Capítulo 33

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Maratona 4/5

A cirurgia tinha durado horas e quando eu finalmente saí estava de noite, falei com todos que estavam da equipe por um tempo e fui pra minha sala mas antes parei no quadro que tinha no andar que marcava as cirurgias. Apaguei o meu nome da cirurgia que eu tinha feito e já marquei a minha cirurgia de amanhã.

- E aí? - Alves perguntou parando ao meu lado e anotou uma cirurgia pra amanhã

- Vivo - falei simples

- Vivo mesmo ou morte encefálica? - perguntou me olhando

- Vivo - falei e ela sorriu

- Obrigada por não matar o meu paciente - falou e eu ri baixo

- Sempre que precisar - falei olhando as horas no relógio que tinha na parede, eram 20:00 horas já e eu estava puto

- Tá preocupado com algo? - perguntou e eu assenti - Com o que?

- Virou psicóloga? - brinquei - Não é nada demais

- Me poupe, Rafael - revirou os olhos - Eu sou sua amiga desde o ensino médio e sei que algo está te incomodando

- Alves - comecei a falar e ela me bateu com uma prancheta no meu braço - Bruta

- Agora somos apenas Rafael e Mariana - falou e eu concordei - Me fala logo

- Acontece que a cirurgia me impediu de ir em um compromisso, a pessoa deve tá me achando um vacilão e se eu tinha chances com ela devem ter se esvaído

- Acredito que ela tenha ficado chateada até porquê ficou na expectativa mas se você explicar ela consegue entender - falou calma e começamos a andar

- Será? - perguntei receoso

- Se ela não entender não tem como dar certo qualquer coisa aí - falou simples - Amizade, sexo casual ou namoro

- Isso é - concordei - Vou tomar um banho aqui mesmo e ir lá

- Vai sim - sorriu - Eu vou pra casa ver o meu lindo marido e meu lindo filho

- O filho é bonito mas o marido não - ri e ela me deu dedo, ela era casada com um cirurgião aqui do hospital e eles tinham um filho de 3 anos

- Idiota - falou rindo e nos despedimos

Como eu tinha falado pra Mariana tomei um banho lá no hospital mesmo e botei uma roupa que eu tinha reserva. Quando saí do hospital já era 20:30 e eu acabei arriscando indo até a loja, cheguei lá e a Nathália estava se despedindo de uma mulher na calçada, estacionei e fui até a loja, a fachada era bem bonita e olhei em volta e percebi que a roupa ainda estava um pouco movimentada. Bati levemente no vidro e a mesma olhou pra trás, me viu e parecia surpresa.

- Oi - falou assim que abriu a porta e me olhou meio curiosa

- Oi - falei sem graça e entrei, ela trancou a porta e ficou me olhando - Eu quero me desculpar por não ter vindo mais cedo

- Não precisa se desculpar, Rafael - falou calma

- Mas eu gostaria de me explicar - falei e ela riu fraco

- Não precisa, tá? Sério mesmo - falou e eu neguei com a cabeça

- Mas eu quero - falei simples - Eu dei a minha palavra que viria e falhei com você

- Explica vai - riu baixo

- Tá achando graça? - perguntei e ela só balançou a cabeça confirmando

- Imprevistos acontecem - falou simples - E não é por isso que eu vou ficar com raiva de você

- Mas eu vou me explicar mesmo assim - falei dando de ombros - Palavra pra mim é algo sério

NatháliaOnde histórias criam vida. Descubra agora