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~Anne

Eu amava os tons azuis do céu. Desde o azul celeste ao marinho, do bebê ao royal, ou anil ao cobalto. Entretanto, tinha um apreço especial pelas cores que o céu manifesta ao entardecer. Alguns dias o sol se punha vestido de rosa. Em outros dias, a grande estrela escolhia o vermelho vibrante para desenhar o céu. Às vezes o purpura era o traje que convidada a noite para chegar. Mas de todos esses, o meu favorito era o laranja. Laranja aquele que fazia o sol brilhar como o ouro mais reluzente e que trazia o contraste entre a noite que aos poucos tomava seu lugar. Talvez fosse suspeita para gostar desta cor, afinal era ruiva, mas não gostava tanto dela no meu cabelo, como gostava dela no céu. O ruivo das minhas mechas só deixava mais em evidência minha pele branca repleta de sardas. Antigamente, eu daria tudo para ter meus cabelos escuros igual ébano, como o da Diana, minha melhor amiga. Mas hoje eu já havia aceitado mais minha beleza do jeito que ela era. Já tinha entendido que eu era diferente e que estava tudo bem.

Hoje o céu se despedia do meu jeito preferido e eu estava do lado de fora a grande casa que morava para o observá-lo. Enquanto a brisa do inverno frio batia no meu rosto, escutei Marilla me chamar. Marilla era minha mãe, apesar de não dividirmos o mesmo laço sanguíneo. Ela e Matthew haviam me adotado há cinco anos e desde então eu morava em Green Gables. Levantei-me da grama rapidamente para não deixar Marilla me esperando e fui em direção à casa.

– Por que demorou tanto lá fora, Anne? – Ela disse com sua voz dura costumeira enquanto limpava suas mãos em seu avental.

– Eu estava vendo a apresentação do sol no céu hoje, Marilla! Foi lindo. Os pássaros tocavam uma bela canção e o vento levava as nuvens de um lado para o outro misturando a tinta no céu. – Falei encantada enquanto encenava o movimento das nuvens de um lado para o outro.

Ela me olhou com uma expressão de que me achava desvairada. Marilla não entendia muito bem o que eu falava. Eu sabia que era porque ela não gostava muito de imaginar coisas que não fossem fora da razão comum, mas eu já havia me acostumado com seu jeito.

– Me ajude a colocar a mesa para o jantar. Seja rápida, Anne, por favor.

Assenti e comecei a fazer o que ela havia mandado.

– Amanhã à tarde, vamos tomar um chá na casa dos Barry. Esteja pronta no horário.

– Posso usar meu vestido azul? – Aquele era meu melhor vestido. Algumas pessoas já haviam mencionado que eu ficava bem de azul, então eu gostava muito de usá-lo.

– É apenas um chá, Anne. Você é realmente muito vaidosa. Mas se assim você deseja, eu permito que o use. – Ela disse olhando para mim.

– Você é incrível, Marilla! – Falei empolgada enquanto girava no meio da cozinha.

Eu iria na casa de minha melhor amiga tomar um chá, achava aquilo tão elegante! Seria um dia excepcional!

Shirbert- A Fazenda em AvonleaOnde histórias criam vida. Descubra agora