Capítulo 203/210

1.5K 33 0
                                    

203º CAPÍTULO

Ele puxou uma carteira e sentou perto de mim. Aquilo era totalmente sem graça. Eu não sabia como agir e muito menos, o que falar. Ele puxou o assunto.
Guilherme: Não vai abrir teu caderno? – Ele estava me olhando, eu virei o rosto e olhei pra ele.
Manuela: Claro. Vou. – Peguei o caderno, abri e coloquei em cima da minha carteira.
A professora distribuiu a folha com os exercícios. Não achei nada complexo. Português não era difícil pra mim.
Guilherme: Isso é meio constrangedor, né!? – Eu olhei pra ele.
Manuela: Bastante.
Professora: Não conversem com outras duplas. Façam somente com a dupla de vocês. Vai valer nota e eu quero que façam com seriedade.
Guilherme: Isso é grego pra mim. Sou de exatas e fim.
Manuela: Vai precisar falar certinho pra ser um engenheiro.
Guilherme: Eu sei, mas po, essas conjugações são do caralho.
Manuela: Não são. Calma, vamos começar. Você vai ver que não é um bicho de sete cabeça.
Nós começamos e eu tentei fazê-lo entender. O mais básico, ele entendeu e conseguiu fazer sozinho boa parte. Nós juntamos o que tínhamos feito. Faltava pouco pra acabar. Fui pegar a folha que estava em cima da carteira dele e ele acabou colocando a mão antes. Fiquei com a mão em cima da mão dele. Cruzamos nossos olhares.
Manuela: Foi mal. – Eu tirei minha mão e ele continuo me olhando.
Guilherme: Isso é tão...
Manuela: Estranho? Constrangedor? Chato? Sim, é.
Guilherme: Não ia dizer isso.
Manuela: Não começa, Guilherme. Vamos terminar esse negócio.
Guilherme: Ta, mas a gente tem que conversar.
Manuela: Depois. Foca, Guilherme.
Terminamos o exercício e entregamos a professora. Ela nos dispensou e nós ficamos no portão do colégio esperando os outros. Guilherme e eu não falamos nada. Ele encostou na parede e eu também. Ficamos ali, quietos. Minha vontade era de beijá-lo, mas eu tinha que ser forte. Ele pisou na bola comigo e prejudicou a pessoa mais importante da minha vida, minha mãe.
Pra minha sorte, logo a Flávia apareceu e o clima ficou melhor.
Flávia: Aquele Samuel me da repulsa. Juro que ainda pego esse babaca na porrada.
Manuela: Já sabe que eu vou te ajudar nisso, né!?
Flávia: Tu sabe pra onde a Bruna foi ontem, Manu?
Manuela: Ela não me disse.
Flávia: O tosco do Samuel soltou que ela passou a tarde com ele.
Guilherme: Vou matar a Bruna.
Manuela: Nisso eu também ajudo.
Os outros chegaram, Flávia se despediu do Felipe e nós voltamos pra casa. Almoçamos e eu fui estudar.
No meio da tarde, eu fui assistir um pouco de televisão. Deitei no sofá e fiquei lá sozinha. Minha cabeça estava nas nuvens, eu quase não prestei atenção na televisão. Era impossível com tanta coisa pra pensar. Eu dormi. Quer dizer, cochilei. Levei um susto e acabei acordando com alguém derrubando alguma coisa na cozinha. Fui ver o que era.
Guilherme: Te acordei, né!?
Manuela: Levei um susto. O que você derrubou?
Guilherme: Essa forma de bolo escrota. – Ele disse bravo e pegou a forma embaixo do armário. Eu dei risada.

204º CAPÍTULO

Manuela: Ei, ei, relaxa. Não tem problema.
Guilherme: Foi mal mesmo. – Ele guardou a forma no lugar e veio pra mais perto de mim. – Manu... – Ele foi se aproximando cada vez mais. Minha respiração mudou na hora. Quer dizer, que respiração? Eu nem me lembrava mais de como respirar. Eu só conseguia olhar pra ele e pensar em como eu fui feliz ao lado dele. Em como ele foi feito pra mim e como eu fui feita pra ele. Ele tinha me chamado, mas eu não respondi, fiquei ali, aproveitando cada segundo que eu tive de admira-lo. – Tô com tanta saudade de você. – Eu me lembrei de respirar quando ele colocou a mão direita no meu rosto. Eu "deitei" a cabeça na mão dele e ele começou a fazer carinho com o polegar no meu rosto. Eu suspirei, ele notou. – Você também está, né!? – Ele disse calmo e sereno. Continuou o carinho no meu rosto, mas não se aproximou, ficou apenas me olhando.
Manuela: Guilherme...
Guilherme: Não, Manu. Não fala nada. Já sei o que vai dizer. Lá no fundo, eu entendo. Eu fui um idiota e fiz algo imperdoável. Eu não queria, mas eu tenho que aceitar a sua decisão. Fazer o que? Eu sei o quão decidida você é. E teimosa também. Quando põe algo na cabeça, ninguém tira.
Manuela: Coloquei você na cabeça faz um tempo. – Eu não queria ter falado aquilo, mas era tarde demais.
Guilherme: Fico feliz por não ter colocado essa frase no passado. Pelo menos, ainda sei que me ama. – Eu suspirei de novo. Ele se aproximou mais de mim e eu fui me concentrando mais nos movimentos dele. Ele levou a mão esquerda pro outro lado do meu rosto e segurou-o com as duas mãos. Eu não me movi, só fiquei sentindo cada carinho de em meu rosto. – Eu te amo tanto. Eu sou humano, sabe!? – Ele parecia estar falando consigo mesmo, como se eu não estivesse ali. – Sou um completo idiota também. E como humano idiota que sou, errei com a pessoa que eu mais amo nessa vida. A pessoa que, eu tinha que cuidar e proteger. Mas eu fiz tudo errado. Além de pisar na bola com ela, eu não tirei da vida miserável que ela leva. – Ele não me olhava pra falar, desviava o olhar a todo instante. Eu comecei a chorar, toda vez que ele tocava no assunto da prostituição era assim. Era inevitável. – Eu devia ter sido mais homem, mais corajoso. Devia ter enfrentado a minha mãe e ter te levado pra bem longe daqui. – Ele me olhou e finalmente, direcionou as palavras a mim. – Eu fui fraco, mas tive medo. Além de fraco, fui covarde. Mas a possibilidade de te perder, me causava calafrios. Como você mesma diz, Manu, minha mãe é um monstro, assim como teu pai, e já pensou se ela te faz algum mal? Eu piro, cara. Eu não consigo imaginar nem o que seria capaz de fazer. Mas eu não queria ter prejudicado a sua mãe, Manu. Não queria. Eu queria ajudar. Queria apressar tudo pra gente ficar junto. Quer dizer, juntos mesmo. Sem prostituição. Acha que era fácil pra mim? Não era, nunca foi. Te imaginar transando com aqueles caras me dá nojo. Não de você, mas sim deles. Era demais pra mim.

PUTA PROFISSIONAL [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora