Capítulo 17

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Quando eu cheguei em casa fiquei bem surpresa pelo silêncio que eu encontrei, eu sabia que o Éverton e o Kauã estavam em casa e eles faziam maior bagunça, a casa ficava super movimentada quando um dos dois estavam. Deixei as coisas na cozinha e subi, encontrei o Kauã no quarto dele jogando vídeo game e fui pro meu, o Éverton estava sentado na cama mexendo no celular.

- Que cara é essa? - perguntei olhando pra ele

- Minha cara - falou confuso

- Parece preocupado - falei me sentando na cama

- Umas parada lá na boca, tô esperando o Dg me confirmar aqui - falou largando o celular

- As coisas tão feias lá, né? - perguntei e ele confirmou com a cabeça

- Esses tiroteios são péssimos para os negócios - falou e eu entendi o que ele quis dizer - Não entra dinheiro e atrasa carregamentos

- Ou seja, tão perdendo muito dinheiro e quando toca no bolso é foda - falei e ele assentiu

- Aí fica todo mundo de cabeça quente e com um alvo na cabeça também. Matar ou prender um de nós nessas operação é pra fazer carreira de qualquer cu azul - falou nervoso

- Por experiência eu digo que nesse caso é mais vantajoso eles levarem a cabeça do Dg ou de um dos gerentes em uma bandeja de prata do que preso - falei olhando pra ele

- Exatamente - falou me olhando - Caso o Dg, eu ou outro gerente seja preso é um erro de trabalho pra eles

- E como você tá se sentindo? - perguntei e ele fraco

- Sinceramente? Nunca senti tanto medo de morrer e olha que eu tô nessa vida faz tempo - falou sincero - Óbvio que eu já quase morri várias vezes e já levei tiro, mas agora sei que o único objetivo deles é subir aqui e matar o dono do morro ou algum gerente

- E sempre não foi? - perguntei confusa

- Era mais uma consequência prazerosa pra eles, Nat, agora o estado deu meio que uma ordem - tentou explicar

- Resumindo - falei tentando entender - A cabeça do Dg tá a prêmio?

- Prêmio alto - falou chateado e dava pra entender, eles eram amigos desde pequenos

- Eu não vi nada no jornal - falei tentando me lembrar mas realmente não tinha nada sobre isso nos repórteres

- É interno pô, ordem dentro da polícia, a favela tá lucrando e anos com o mesmo chefe - falou simples - Mate ele e ganhe uma bolada

- Entendi - falei baixo e escutei o celular dele apitar

- Amanhã bem cedo você pega o Kauã e vai pro apartamento - falou mexendo no celular e eu olhei confusa - O informante mandou o horário da operação

- Meu deus - suspirei - Mais uma

- É a vida - falou me dando um selinho e o Kauã entrou no quarto

- Jefferson, bora jogar - chamou e o Éverton se levantou

- Pronto pra perder? - perguntou e o Kauã riu em deboche

- Vai achando - falou e eles saíram do quarto

Depois do jantar o Kauã foi dormir e eu fui pro quarto com o Cuíca, nós ficamos conversando e não demorou pro clima esquentar, por conta dessa operação que não termina logo fazia tempo que não aproveitavamos.

- Porra - Éverton se jogou ofegante ao meu lado

- Estava inspirado hoje - ri maliciosa e ele  beijou o meu rosto

NatháliaOnde histórias criam vida. Descubra agora