X Dean: Lembranças

2.8K 221 61
                                    

MERDA! Que merda eu fiz?

Acabei com tudo! Eu e minha boca grande...

Aquele nó na garganta já estava insuportável, minha visão começou a embaçar devido às lágrimas acumuladas, que começaram a cair lentamente.

Eu estou com tanta raiva, raiva de mim mesmo, de ser um idiota dos grandes. Me olhei no espelho, olhos inchados, vermelhos e meu rosto com uma trilha molhada marcando o caminho até meu queixo.

"Mas eu te amei Dean! Eu te amei desde o primeiro instante..." Me veio a memória da nossa briga, Castiel estava tão humano, "Mas agora! Eu odeio tudo sobre você!..." Aquelas palavras eram como um tiro, me atingindo em cheio.

— A CULPA É SUA! — Gritei e dei um soco no espelho, o sangue começou a escorrer.

A dor na mão não podia nem se comparar com raiva que eu sentia de mim mesmo.

1 hora antes:

Sammy acabou de partir com Gabriel, me deixando sozinho com Castiel. Fomos até o carro.

— O que você precisa me contar? — perguntei para ele enquanto entramos no carro.

— É complicado, Dean. — Ele não me olhava, ou não conseguia me olhar.

— Então me explique!

— Noite passada, a maldição acabo, um pouco antes de irmos para o Impala. Mas algo deu errado! Eu voltei a ter assas e os dons de anjos... Mas, eu continuo mortal, como se... como se eu tivesse me tornado um Nefilim, metade humano, metade anjo. — A tristeza e o medo eram tão nítidos na voz dele que eu podia sentir.

Assim que percebi a gravidade do que havia acontecido, senti meus ombros pesarem, me afundando no banco. Eu fui culpado disso?

— Cass, eu sinto muito, me desculpa!
— Dean não foi você, eu já sei o que aconteceu! E vou resolver isso sozinho.
— Castiel a culpa foi minha, eu que te forcei a fazer aquilo ontem...
— Não, Dean, não se preocupe, não foi você, e, além disso, essa não foi a nossa primeira vez. Na verdade, essa não foi a nossa primeira, ou quase vez.

Como assim?

— Claro que não, se não eu me lembraria como nunca vou esquecer o que houve ontem.

— Eu apaguei a sua memória, Dean. Vou te mostrar.

Castiel colocou a mão na minha cabeça, na mesma hora um choque percorreu meu corpo por inteiro.
As lembranças começaram a vir...

"Sam... Meu Sammy acabou de pular na jaula, carregando com ele Lúcifer e Miguel. Bobby está morto, Castiel está morto, Jo e sua mãe... Estou sozinho, sem rumo. Meu mundo acabou, mas eu prometi a Sammy que tentaria ter uma vida normal com Lisa, mas não, não vou cumprir, não posso..."
"Sinto um toque no meu ombro, esse toque macio e angelical, Castiel? Castiel não morreu! Castiel está vivo."
"Castiel trouxe Bobby, e consertou meu rosto, mas não pode consertar minha dor."
"Bobby voltou para sua casa, estou na cidade em que Lisa mora, em um motel. Cass está comigo, me ajudando, me apoiando e me salvando de uma loucura plena."
"Dean, estou aqui! Conte comigo — Cass era a melhor coisa que eu tinha agora."
"Naquela mesma noite, peguei uma arma, e apontei pra cabeça, eu estava disposto a acabar de vez com tudo aquilo, mas Castiel tirou a arma de minha mão, lembro dos seus olhos azuis me olhando, querendo entender por que, encostei minha cabeça no seu ombro aproveitando os centímetros que ele não tinha em comparação a mim, joguei todo meu peço pra cima dele. Castiel envolveu seus braços em volta de mim, me senti protegido, como se estivesse em uma redoma de luz, que me guardava."
"Cass, eu te amo! — consegui dizer, já me sentia melhor de certa forma, algo bom me preencheu."
"Cass me ergueu, tirando meus pés do chão, e me carregou até a cama do motel, me deitou, tirou meus sapatos e ficou me olhando."
"Cass, estou com medo. — Me senti uma criança dizendo isso, mas Cass virou a cabeça confuso, como um filhotinho, tão fofo. — Fica aqui comigo?"
"Tudo bem! — se sentou do meu lado e ficou me fitando."
"Seu cheiro doce, que me lembrava mel, me deixou mais a vontade."
"Me levantei. Ficando a sua altura, olhei para baixo, nossas mãos estavam a centímetros, escorreguei até elas se encontrarem e se entrelaçarem. O olhar dele era confuso, ficou olhando nossas mãos juntas, talvez porque ele sentia milhões de coisas agora e não sabia o que era, já eu, também sentia, borboletas no estômago, frio e calor ao mesmo tempo, arrepios e desejos que nem eu sabia o porquê?"
"Me aproximei mais, até sentir a respiração dele bater em meus lábios, já formigando por querer encontrar o dele. Cass olhou para meus lábios, depois para meus olhos, ele fechou lentamente, cobrindo aquela imensidão azul, e nossos lábios se roçaram de leve, até que veio um beijo lento e molhado."

