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POV Gizelly

Devia ser por volta de vinte para as sete da manhã quando escutei a buzina do carro de Rafaella. Tudo que havia pedido pelo aplicativo já tinha chego e estava devidamente arrumado no cooler e nas bolsas.  A praia para onde estávamos indo ficava depois da Serra de Grumari e era um tanto deserta dependendo do ponto em que parássemos.

  - Uau, bom dia - disse depois de colocar as coisas na mala e entrar sorrindo.

  - Bom dia Titchela - ela sorriu de volta ajeitando seu cabelo.

  - Você se arruma sempre tanto assim pra ir a praia ou... - fui interrompida por sua gargalhada alta e em seguida ela colocou a mão em meu queixo depositando um selinho rápido em meus lábios. Tudo bem, eu não espera por isso.

  - Vamos?

  - Claro, até porque o caminho é longo e eu quero aproveitar esse sol.

Liguei o som num volume alto e coloquei sertanejo para tocar, além de ser nosso estilo musical preferido era lindo ver Rafaella cantar todas as músicas como se fosse a própria alma, eu até tentava acompanhar mas falhava como sempre. O caminho foi super divertido, eu amava estar com ela, Rafaella era por completo a calmaria que me faltava.
A maré estava baixa e o sol felizmente não estava "dando moca", como dizem aqui no rio quando está muito calor, o clima era perfeitamente agradável. Sol na medida certa, pouco vento, água morna, poucas ondas, cerveja gelada e a companhia perfeita.
Eu e Rafa decidimos desligar os celulares e aproveitar a companhia uma da outra. Eu a atualizei sobre tudo que aconteceu nos três meses em que ela estava fora e contei um pouco mais sobre como foi conversar com minha mãe a respeito da minha bissexualidade.

  - Gi, passar aqui em mim? - ela disse deitada de bruços na canga enquanto colocava o óculos de sol.

  - Claro bebê. - me levantei da cadeira ao lado e coloquei a garrafinha de Heineken no porta copos.

Rafaella me olhou com um sorriso no rosto e relaxou seu corpo enquanto eu espalhava o protetor pelos seus ombros. Mordi meu lábio inferior apreciando seu corpo e fui descendo minhas mãos te sua cintura, logo em seguida em suas pernas deixando sua bunda por último. Ela pôs o óculos na ponta de seu nariz enquanto me observava, comecei a passar o produto e ela empinou sua bunda para mim, depositei um tapa leve no local e Rafaella soltou uma gargalhada alta. Eu amava esse jeito dela de ir da água para o o vinho com uma facilidade absurda, era um dos pontos em que éramos muito parecidas as vezes.

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POV Rafaella

O dia foi absolutamente perfeito, se eu pudesse escolher como ele seria com certeza não teria a capacidade de imaginar algo melhor. Eu e Gizelly conversamos sobre tudo e todas as coisas possíveis, contei para ela um pouco mais sobre meu antigo casamento, a aprofundei em assuntos sobre a ong que ela tanto quer visitar e já é madrinha de quatro crianças, falamos sobre como tem sido o trabalho dela, a capixaba me contou sobre o término dela com Marcela e sobre ainda serem melhores amigas e se respeitarem, tudo.
Estávamos tão distraídas em meio aos assuntos que mal percebemos o tempo virar e quando nos demos conta já estávamos gritando e catando as coisas em meio a uma chuva forte, o mar havia ficado agitadíssimo e o vento nem se fala. Em poucos minutos estávamos no carro, não tinha chances de eu assumir o volante naquelas condições climáticas então Gizelly se disponibilizou a dirigir. A chuva foi se tornando um temporal, nós estávamos no meio da serra e não era possível enxergar absolutamente nada, tanto o meu celular quanto o de Gizelly estavam quase sem sinal e não fazíamos ideia do que fazer.

  - Rafa eu vou encostar, não tem condições

  - Gi-Gizelly, e a gente vai ficar parada no meio do nada nessa chuva? - disse ligando o aquecedor do carro, estava tremendo de frio.

  - Sim? Ou você prefere seguir, cair daqui de cima, morrer e só ser achada quatro dias? - ela perguntou com uma sobrancelha arqueada e eu a fuzilei com o olhar - pensei.

  - Eu só não quero ser assaltada.

  - E quem vai subir a serra no meio de um temporal pra te assaltar menina? Fica tranquila

  - Tá bem - disse pegando meu celular - vou avisar as meninas no grupo e mandar nossa localização, não sei, caso algo aconteça

  - Tá bom, vou desligar o carro porque tudo pode acontecer menos a gente ficar sem bateria aqui em cima.

Assenti com a cabeça e passei a mão pela minha testa, realmente eu não acreditei que isso estava acontecendo em um dia tão perfeito. Gizelly colocou uma música qualquer em seu celular e inclinou um pouco o banco, nós fitavamos a névoa do lado de fora pelos vidros do carro o tempo inteiro, com medo de que alguém aparecesse como nos filmes de terror.
Colocamos os celulares para despertar de 40 em 40 minutos, era tempo suficiente para acordar caso acabaçemos cochilando e a chuva passasse. Comemos alguns biscoitos e sanduíches, bebemos sucos, conversamos um pouco mas o tédio reinava plenamente entre nós. Até que lembrei de algo que queria descobrir e talvez esse parecesse um bom momento.

Love in three doses Onde histórias criam vida. Descubra agora