Capítulo 6 - Festival

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    Noah estava deitada no convés de seu barco, o olhos abertos nem piscavam e sua face parecia não ter muita expressão, a luz do sol estava fraca por conta do tempo nublado que ameaçava chover mas não o fazia até o momento, a água estava calma naquela parte do rio e o barco ia calmamente deslizando como uma folha boiando, no rádio tocava uma música com um teor divertido e um ritmo constante que era mantido pelos vocais femininos, Noah mexia os dedos no ritmo, mas nada além disso. Carne deitado olhou para garota.

– O que houve – perguntou mas não obteve resposta – tava pulando como uma louca agora a pouco e gritando e agora fica parada ai desse jeito – sem respostas de novo – as vezes eu queria poder fazer algo melhor que apenas entrar na sua cabeça e falar com você – continuou o cão – sei lá, ler o seu pensamento, por que tecnicamente você lê o meu quando nos falamos afinal não tenho voz, mas eu não posso ler o seu, tenho que ouvir você falar para entender algo, isso me deixa em desvantagem. Você tá me ouvindo?

– Tô – disse a garota ainda sem piscar – você fica fofo quando começa a reclamar dessas coisas.

– Coisas o que?

– Coisas de cachorro telepata, é fofo ver você reclamar disso.

– Se você diz... Mas por que você tá assim?

– Uai, é hoje.

– Eu sei, mas não é a primeira vez que fazemos isso, deve ser a terceira.

– Terceira – Noah se sentou rapidamente parecendo assustada – meu Deus somos muito jovens, apenas a terceira vez.

– Você é jovem, eu sou já um adulto com certa idade para um cachorro.

– Qual os nossos anos?

– Idade, Noah. Eu tenho 10 e você 14.

– Não – ela olhou para o cão.

– Sim – levantou ele a cabeça.

– Não – disse ela naquele tom de incrédula de antes.

– Sim!

– Eu tenho 13.

– Você fez 14 na viagem, eu tava contando.

– Meu Deus – ela pôs as mãos na testa – eu fiz 14 anos, fiquei mais velha.

– É, ficou – ele deitou a cabeça e fechou os olhos – sinto o cheiro de churrasco e cinzas, estamos chegando perto.

– É, nossa terceira vez...

    Ela também voltou a deitar pra trás e olhar para cima, o cão abriu um dos olhos e olhou para ela, deu uma risada em sua mente e fechou o olho.

***

    Era primavera, as árvores ganhavam novas folhas com cores fortes e vivas que pareciam destoar dos troncos já um pouco velhos pela idade, entre o mato comum que crescia também com uma coloração mais viva via-se flores com uma paleta de cores quase infinita, o vento fresco batia calmo mexendo as folhagens num ritmo lento e agradável, o céu estava com algumas nuvens cinzentas, mas nada que tirasse a beleza daquela estação. E também uma chuvinha não ia impedir os moradores do Porto de fazer as festividades já tradicionais da época. O local estava um pouco mais movimentado que em dias normais, na Clareira mesas estavam já posicionadas, as comidas estavam postas em grandes fileiras de todo o tipo de guloseima, alguns dos postes da vila tinham cordas pendurando bandeirinhas e luzes por toda sua extensão, algumas barracas foram postas e estas abrigavam apresentadores, cantores, artistas e caixeiros viajantes que vieram apenas para o festival. A maioria das pessoas estava feliz e sorrindo e sabiam que o resto do dia seria ainda melhor com o começo do festival, o festival comemorado todo ano na mudança das estações do inverno friolento para a benevolente primavera.

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