Capítulo 20 - A Paixão

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O clima de romance naquela grande e rica sala era totalmente perceptível. Sofie e Andressa se encararam olho a olho por um tempo, até que a elfa se aproximou da guerreira ficando cara a cara.

Após se fitarem por um curto tempo, Sofie abraçou Andressa, lhe deu um longo e romântico beijo correspondido e falou logo depois:

– Eu estava tão ansiosa para reencontrar você! Obrigada por ter me recebido, fico feliz que seu desejo também seja esse!

– Olá Sofie – Andressa falou mantendo os olhares na guerreira. Sua expressão era fria e, visivelmente, a elfa não esperava a presença de Sofie ali – também estava com saudades!

Sem mais palavras, um silêncio pairou sobre o ar. Esse era reflexo de um momento de total surpresa vivido pela elfa.

Sem saber como reagir e quais eram os pensamentos de sua parceira, Sofie falou para Andressa, enquanto se mantinha em pé e esquecia completamente o capacete sobre o sofá:

– Sei que vim sem avisar, devo ter te pegado de surpresa. Me perdoe. Mas, como você me ofereceu um convite para vir morar com você... eu imaginei que não teria problema eu aceitá-lo um tempo depois.

Novamente, o silêncio preencheu a sala. Sofie aguardava as palavras de sua amada, enquanto Andressa parecia estar calculando quais palavras usaria para aquela situação.

– O que vivemos em Stoneme foi perfeito, Sofie – Andressa escolheu iniciar suas explicações assim – eu sinto algo maravilhoso por você, que provavelmente é o que as pessoas chamam de amor. Mas você não entende o que eu sou aqui em Carpim.

– Eu não me importo – Sofie respondeu rapidamente, sem pensar e sem se preocupar em sua amada ser uma beneficiada em meio a tantos outros vivendo na miséria e pobreza naquela cidade.

– Acho que você não está entendendo, Sofie. Eu comando essa cidade. Ao lado de dois outros senhores, nós comandamos toda a política aqui – Andressa pensou novamente nas palavras e continuou – toda a desigualdade que você viu ao entrar na cidade é necessária para eu viver na luxúria!

– Já disse que não me importo! Eu quero ser feliz ao seu lado! – novamente, as palavras saíram pela boca da apaixonada e inconsequente Sofie.

– Você não me entende. Mas também, como poderia? Você abdicou de se preocupar com política. Você abandonou seu pai para cuidar de um exército. Você trocou o palácio para viver uma vida simples.

– Por que você está envolvendo meu pai nisso? – Sofie perguntou assustada – eu nunca quis nada relacionado ao governo! Eu nunca quis o poder que meu pai tem!

– Seu pai é o rei de Stoneme, Sofie. Você poderia ter todo o poder da maior cidade de Stirem.

Sofie ficou por um tempo parada e calada. Após algum tempo, ela conseguiu fazer suas deduções:

– Você se aproximou de mim por causa do meu pai? Você meu usou para ter informações sobre meu pai?

– Saiba a verdade sobre mim, Sofie – Andressa falou enquanto mantinha seus olhos fitados na grande guerreira – apesar de ter diversos defeitos, eu pelo menos sou sincera sempre. Eu me aproximei de você por causa disso! Precisava de informações sobre seu pai! Precisava de informações para negociar com o rei!

Mais um vez, o silêncio dominou todo o ambiente.

A pequena Andressa manteve sua postura na frente da grande Sofie, sendo que ambas mantiveram um longo silêncio, até que uma pequena lágrima escorreu pelos olhos de Sofie e venceu o silêncio que predominava na sala. Ironicamente ou surpreendentemente, uma pequena lágrima também brotou pelos olhos de Andressa.

– Não houve amor? – Sofie perguntou estagnada.

– Eu nunca disse isso. O meu maior erro foi ter me apaixonado por você – Andressa respondeu.

– E ele acabou? – a nova pergunta fez mais lágrimas saírem pelos olhos das duas.

– Não! Esse sentimento não acaba, Sofie! No início, me aproximei de você por causa do seu pai. Porém, depois acabei me apaixonando por você. Até hoje, isso doí em mim profundamente.

– Então... eu não entendo.

– Você não entende o que é poder, Sofie. Você não entende o que é necessário para ter poder! Mais que isso, você não entende nada sobre Carpim e sobre o domínio daqui!

– Então me ensine, Andressa! – Sofie gritou desesperada.

Sem perder a frieza, a elfa respondeu:

– Se quer ser uma grande líder, a primeira regra é não ter amor por ninguém, pois isso será o seu ponto fraco!

O último silêncio dominou a sala naquela noite. Sofie não sabia o que dizer ou fazer. Seu coração estava despedaçado e uma total angústia dominava todo o seu ser. Derramada em lágrimas, Sofie olhava para Andressa que, mesmo com os olhos cheios de lágrimas, mantinha uma postura fria.

– Você é a mulher mais forte que já conheci. Sinto muito ter que fazer isso com você!

Logo depois das palavras, Andressa colocou dois dedos dentro da boca e soltou um assobio alto e de pouca duração. Em seguida, seis guerreiros entraram na sala, pegaram Sofie pelos braços e caminharam com ela em direção a porta. Próximo à saída, a guerreira parou os passos, olhou para Andressa e fez a última pergunta:

– Por que, Andressa?

Ao perceber que sua pergunta não seria respondida, a guerreira empurrou os guardas que a seguravam e empunhou sua grande espada. Percebendo a situação, Andressa soltou um outro assobio bem mais longo que o anterior. O mesmo foi correspondido pela chegada de vários outros guerreiros.

Enquanto os mesmo entraram para paralisar Sofie, Andressa assistia a guerreira demonstrar toda sua habilidade em combate. Facilmente, Sofie conseguia desarmar, derrubar e imobilizar todos os seis soldados que estavam tentando paralisá-la. Ao ver o início de um combate, Andressa gritou dando a ordem:

– Eu a quero presa, mas não quero que a machuquem!

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Espero vocês no próximo capítulo!

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