"Fui deitando ainda sem tirar meus lábios do dele, seu corpo ficou me cobrindo, e seu Sobretudo era o que nos cobria e nos separava do mundo."
"Um frio repentino me tomou, e o toque de Castiel havia acabado sem explicação. Abri os olhos para ver: Castiel estava do outro lado da sala, a única coisa que o impedia de ir mais para trás era a parede."
"Isso é errado! Não posso... — ele sussurrou."
"Me Levantei e fui de encontro a ele, eu já estava cheio de desejos incontroláveis, já não podia mais pensar direito, nem ao menos sabia o que estava fazendo a essa altura, ele não poderia fazer isso comigo, começar e me deixar assim. Quando estávamos bem próximos, pude ver o quanto seu olhar brilhava e, ao mesmo tempo, tinha medo. Me encostei mais nele, passando a mão por dentro do sobretudo, sentindo seu corpo, e desci passando a mão no seu bumbum sexy, logo depois redirecionando para a parte da frente, sentindo o volume, comecei a apertar, ele soltou um pequeno gemido."
"Não posso Dean, me desculpe! — então ele colocou a mão na minha cabeça e tudo escureceu, só me lembro de acordar no outro dia disposto a ir à casa de Lisa..."

Foi como um tiro de volta ao passado, minha cabeça doía... eu... há quanto tempo ele me escondeu isso?

— Viu Dean! Você não me obrigou ontem, eu fiz porque eu quis, e era isso que eu queria, desde aquele dia.

Eu já amava Castiel há mais tempo do que pensei.

— Cass... — Mas isso não pode acontecer de novo, era isso que eu ia dizer, mas não consegui. Como você disse, isso é errado, e nunca deveria ter acontecido. Sinto muito, mas não podemos continuar nesse rolo.

— Mas você disse que me amava!

— Pois é, eu menti. — Mentira, eu não menti, eu te amo, Cass, mas estou fazendo isso para te salvar, me desculpe.

— Não estou entendendo. Mas e ontem?

— Esquece o que aconteceu ontem, já foi... só não vai se repedir! — Isso é a coisa certa a se fazer? Não é?

— Mas eu te amei Dean — uma lágrima desceu o rosto dele, me fazendo querer morrer por isso. — Eu te amei no primeiro instante! — a voz dele queria falhar — Mas agora! Eu odeio tudo sobre você! — levei um tiro no peito ou parecia que eu tinha levado, minhas pernas tremeram, se estivesse em pé, teria que fazer muita força para não cair de joelhos. — Eu odeio ter te salvado, eu odeio ter te amado! Odeio tudo!... — e ele sumiu.

Fiquei ali, durante minutos, sem reação, só pensando no grande erro que eu fizera. Sem pensar muito bem, liguei o carro e o rádio juntos, coloquei em uma estação de rádio qualquer, e a música que tocava me atingiu em cheio, fazendo memórias voltar. Desliguei o rádio! Pisei no acelerador como se fosse me fazer sair daquela situação, fui direto para o motel onde estávamos.

Agora:

Minha mão queimava! Mas eu sabia o que precisava fazer. Tenho que encontrá-lo! Nem que eu me acabe por completo, mas eu prometo que vou te encontrar!

Eu odeio tudo sobre vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora