Capítulo 2

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- Soph, como os capangas do Tony destruíram o jantar, vem comigo atrás de algo na cidade?

- HAMBURGUER! - Os três soltam uníssono e com um sorriso no rosto.

- Claro, vou sim. - Dou um pequeno riso.

• - •

Estamos no carro faz um tempinho e o silêncio está com a gente. Tento pensar em algo para puxar assunto mas nunca fui muito boa nisso.

- Então... Morgan aprendeu a sussurrar com o pai, né?

- Pois é. Não sei se são dois Tony's ou duas Morgan's. - Nos olhamos e logo caímos na risada.

- Acho que hoje são três Tony's... Ou será três Robert's?

- Eu não tinha pensado nisso. - Ela faz uma cara de surpresa e dou risada da mesma.

Eu quero perguntar sobre Robert mas não consigo.

Começo a brincar com o anel presente no meu dedo anelar da mão direita. Tenho esse anel desde sempre. Muitos pensam que estou em algum relacionamento ou algo do tipo, mas uso justamente para isso: afastar pessoas.

- Soph, o que foi? - Pep diminui o volume da música e mantém uma expressão séria.

- Como assim? Estou bem.

- O anel... Quando nervosa ou pensativa você mexe nele. É assim desde quando ele era apenas um pingente num colar no seu pescoço.

Às vezes me esqueço o quanto ela me conhece.

- Qual a história dele? Robert?

- Sabia que tocaria no assunto. Bom, não era para ele estar aqui. Ele estava indo para a Veneza comemorar o aniversário de namoro...

- Ah... - Ele namora. Não que eu tivesse qualquer intenção...

- ...mas não tem como comemorar aniversário de namoro sem um namoro.

Involuntariamente faço uma cara de quem está completamente confusa.

- Eles terminaram algumas horas antes do embarque. Ela foi e ele veio para cá. Nem nós sabíamos que ele viria.

- Por isso Morgan disse aquilo...

- Sim. Bom, chegamos. Vamos logo comprar comida para aqueles selvagens comedores de hamburguer.

• - •

Tudo aqui é muito bonito. A cidade, a pequena estrada até a casa rodeada por árvores floridas, a casa... É o lugar dos meus sonhos. Calmo, tranquilo, sereno.

Estou deslumbrada com tudo ao meu redor quando Pepper diz algo que parece bem distante para mim.

- Mas o que ele está fazendo aí? Porque não subiu?

- Quem?

- Ele. - Ela acende o farol e Robert se assusta enquanto fala no telefone.

- Não vou mudar de ideia. Vou passar um tempo com minha família e espero que você não me perturbe novamente. Adeus.

Observo cada gesto que faz, as expressões em seu rosto, o tom da sua voz. Posso ter observado por tempo demais.

- Soph? Soph!? Ei, acorda! Me ajuda aqui.

- Ah, me desculpe... Eu...

- É né... - Dá risada e vai entrando em casa.

Reviro os olhos e pego as sacolas do banco de trás. Pego mais do que consigo e cambaleio um pouco.

- Deixa eu te ajudar. Passa pra cá.

- Não precisa, Robert, eu dou conta.

- Não duvido que dê. Vamos dividir para eu não me sentir totalmente inútil aqui. - A todo momento ele mantém um sorriso simpático no rosto.

- Tudo bem. Você venceu.

- Ótimo!

Entramos e nos juntamos ao restante do pessoal na mesa. Ao ver Tony e Morgan brigarem por um hamburguer lembro da conversa no carro. Pepper está muito bem acompanhada.

Tony está sentado na ponta da mesa e sua filha e esposa estão uma de cada lado. Robert ao lado da sobrinha e eu ao lado de Pepper de frente para Robert. Comemos, conversamos, demos risadas. Foi o jantar mais divertido que tive a tempos. Em alguns momentos percebo um olhar vindo de Bob, em outros até cruzamos olhares, mas nada muito relevante.

- Soph, quer ir nadar comigo?

- Ai, Mormor, amanhã, tudo bem? Acho que seus pais concordam que está na hora de dormir.

- Isso mesmo, Morguna. Vamos, eu te coloco na cama. - Tony diz se retirando da mesa.

- Mas papai...

- Vai descansar para brincar muito na piscina amanhã. Talvez eu até faça companhia para vocês. - Morgan, eu e Robert na piscina? Por essa eu não esperava.

- Tudo bem. Boa noite e até amanhã.

Ela passa por cada um dando um beijo e um abraço. Ela é um doce de criança.

Depois de algumas horas de conversas e de ajudar Pepper com a mesa, todos vamos para seus respectivos quartos.

O tempo vai passando e meu cérebro não se desliga. Tento ouvir música, ler um livro, até mesmo meditar, mas a insônia é mais forte. Resolvo descer e passar um tempo por lá.

Desço, pego uma garrafa de água na geladeira e vou até o deck que apenas a luz das estrelas ilumina.

Sento na beira da piscina e fico admirando o céu. A água está tão gostosa que sinto vontade de entrar por inteira. Como já imaginava a possibilidade disso acontecer, coloquei meu biquíni por baixo desse vestidinho. Retiro o vestido e coloco na cadeira junto com uma toalha, penso em pular de uma vez mas não quero quebrar o silêncio.

Esse lugar é simplesmente perfeito. A paisagem, o silêncio, o ar.

Entro na água e fico ali por alguns minutos mergulhando de um lado para o outro até que alguma coisa agita a água. Paro em uma das pontas e de princípio não vejo nada.

- BUUUU!

- AH! O que é isso? Você está maluco!?

- Você tinha que ter visto a sua cara.

- Pode parar de rir da minha cara por um momento? Estou tentando recuperar o fôlego que você me fez perder.

- Então quer dizer que te fiz perder o fôlego? Bom saber.

- Não, Robert... É... Eu não quis dizer isso...

- Eu sei, Soph, fica tranquila...

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