- O que faremos?! Maria?!
- Eu temia que este dia chegasse. Mas não se preocupe, Shadow, tenho uma ideia - ela guiou-me até a cápsula. Eu entrei nela e Maria pressionou o botão para esta mesma ser fechada.
- Mas e você?! - pus ambas mãos abertas contra o vidro. Ela sorriu em meio suas lágrimas.
- Esse é meu destino, Shadow. Descubra o seu daqui em diante - muitos guardas conseguiram quebrar as barreiras e começaram a entrar na sala - Eu te amo, Shadow.
- Foram suas últimas palavras até uma bala atravessar o seu peito. Vi a morte de perto, e justo de quem mais amei toda minha vida que passei naquele lugar. Eu estava em pânico e comecei a bater no vidro com desespero e não conseguia parar de chorar, mas já era tarde demais. A cápsula foi lançada com destino até aqui e soube, nesse instante, que precisava fazer alguma coisa. Por isso busquei vingança, eles destruíram tudo que eu tinha e mais almejava! Tudo...se eu ao menos pudesse vê-la só uma vez mais...
Não me contive e abracei Shadow, senti que o mais correto a se fazer fosse chorar junto dele, por ele.
- Eu sinto muito, só mais um pouco, não quero te soltar - lacrimejei e senti seus braços rodearem minha cintura.
- Sonic, eu acho que é você. Você é de quem Maria estava falando, e agora que te encontrei, poderei ter uma segunda chance de recomeçar e não me vingar sozinho - ao ouvir tais palavras, a luz do meu olhar esmeralda estava tão forte que pôde ser refletida no dele.
- Se é isso que te fará feliz outra vez, eu quero tentar ajudar.
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─╦̵̵͇̿̿̿̿╤︻ 𝔸ssassinos do futuro ︻╦̵̵͇̿̿̿̿╤─
FanfictionInstintos violentos surgem em Sonic logo após ter conhecido Shadow. Sem conseguir controlá-los, vai em busca do ouriço negro novamente, mas nesse momento, um acordo uni-se entre os dois até o fim próximo de suas vidas. ◈ Nenhuma fanart utilizada me...