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Ele estava me cortejando? Serio mesmo?
Respirei fundo. É claro que ele seria um completo idiota.
- Ótima piada, ótimo cortejo mas melhor eu ir.
- O quê? Não estou te cortejando.
- Não?
- Não.
- Então seu nome é Romeu.
- Exatamente.
Romeu Scheider. Romeu. Scheider.
- Scheider? – perguntei em voz alta.
- Sim.
Era ele? Quis perguntar sobre sua família, perguntar sobre tudo que havia descoberto recentemente mas me contive ao avistar Ramon vindo em nossa direção.
- Julietta? Você está bem?
- Estou.
Os dois rapazes se encaram por segundos.
- Aonde está Micaela?
- Está nos esperando para voltar.
- Certo.
Virei-me para Romeu. Seus olhos verdes se recaíram sobre mim, me fazendo suspirar.
- Obrigada por ter acalmado a Tempestade na floresta, e por ter tirado aquele cara de mim.
Ele sorriu.
- Meu hobby é salvar donzelas em perigo.
Revirei os olhos, fazendo seu sorriso aumentar ainda mais.
- Nos vemos por ai Julietta.
Sorri para o rapaz, me afastando juntamente com Ramon.
- Quem é ele?
- Alguém que voltaremos a encontrar.
- Posso saber o motivo?
- Ele é um Scheider.
Ramon se calou. Estávamos próximos demais de Micaela para tocarmos naquele assunto.
- Demoraram.
- A princesa quis conhecer o comercio inteiro.
- Certo, agora que sua curiosidade foi saciada podemos ir embora?
- Claro. – respondi certa que voltaríamos ali.
Voltar para o castelo não foi difícil, mas fugir de Ramon estava sendo. O rapaz queria saber quando conheci Romeu, e o que aconteceu na cidade mas não queria falar sobre isso.
- Como foi? – Agnes perguntou quando enfim ficamos sozinhas.
- Bem.
- Jura?
- Sim.
- O que achou?
- Terrível. – suspirei. – Ah Agnes, me senti tão impotente, havia tantas pessoas com fome e eu nem pude ajuda-las.
- A culpa não é sua.
- Mas sinto como se fosse.
O quarto ficou em silêncio completo.
- Agnes.
- Sim?
- Promete guardar segredo?
- Sim...? Pensei que já estávamos guardando em segredo.
Sorri.
- Eu... Eu conheci um rapaz.
Agnes arregalou os olhos.
- Um rapaz?
- Tecnicamente já o conheço em meus sonhos.
- Oh céus. – suas mãos foram parar em seu peito. – Ele... Ele...
- Sim, ele é real.
- E como ele é?
- Como nos meus sonhos, um pouco mais encantador talvez.
- E vocês conversaram?
  - Não. – menti.
De algum modo, queria mantê-lo apenas para mim. Suspirei, o que estava acontecendo comigo afinal?
- Que pena! Mas agora que sabe que ele é real, o que pensa em fazer?
- Eu não sei.
Permanecemos em silêncio. Olhei para Agnes já adormecida no canto do quarto. Segui para a sacada do quarto, precisava respirar ar puro um pouco.
Não fazia ideia do que faria agora, muitas coisas haviam acontecido em tão pouco tempo. Romeu Scheider. O destino estava brincando com a gente ou apenas a doce coincidência da vida?


Revirei novamente a comida em meu prato, estava sem fome. Queria apenas voltar à cidade, e vê-lo novamente, queria acabar com as duvidas que rondavam minha mente.
- Vejo que a princesa dormiu mal.
Revirei os olhos ao ouvir a voz de Ramon.
- Seu posto é ao lado de fora dessa porta soldado Colin.
- Apenas quis me certificar que estava tudo bem aqui, me disseram que passara mal ontem.
- O que você quê Ramon?
Me virei para o soldado, que mantinha um sorriso debochado nos lábios.
- Quero saber como conheceu o rapaz.
- Mas não saberá.
- Julietta.
- Se retire dos meus aposentos soldado Colin.
Me virei para minha comida novamente, ouvindo em segundos a portar ser fechada. Suspirei. Não queria conversar, não com as pessoas do castelo.
