Capítulo 4 - O Caminho

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No interior daquela pequena cela, Feel não havia percebido toda a beleza presente no Bosque de Réus. Após a liberdade, ele conseguiu observar o quão grande as árvores eram, o verde da natureza, a diversidade dos frutos, a beleza dos animais e a calmaria das águas.

Caminhando ao lado do bando de arqueiros, conseguiu avistar pequenos riachos cortando a floresta e vários animais diferentes: cervos, lobos, macacos, esquilos, aves, ursos e diversos outros.

Por vezes, Feel podia jurar que ouvia a floresta emitir diferentes sons. Talvez músicas ou somente um suspiro, como quem agradece o fim dos fogos gerados pelas flechas.

Além do som da floresta, seus pensamentos o atormentavam com diversas perguntas. Sem dúvidas, as principais eram: "Quem sou? Por que eu estava preso? Quem eram aqueles guerreiros gigantes e azuis? Para onde estou indo?".

Nesse momento, Feel e os arqueiros já estavam bem distantes dos guerreiros gigantes e os mesmos nunca os achariam em meio àquela floresta gigante.

Até então, os arqueiros não haviam conversado nada com Feel, somente seguiam o ajudando na fuga e guiando um caminho para ele e os outros dois prisioneiros seguirem.

Feel observou que o arqueiro que o ajudava possuía um corpo atlético e magro, olhos castanhos, cabelos escuros, longos e sem muito penteado, pele queimada pelo sol e orelhas pontudas, que inclusive eram iguais a maioria daqueles que o acompanhavam.

Além disso, todos os arqueiros não estavam com armaduras como os guerreiros gigantes. Esses usavam uma espécie de túnica preta com detalhes dourados que cobria toda a parte de cima e possuía um gorro para cobrir a cabeça. A parte de baixo era coberta com uma calça da mesma cor da túnica e os pés calçavam uma sandália simples e também da mesma cor.

Ao todo, além do arqueiro que o ajudou, Feel havia contado dez arqueiros, sendo quatro homens e seis mulheres.

Um pouco mais à frente do caminho, eles encontraram dois seres parecidos com o grupo de arqueiros. Porém, esses dois não possuíam arcos e sim espadas empunhadas nas mãos, além de armaduras ao redor do corpo, braçadeiras, luvas e botas. Essas se assemelhavam na cor e nos detalhes das túnicas usadas pelos arqueiros.

Além desses dois guerreiros, havia uma mulher com traços delicados. Diferentemente dos dois ao lado dela, ela não possuía nenhuma armadura e sim um longo vestido preto com pequenos detalhes dourados, luvas pretas nas suas duas mãos e sandálias douradas cobrindo os pés. Ela estava agachada tocando o solo da floresta e mantinha os olhos fechados enquanto fazia isso.

– Tudo conforme o planejado, amigos! – o arqueiro que ajudou Feel comentou ao encontrar os dois colegas com as espadas e a mulher com as mãos no solo.

– Já estávamos ficando preocupados. Geralmente, vocês são mais rápidos! Está ficando velho Brooke? – um dos guerreiros com a espada na mão comentou com ele enquanto abria um sorriso para os arqueiros e guardava sua espada.

– Novamente, o líder deles acompanhava o transporte. Guinder não gosta de deixar prisioneiros livres. Mesmo incomodado com o fogo, ele tentou recuperá-los e levá-los para o Império. Além disso, não podemos correr o risco de travar uma batalha com ele, pois sabemos o quanto ele é poderoso – respondeu Brooke, o arqueiro que ajudou Feel em sua fuga.

– Quantos prisioneiros eram? Quantos vocês conseguiram salvar?

– Contamos dezessete ao todo. Infelizmente, salvamos somente três. O maldito Guinder conseguiu levar os outros – um dos arqueiros que acompanha Brooke comentou.

– Liberdade para três é melhor que nenhuma – um dos guerreiros afirmou.

– Ainda precisamos elaborar planos melhores para conseguirmos salvar mais prisioneiros – Brooke comentou olhando para todos – Tireti, acredito que seu serviço está feito. Como sempre, você fez um ótimo trabalho – dessa vez, o arqueiro Brooke se dirigiu a mulher que ainda mantinha as mãos no solo.

As Memórias do Herdeiro - A Crônica do Descobridor de Reinos - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora