Toque e Insegurança

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Os animais noturnos se esgueiravam entre as plantas e quebravam vários galhos por onde passavam. Por um segundo, o grifinório se assustou, mas logo reconheceu o lugar aonde estava. Xingou baixinho, odiando o fato de que não havia uma noite em que conseguia dormir em paz.

Harry se sentou sobre a grama da floresta proibida e esperou. Já estava acostumado com aquele sonho, não sentia mais medo. Para ser sincero, ele até tinha se afeiçoado a voz que falava com ele. Parecia estranhamente amigável. — Oi? Você está aí?

— Claro que estou. Fui eu quem o chamei, Harry. — A voz vinha de trás da mesma árvore torta de sempre. Seus galhos eram tão disformes que o menino se perguntou se era possível que aquilo fosse natural, e não algum feito mágico.

— Tenho uma pergunta a fazer. — Harry disse, abraçando as pernas e apoiando o queixo sobre os joelhos. Estava cansado de apenas responder questionamentos e nada de fazê-los.

— Então faça.

— Eu te conheço? — Ele finalmente perguntou o que tanto queria saber. A voz deu risada.

— Ainda não, Harry. Mas vai conhecer. Você fez de mim o que eu sou, entende.

— Não, para falar a verdade. Não entendo. — A voz deu mais risada ainda. Parecia tão familiar, como se o garoto tivesse ouvido aquela mesma risada milhões de vezes, mas ao mesmo tempo nenhuma.

— Está tudo bem. Um dia, você entenderá. E quando todas as peças se encaixarem, você saberá o que fazer. Eu espero que você saiba, pelo menos. — Suspirou, e antes que Harry pudesse insistir no assunto, a voz continuou a falar. — Que estranho.

— Estranho?

— Sim.

— O que é estranho?

— Não consigo identificar o que você está sentindo. Antes, conseguia. — Harry sentiu um formigamento nada usual atrás da cabeça.

— Você está vasculhando a minha mente?

— Mais ou menos. Não há nada dentro dessa sua cabeça oca que eu já não tenha visto, sabe, mas sempre é bom conferir.

— Odeio que você entre na minha cabeça. Se tiver algo que queira saber, então pergunte. — O garoto desafiou.

— Certo. Então, o que está sentindo?

Harry percebeu que não fazia ideia do que estava sentindo. Fora pego de surpresa pela pergunta. Por Merlin, talvez fosse melhor que lesse sua mente de uma vez. — Eu não tenho certeza.

— Isso não ajuda em muita coisa, Harry.

— Eu não consigo pensar direito nesse lugar! — O menino exclamou, abrindo os braços. — É macabro!

A voz se calou, e o formigamento por detrás das orelhas do garoto tornou a recomeçar. Ele estava prestes a gritar quando a voz simplesmente falou:

— Okay. Então iremos dar um passeio.

Potter arqueou as sobrancelhas grossas.
— Passeio?

— Sim. Para um lugar em que você pense com clareza. Feche seus olhos.

— Não vou fechar meus olhos!

O Garoto Que Foi Esquecido • DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora