Capítulo 1 - O Monólogo

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Ato 1

Tommy estava deitado sobre a cama daquele hotel barato quando o homem com quem acabara de transar saiu do banheiro enrolado em uma tolha branca na altura da cintura. O relógio quadrado no criado-mudo já marcava duas e quinze da madrugada e o tempo parecia passar tão rápido quanto o cigarro em seus lábios queimava.

— Seu dinheiro está embaixo da camisa — disse o homem, apontando para uma camiseta preta jogada no carpete bege.

O garoto se inclinou e pegou o rolo de notas esverdeadas. Em movimentos ágeis com os dedos ele contou 700 dólares e encarou o homem com um sorriso.

— Você merece um pouco mais — disse ele, também sorrindo, enquanto vestia a cueca.

Phil era um de seus clientes fiéis. Casado, pai de dois adolescentes e podre de rico. No auge de seus 50 anos, era um homem atraente, alto e corpulento, com uma barba curtinha, cabelos grisalhos e pelos no peito. Normalmente, era o tipo de homem por quem Tommy sentiria tesão, mas o sexo com ele era quase sempre uma experiência frustrante. Nada que sete notas de cem dólares não resolvessem.

— Obrigado, Phil.

— Você pensou na minha proposta? — Ele subiu a calça social.

Tommy riu e se levantou da cama, com o cigarro em mãos. Ele caminhou até a janela, observou a rua vazia por entre as persianas e deu um longo trago. Em seguida se virou.

— Você sabe que é loucura — disse, soltando toda a fumaça pela boca.

Phil o fitou de cima a baixo, sentindo-se provocado, e o garoto conseguiu ver o volume do seu pau aumentar dentro da calça. Tommy não poderia culpá-lo, era um rapaz extremamente atraente. Seu corpo magro, mas com braços levemente musculosos, uma barriga chapada e coxas grossas, definitivamente chamava atenção. Seu pau tinha um tamanho médio, nada demais, e sua bunda era esteticamente perfeita, firme e redonda.

Ele era, definitivamente, alguém especial.

Em seu rosto angelical, de olhos azuis e cabelos loiros curtinhos, por vezes, havia uma feição instigante, misteriosa.

E ali estava ele, completamente nu, fumando um cigarro. Às vezes, para certos homens, era impossível não se apaixonar por um garoto provocante quanto ele. E Tommy amava se sentir desejado, não podia evitar.

Após vestir toda a roupa, Phil se aproximou e envolveu seus braços ao redor da cintura dele, dando-lhe um beijo no pescoço.

— Até o seu cheiro me deixa louco, sabia?

Tommy se afastou para colocar seu cigarro sobre o cinzeiro no criado-mudo e então começou a vestir sua roupa, um micro short de cetim azul-bebê e uma regata branca.

— É Chanel.

— Um dia você ainda me deixa de quatro por você, garoto.

— Eu sei que você prefere o contrário — disse Tommy ao se levantar, tocando o pau do homem por cima da calça.

Phil deu-lhe um beijo de despedida e apanhou a chave do quarto no criado-mudo.

— Onde você quer que eu te deixe?

— Só me leve de volta.

***

Quando desceu da Mercedes preta, Tommy deu a volta pela frente e parou ao lado dele, inclinando-se sobre a janela do carro.

— Te vejo semana que vem? — Perguntou o homem.

— Você sabe onde me achar — respondeu o garoto.

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