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- Majestade, o rei está a sua procura.
Virei-me para o guarda. Desejei revirar os olhos e expulsa-lo de lá, ele havia estragado meu momento com Romeu.
- Certo soldado, irei voltar para o salão em breve.
- Majestade seu pai se encontra no escritório.
- E solicita minha presença?
- Sim. O senhor também.
Seguimos em silêncio o soldado Arnaud. Ao se abrirem, as portas revelaram o rei Mark, junto ao meu pai e os Schneider.
- Entrem. – Magno ordenou.
Minhas mãos soavam. Algo me dizia que aquela conversa não seria nada agradável.
- Julietta, quero que conheça Edgar Schneider e Selene Royer.
Olhei para o casal. Romeu era a junção perfeita de ambos.
- Graças a eles Maingle segue segura por anos.
Certo, aonde ele quer chegar com isso? O casal não parecia contente, e isso me preocupou.
- Não acho justo manter um fardo tão grande em cima deles, ou melhor, do filho deles.
Romeu se juntou ao seus pais. Edgar descansou uma de suas mãos no ombro do filho, e a outro na cintura de sua mulher. Apreciei aquele momento, nunca havia vivido algo assim.
- Podemos ir direto ao assunto pai, por favor?
- Se deseja assim.
Os dois reis sorriram satisfeitos.
- Irá se casar com o príncipe Micael Lambert.
Arregalei os olhos. Romeu havia dito que não aconteceria mais o noivado.
- O que?
Meu tom de voz saiu mais alto do que o “correto”, mas não me importei.
- Vocês me prometeram, disseram que eu poderia escolher meu próprio marido.
- As coisas mudaram querida.
Sabia que o tom doce em sua voz, era apenas por não estarmos a sós.
- Não, não mudaram.
- Julietta!
- Não vou me casar com o príncipe Micael.
Seus olhos começavam a me queimar viva. E sinceramente eu não me importava com as consequências que isso poderia trazer depois.
- Não está em discussão, irá se casar.
- Não.
Nossos olhares travaram a mesma briga de sempre.
- Além de ser seu pai, sou seu rei Julietta. Você faz o que eu mandar fazer.
- Não. É a minha vida aqui, e eu não aceito que viva ela por mim.
- Querida, está tudo bem. – virei-me para o rei Mark. – Meu filho não é uma pessoa ruim, irá te fazer feliz.
- Com todo respeito rei Mark, mas não quero me casar com seu filho. Eu não o amo.
- Você é apenas uma criança tola, não sabe o que é amor. – grunhiu meu pai.
- E não saberei se me casar com ele.
A desavença entre nós era notável. Os Schneider se mantinham em silêncio no canto da sala.
- Julietta, você se tornará rainha, e precisará de um rei.
- Posso governar sozinha, fui criada para isso.
- Chega! – gritou.
O soco na mesa, atraiu os Schneider para perto de mim.
- Se tivesse sido criada direito, saberia que fazemos sacrifícios pelo nosso povo. Não nos casamos por amor Julietta, nos casamos para melhorar o reino, e continuar nosso legado. Não há espaço ou tempo para essa baboseira de amor. Agora vá se arrumar, iremos anunciar seu noivado durante o jantar.
Desejei chorar, mas me contive. Por mais que minha vida e liberdade estivessem escorregando por meus dedos, precisei me manter firme. Respirei fundo, não queria desistir, fui ensinada a não desistir.
Me retirei da sala, ainda relutante. Permaneci no corredor, esperando os Schneider saírem dela, algo que não tardou a acontecer. Me mexi entre as sombras, chamando a atenção de Romeu.
- Me ajude.
- Não posso Julietta.
- Por favor.
Ele suspirou.
- Me leve com você.
- É loucura.
- E desde quando você se importa? Observei o modo como todos vocês tratam meu pai, não ligam se ele usa coroa ou não.
- Uma coisa é tratar Magno como uma pessoa comum, outra é fugir com a filha dele.
Encarei seus olhos, desejando silenciosamente que me ajudasse.
- Decida-se rápido filho.
Olhei surpresa para o casal, ao nosso lado.
- Leva-la conosco iniciará uma guerra.
- Mas algo em você insiste que a leve. – Selene se pronunciou.
- Vão obriga-la a casar, isso é terrível. É obvio que estou indeciso.
Romeu respirou fundo.
- Filho nós temos que ir. – Edgar avisou.
O rapaz em minha frente, retirou sua capa, colocando a mesma sobre mim.
- Encontro vocês lá fora.
O casal assentiu. Selene me abraçou de lado, enquanto Edgar ia na frente.
Passamos por diversos guardas, que nem se quer olhou-nos. Avistei de longe os dois soldados que os acompanhavam antes, ao lado deles estava Romeu. Ao nos aproximarmos deles, os soldados arregalaram os olhos.
- Estamos sequestrando a princesa? – Aron de pronunciou preocupado.
- Iremos devolve-la em breve, acalme-se.
- Romeu não gosto de questionar suas decisões, mas leva-la conosco é iniciar uma guerra.
- Lidaremos com isso depois.
- O pessoal vai pirar quando descobrir que ela é a princesa.
Engoli em seco.
- Discutiremos isso depois, agora temos que ir.
Romeu me ajudou a montar em seu cavalo, junto a ele.
  - Desculpa. – disse ao nos afastarmos do castelo.
Rey e Peters cavalgavam na frente, o casal Schneider seguia no meio e nós atrás deles. Ao entramos floresta à dentro, mais dois soldados se juntaram a nós.
- Por que está se desculpando?
- Não sabia que traria problemas para você, eu nem se quer pensei.
- Eu decidi traze-la, não precisa se desculpar.
- Mesmo assim.
Romeu engoliu em seco, ao adentramos um pequeno vilarejo.
- Bem-vinda ao nosso “reino”.
 

Doce JuliettaOnde histórias criam vida. Descubra agora