O enterro da Porta-voz Nara foi marcado pelo sol escaldante da manhã, que alimentava as flores douradas jogadas sobre seu sepulcro.
Rezava uma lenda aborígene, que se o dia do sepultamento de uma bruxa fosse acalorado, a natureza tinha se agradado dos seus feitos, e o deus Protetor levaria a alma da criatura para um bom lugar, passando reto pelo limbo das almas perdidas. E é por isso que ninguém chorava ali. Não era certo chorar, porque isso magoaria o espírito de Nara.
O enterro foi simples, com poucas pessoas e moderada duração. Nenhum aldeão comum tinha comparecido; nem mesmo os que tiveram amizade com a falecida. E era melhor assim.
Era bem melhor assim. Pensava a menina Nissa. Ela não entendia porque uma pessoa tão boa e amiga pudesse ter sido alvo de uma crueldade dessas. A monarquia considerou o fato como "acidente", mas todos os curandeiros sentiram a ira do incêndio. Era uma fogo violento. Um fogo assassino. Era uma chama "anti-bruxa", e todos sabiam que aquele tipo de coisa não era de longe natural.
A verdade amarga doía, mas não podia ser negada. Nara não sofreu um acidente. Ela foi vítima de um homicídio.
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Navi se camuflou atrás dos muitos troncos de eucalipto, ao mesmo tempo que observava detidamente um cervo tranquilo, que bebia de um lago esverdeado. O rapaz seminu apertou os olhos castanhos e puxou a corda do arco até a bochecha.
-Um...-O animal bebia sereno - Dois...- Navi soltou o ar pela boca- Três!
A flecha disparou pela floresta; sua velocidade arranhou o ar.
Navi xingou. O cervo tinha fugido.
-Uau Navi, qual a refeição de hoje? Qual a refeição? Sim, o que vamos comer no dia de hoje? Ah, sim!- resmungou consigo mesmo o rapaz. Trotou frustrado até o lago -Hoje vamos comer: PEIXE!- disse entre um sorriso forçado.
O moço já estava a semanas naquele lugar, e tudo o que encontrou foi frutas silvestres e Carpas no lago, e aquela era a primeira manhã que ele era abençoado por um mamífero, grande o suficiente por dois dias.
Sentado em uma pedra escorregadia, Navi escolhia sua refeição matinal, enquanto aproveitava os raios solares, que faziam a pedra branca em seu pescoço brilhar.
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-Quando você vai decidir por seu plano maquiavélico em prática?- perguntou príncipe Leo, enfatizando a frase com um abano de mãos.
-Não é maquiavélico, e tire os pés da minha mesa.
-Você é tããão chato.
-Que ótimo, finalmente achamos algo em comum. Agora vá caçar o que fazer, sim?!
Leo suspirou exagerado.
-Tem razão, já está na minha hora.
Dillas ignorou o irmão e continuou estudando a papelada sobre a mesa.
-Não está interessado no que vou fazer?
-Claro, claro! Agora pode ir.
O príncipe bufou. Seu irmão não estava nem sequer ouvindo. Era sempre assim.
-Então pois bem, vou dar um gostinho da minha idéia- ele começou, sentando em cima da mesa onde o rei trabalhava. O monarca não esboçou qualquer interesse -Vou fazer companhia na viagem da menina da floresta. - Dillas ergueu os olhos.
-Você é um príncipe, caso tenha esquecido!
-E daí? Sendo assim, posso fazer companhia pra quem eu quiser. Não é?
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Do Outro Lado Desse Reino
FantasyPara um mundo funcionar em harmonia precisa existir paz e amor ao próximo, certo? Mas e se fosse o amor a porta aberta para a destruição? Uma jovem "bruxa" será obrigada a enfrentar uns novos forasteiros que ameaçam os portadores de magia. A popula...