Acordei me sentindo tão bem, saudável e... bem.
Assim que abro os olhos, a primeira coisa que vejo é Gabriel me olhando do pé da cama.
— Bom dia, bela adormecida!
— Bom dia, Gabriel!
Procuro por Dean e Sam pelo quarto, mas estávamos a sós.
— Sam e Dean saíram não faz muito tempo. — Acho que ele percebeu que eu estava à procura dos irmãos.
— Para onde eles foram?
— Eles ainda acham que não estamos bem, então foram resolver o Poltergeist sem você. — Foi isso que eu temia?
Pera aí. "Ainda acham que não estamos bem?" Isso significa que:
— Acabou? A maldição acabou?
— Me diz você!
Saio da cama e me espreguiço, ao mesmo tempo, sinto minhas asas esticarem, cada pena, cada centímetros dela, eu podia sentir outra vez, é tão bom senti-las novamente.
— E quando foi que a maldição acabou?
— Um pouco antes de você e Dean irem para Impala! — Ele ficou me fitando, parecia apenas querer respostas, mas sei que não é só isso.
Minha respiração parou, até meu coração — se não for exagero — parou por meio segundo e assim que voltou, voltou com tudo, fazendo meu rosto corar, o ar pareceu que pesou, ficando impossível de obtê-lo, e palavra nenhuma me vinha na cabeça para dizer algo em minha defesa.
Ai, que me veio à mente, o problema em si não é ele ter descoberto, é o que eu fiz, tive vontades, desejos e dormi, quando, na verdade, era para eu ter me tornado um anjo, o que foi que deu de errado?
— Castiel, Castiel. O que foi que você fez? A sua, "Humanidade" te prendeu, de uma tal forma que... pobre Castiel! — Gabriel estava com pena de mim, ou isso é sarcasmo? Não sei, estou tão nervoso, não consigo decifrar.
Mas ao encarar seu rosto percebi que realmente havia algo de errado, nem mesmo seu rotineiro sorriso malandro estava ali.
— Então, o que eu sou? Um anjo caído, eu achei que já fosse um.
— Não, Castiel, anjos caídos, não se lembram de quem eram ou já foram. Você é uma espécie de Nefilim Subdesenvolvido, como se essa sua casca fosse parte de você agora.
Comecei a me lembrar da conversa que tive com Jimmy assim que chegamos nesse quarto:
Há dois dias:
Assim que entramos naquele quarto, cheirando a mofo, fui até a janela, ver se pelo menos a vista tinha algo bom.
Pela janela tinha a vista de um jardim não muito distante e... Jimmy? Está me chamando?
Parece que ele está incomodado, vou conversar com ele. Entrei no espaço em que Jimmy estava. Um lugar a salvo no interior de seu corpo, uma espécie de cofre para almas, feita da mais pura luz.
— Está tudo bem, Jimmy?
Me apresentei a ele em minha forma humana, ou seja, ele mesmo, parecia sermos irmãos gêmeos, tento uma conversa. Ele usava uma blusa de lã verde-escura e eu um sobretudo.
Ele me olhava profundamente, a tristeza estava estampada em seu rosto.
— Castiel, eu... Não quero mais ficar aqui!
— Como assim?
— Eu quero te perguntar se, tem alguma forma de... Eu poder descansar em paz, já viajei muito com você, vi e ouvi coisas que outros humanos jamais poderiam ficar sabendo. Eu gostaria de me aposentar. — Pude ver em sua memória alguns minutos que passamos no purgatório.
— Quer que eu encontre outra casca?
— Não! Só se esse realmente for o único jeito. Por que: Voltar à minha família eu não posso mais, então eu pensei em... Morrer, ficar em meio às minhas lembranças no céu. Eu aceito deixar esse corpo e entregar a você, se quiser.
— Tem certeza? — Me senti mal por ele.
Todos os humanos merecem paz e um belo descanso no final. E se continuar comigo, é capaz dele nem ter um final.
Ele não me respondeu, ficou perdido entre decisões, repeti a pergunta:
— Tem certeza de que é realmente isso que quer?— Tenho Castiel! O que me resta agora nesse mundo? Apenas esse corpo. E só, não tenho mais nada aqui!
Culpa, culpa, é minha culpa, fui eu quem o fez passar por isso.
— Tudo bem. Vou resolver... — Invoquei, falando em Enoquiano um ceifeiro, que em pouco tempo surgiu ao meu lado.
— Do que precisa Castiel? — Aparentava ser um velho de terno preto, pele enrugada e pálida, olhos profundos e sombrios!
— Quero que leve uma alma, que merece descanso. — Apontei para Jimmy, que começou a chorar, um choro de alívio.
A figura velha e pálida se virou para Jimmy e incrédulo voltou a me olhar, descrente do que eu pedia.
— Mas... Não é a alma de sua casca? Eu não sei se posso. Nem conheço os efeitos colaterais que podem surgir.
— Eu me responsabilizo por qualquer coisa que aconteça. Apenas dê o descanso merecido.
O ceifeiro se rendeu, mas não tirou a expressão de preocupação de seu rosto.
— Obrigado, Castiel. — Jimmy se aproximou do ceifeiro, com um sorriso tímido, limpando uma lagrima que restava.
O velho lhe ofereceu um dos braços, e ele aceitou, resultando no desaparecimento dos dois em uma luz azulada. Jimmy está livre agora.
Comecei a sentir meu corpo inteiro queimar e, depois de um tempo, era como se aquela casca fizesse parte de mim.
Voltei a ver o jardim da janela, agora iluminado parcialmente pelo brilho prata da lua.
Que cheiro ruim é esse, espera... Está vindo de mim?...
Agora
— Ei, ei, to aqui! — disse Gabriel, passando a mão na frente do meu rosto, me tirando do trance.
Lhe contei afoito, lhe contei até demais tudo que estava vivendo e sentindo e não entendo o que se passava. Desabafei feito um estouro de manado.
Ele ficou andando de um canto a outro, como se algo o assustasse.
Percebi que meu sobretudo estava dobrado sobre a cama, limpo e seco, pequei e o vesti, era tão bom ter aquele peso nas minhas costas outra vez, quase como uma capa protetora. Me voltei a Gabriel, que agora me fuzilava com o olhar em silêncio. Deu as costas e disse:
— Pelo menos você tem coragem, Castiel... Coragem de fazer as suas escolhas... quero ser como você quando crescer... — ouvi seu bater de asas, e ele sumiu.
O que ele quis dizer?
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Eu odeio tudo sobre você
FanfictionFANFIC DESTIEL AVISO: Contem cenas inadequadas para menores de 18 ANOS! Castiel começa a se tornar humano, sendo obrigado a lidar com sentimentos pelo Dean que jamais pensou que poderia ter. Dean já notará anteriormente algo especial em Cass, mas de...