Como eu cheguei à isso?

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Oi,

Sou eu de novo,

Eu sei eu sei, estamos vivendo longos e dolorosos tempos.

Eu sei que parece que a dor que você sente nunca vai embora.

Que o sofrimento é a única constante da sua vida.

Que seus olhos dizem tanto, mas ninguém percebe.

Que seus sorrisos são sempre um pedido de socorro.

Eu sei também que você é uma pessoa intensa porque tem medo de não aproveitar ao máximo todos os detalhes da felicidade que raramente jaz em sua vida.

E que você pula de cabeça nessas intensidades, e eu sei que dói.

Eu sei que dói ter medo. 


Eu.. eu... eu nunca vou merecer o amor, eu não mereço que ele me olhe e pense que eu sou qualquer coisa diferente do que um ser humano que deve ser condenado à mera solitária existência. 


Todos merecemos um amor inesquecível e arrebatador em nossas vidas.

Você também, não se diminua.


Não, eu não quero o amor. Não, na verdade, eu quero muito. Mas eu tenho medo, porque o amor machuca demais. Amar alguém é estar o tempo todo vulnerável e na expectativa que a outra pessoa te ame com a mesma ou até maior intensidade. 

Amar é se entregar por inteiro e fazer história em outro livro. 

Eu quero o amor com todas as forças da minha alma, mas eu tenho medo do amor com a mesma intensidade.

Porque um dia vai chegar alguém e te tocar como ninguém jamais fez.

Vai colocar a mão em sua bochecha, vai acariciar-te com o dedão, e vai te olhar profundo nos olhos, dar um sorriso de canto, então daquela boca sairá as palavras mais doces que você já ouviu.

Mas a atitude que este tomará pode não ser as mesmas das palavras que saíram de sua boca há poucos instantes. 


Mas a sua história pode ser diferente! 

Não vai embora!


Me solta! 

Você não entende? Eu sou condenada a viver a mesma coisa que toda a minha família viveu!

E o que eu posso fazer quanto à isso?

Que exemplo eu tenho? Em que eu devo me inspirar?


Crie sua própria história


E se? 

Sou eu que escolho, e eu escolho viver sem amor. Me alimentar da aparência dos amores por aí já é suficiente. Por favor né! Olha pra mim! Olha bem, você vê aqui alguma coisa amável? 

Ela tem razão, sempre teve.


Não! Ela não tem! Você sabe disso!


Se até ela enxerga isso em mim, o que vai ser das outras pessoas? As pessoas não são boas Bê, as pessoas são cruéis mesmo inconscientemente. E essa é minha sina. Eu queria acreditar, queria mesmo, que amor existe, e talvez ele exista mesmo. Mas talvez ele não seja pra mim... nem pra nossa família, olha os exemplos que eu tenho. E quando eu vejo esses muros de orgulhos inquebráveis e pessoas indiferentes aos sentimentos de seus companheiros é como se eu previsse meu futuro. 

Como se eu me visse em cada atitude, em cada palavra. Eu fui criada por pessoas que deturparam o amor. O que eu tenho como base? Nada. 

O medo me consome Bê! 


Mas você não pode viver se machucando assim pelo resto da vida, você tem que acreditar! Você é tão nova ainda, porque você insiste tanto no amor? Porque você insiste tanto nele? 


É porque o amor salva Bê... e eu preciso ser salva, de mim mesma. 

Todas as pessoas que foram salvas não esperavam um salvador, elas esperavam a morte. 

E para pessoas condenadas pela morte é difícil entender que alguém olhou-nos e disse:

"Mesmo não sendo merecedora, eu quero te dar o meu amor e para isso eu morreria de solidão em seu lugar"

Você entende?


Eu acho que não...


É... eu também não. 

Por isso eu decidi acreditar apenas em meu subconsciente, para não morrer no processo da espera. 

Viver olhando para os outros ao invés de mim mesma. 

E deixa eu te contar Bê, eu sei que pelo menos uma única pessoa em todas as bilhões que existem, estaria completamente disposto à isso.

Pelo menos nisso, eu quero acreditar com todas as minhas forças.



Um soar fonético no LouvreOnde histórias criam vida. Descubra agora