Despejava-se

20 4 1
                                    

O seguravam com força
Amassavam sua estrutura
Deitavam-o sem consentimento
Sua alma era despejada em outras metades
Não se completavam
Mas se complementavam

Levem-no pra cá
Tragam-no para lá
Isso e aquilo

Pode mexer
Pode destruir
No fim serei como todos os outros depois de ser usado
Mais um substituto de suporte
Suportando seus condimentos
Seus requerimentos e desejos de mais alento
Paladar, tato, olfato não lhe faltam
Mas bons tratos para um humilde utensílio faz de mim o que tantos outros falam

"Coloca os restos nesse pote mesmo e depois joga fora, ele já tá velho."

Pois Diga-me então se poderei eu ficar velho de alma?
Se poderia eu de algum modo esvaziar-me sozinho, se de braços me abstenho?
Pois tu meu caro, és o único, e somente, culpado, de deixar-me vazio e cansado,
O que ocasionou minha velhice precoce,
Pois sou de plástico e continuarei sendo,
Melhor dizendo
Sou clássico.

Um soar fonético no LouvreOnde histórias criam vida. Descubra agora