Desejei me aventurar com Tempestade pela floresta mas Ramon não me ajudaria enquanto não soubesse como conheci Romeu.
Então aquele era meu Romeu?
Deixei a comida de lado, voltando para minha cama. Não estava afim de companhias naquele dia, então me mantive ali até o soldado Arnaud tomar o posto de Colin, e se cerificar que eu estava bem.
A lua já brilhava no céu, quando me levantei da cama para fechar a porta da sacada. Olhei para o jardim do castelo, vendo Tempestade solta pelo lugar. Revirei os olhos. Por quê ainda insistiam em mexer com ela se não sabiam lidar com a mesma?
Vesti um robe sobre minha camisola, me retirando do quarto em seguida.
- Para onde irá princesa?
- Ao jardim.
- Deseja que eu à acompanhe?
- Não, irei voltar logo.
Arnaud fez uma reverencia enquanto eu me retirava. Era estanho lidar com guardas além de Ramon e Simon, estava tão acostumada com os dois se metendo em minha vida e falando comigo informalmente, que esquecia como responder e lidar com os outros.
- Tempestade! Tempestade! – chamei ao adentrar o jardim.
O vulto no meio da floresta me chamou a atenção, não conseguiria recupera-la naquela distancia.
Me aproximei mais da floresta, disposta a gritar por Tempestade mas não pude terminar meu ato, minha boca fora tampada por alguém.
- Ela está bem.
Olhei-o assustada. O sorriso em seus lábios carnudos, fazia seus olhos brilharem.
  - O quê faz aqui?
- Vim ver minha Julietta.
- Sua Julietta?
Romeu se encostou na arvore, naquela posição, qualquer um que visse de longe pensaria que eu admirava a arvore. Certamente me tachariam de louca após essa noite.
- Só queria ter um impacto grande.
- Como entrou no castelo?
- Fácil, pela floresta.
- E o que faz aqui?
- Estava sem sono.
- Então decidiu invadir o reino?
- Não é uma invasão, apenas uma visita.
- Entrar pela porta dos fundos não é uma visita.
Ele riu.
- Certo, mas eu não estou fazendo nada demais, apenas vim ver uma bela moça.
- Está me cortejando.
Ele sorriu.
- Talvez eu esteja.
Revirei os olhos. Suas mãos pararam em meu queixo, me fazendo olha-lo. O verde de seus olhos eram intensos, atingindo em meu intimo. Eu estava rendida naquele momento.
Romeu desceu uma das mãos para minha cintura, me puxando para perto de si. Borboletas pareceram nascer em meu estomago, seria como em meus sonhos? Será que ele também sonhou comigo?
Seu corpo se colou no meu, nossas testas estavam unidas. As respirações entraram em uma sincronia perfeita, suspirei.
O som de folhas secas sendo pisoteadas nos fez pular, rapidamente estávamos distantes um do outro. Romeu estavam com a mão sobre a espada, pronto para lutar caso necessário.
- Atrapalho? – a voz de Simon cortou o silencio que se formara.
- Não. – respondi rapidamente. – É melhor você ir embora.
Romeu nada disse, apenas se distanciou de nós, logo sumindo pela escuridão da noite.
- Você está bem?
- Estou.
Ainda relutante me virei para Simon, que me analisava da cabeça aos pés.
- Guarda novo?
- Não, não do castelo.
- Vocês se conhecem?
- O que está fazendo aqui Simon? Pensei ter dispensado você para cuidar de sua mãe.
- O rei ordenou que eu voltasse.
- Ele o quê?
Bufei.
- Ela está melhor?
- Sim, Leroux garantiu que ela ficará bem.
- Que bom. – suspirei. – Fique tranquilo, irei falar com meu pai.
- Não precisa, você já fez muito por nós, e serei eternamente grato por isso.
- Simon, eu posso...
- Eu sei que pode. – o rapaz cortou minha fala. – Mas não é necessário, elas ficaram bem agora.
- Bom, então seja bem-vindo de volta.
- Obrigado princesa.
Sorrimos.
- Melhor eu ir me deitar.
- Claro, boa noite Julietta.
- Boa noite Simon.

Doce JuliettaOnde histórias criam vida. Descubra agora