Danças, Paixão e Outras Coisas

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Harry estava na ponta dos dedos, em pé sobre os sapatos de Draco. Era como em uma dança, de corpos e espíritos e línguas, tudo em um espaço de uma batida de coração e o roçar do nariz dos dois garotos nas bochechas um do outro.

Os braços entrelaçados no pescoço longo do Malfoy eram as únicas coisas segurando Potter da atração gravitacional que o puxava cada vez mais para o chão. Ele estava totalmente sem equilíbrio, sua bússola sendo unicamente os lábios doces do sonserino contra os seus. Sua língua era o leste e oeste, onde o sol nascia e se punha, e as estrelas se encontravam no caminho das constelações.


Quando ele virava o rosto e entreabria mais a boca, Draco a mordiscava e o fazia suspirar pesadamente. E era tão quente, tão próximo, tão torturante e lento que o Potter não podia se culpar por estar com as pernas bambas e os pelos do corpo eriçados. Não era todo dia que se era beijado como se fosse a pessoa mais desejada do planeta, e o sonserino o estava fazendo sentir exatamente assim.

Infelizmente, o garoto precisou de ar. Então se separou com todas as forças que tinha para longe do corpo esguio, mas ainda abraçado a ele.


— Desculpa. — Harry disse assim que seus lábios se afastaram dos de Draco. A boca do garoto estava vermelha e levemente inchada, seus cabelos desgrenhados, a respiração descompensada e os dedos trêmulos descendo pela coluna do pescoço do Malfoy, até os ombros. O Potter não fazia ideia de onde estavam seus óculos, também, mas não importava. As únicas coisas que pareciam existir, no mundo, eram os olhos azuis brilhando na direção dele, e as veias pulsando na garganta de Draco sob seus dígitos. E eles não se soltavam, mesmo com os corpos pegando fogo.
Chegava a ser ridícula a forma como Harry o segurava. Era quase como se o loiro tivesse se tornado a única fonte de vida no mundo. A luz do quarto tinha sido convertida no brilho dos cabelos, e do sorriso e dos olhos dele. E naquele momento, ele era perfeito.


Talvez fosse por isso que Harry estava o agarrando com força. Por medo do fim daquele momento. E o medo também era sentido pelo sonserino, que o puxava para mais perto.


— Por que está me pedindo desculpas? — Draco entortou a cabeça para perto da mão esquerda de Harry, esfregando a bochecha carinhosamente nos dedos quentes do garoto. Seu lábio inferior encostou no dedão da mão de Potter, que não teve outra opção senão corar furiosamente. Queria dizer a Draco que deveria ser crime ele parecer tão lindo daquele jeito, mas ao mesmo tempo ser só um garoto.
E a perversidade daquele toque misturada com a delicadeza deixava tudo tão mais difícil. A franja loira caiu sobre os olhos, e ele tinha um sorriso verdadeiro estampado no rosto.

O grifinório sabia que era verdadeiro porque, quando Draco se sentia feliz, seus olhos ficavam mais azuis e pequenininhos. O lembravam do oceano de seus sonhos. Naquele instante, estavam mais azuis que nunca. E o garoto estava tão amável que parecia um gatinho pedindo por carinho.


— Porque eu fui um babaca. — Pausou. — Eu nem queria realmente me encontrar com aquela garota. Sério, eu não sei qual foi a necessidade daquilo. Aonde eu estava com a cabeça? Nem me lembro do nome dela...Deus, nem ao menos o nome dela. — Piscou os olhos com força — Eu fui, mesmo com você pedindo para eu ficar, porque eu estava com tanto medo d-disso...de você? Quer dizer, eu não estava com medo de você, eu estava...eu-


Draco roubou um selinho dos lábios de Potter, subitamente, esfregando a ponta do nariz no nariz dele. Harry se calou na hora, assustando-se, percebendo que não era necessário falar sobre aquilo. Os dois suspiraram, o coração do moreno pulando alucinadamente no peito. Ele não entendia porque sentia que estava morrendo, desfalecendo; era apenas um beijo. Um encostar de lábios quentes. Talvez os lábios do Malfoy estivessem sugando a vida de Harry docemente.
Mesmo que estivessem, o moreno deixaria.



O Garoto Que Foi Esquecido • DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora