𝐎𝐬 𝐄𝐥𝐞𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬

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O DESPERTAR DA MAGIA
Mad World - Imagine Dragons

Fotografias. Sempre achei estranho como conseguimos capturar uma memória e guardá-la para sempre através de uma câmara. Até é parecido com magia, de uma forma muito rebuscada.

Mas nem sempre capturamos uma boa memória. Dizem-me que as fotos são como máquinas no tempo, que te transportam até determinada memória. Mas e se a foto for de uma memória que queres esquecer? Ou de uma memória que nem te lembras de ter?

*****

No momento em que vi a tatuagem do Tyler tudo se desmoronou, outra vez. É como se estivesse a tentar fazer um castelo de areia sabendo que o mar iria chegar a destruí-lo de qualquer forma. Eu sabia que era uma questão de tempo até a verdade sobre ele vir à tona. As mentiras são temporárias mas a verdade é permanente. A minha mãe costumava me dizer isso muitos vezes.

Agora, estava à frente da casa do Tyler com imensas dúvidas na minha cabeça. Eu precisava de saber se ele me tinha mentido quando disse que não sabia o porquê de usar lentes de contacto e pintar o cabelo de azul ou se era apenas mais uma mentira.

Decidi tocar à campainha dele e um homem com cabelos azuis e com uma barriga grande abriu a porta. Ele estava com uma cara nada simpática enquanto me olhava de cima a baixo.

- Olá, eu vim ver o Tyler. - ele olhou para mim ajeitando os óculos castanhos que tinha na cara. - Trouxe queques flamejantes para si! - dei-lhe uma caixa vermelha com o selo do Reino. Eu tinha pedido à Susan para fazer os queques para dar a um amigo meu. Claro que depois da palavra "amigo" vieram imensas perguntas apesar de eu lhe confirmar que não havia nada entre mim e o Tyler. Agora ela pensa que eu namoro. É mais iludida que eu.

- Olá Rainha Scarlet não estava a contar com a sua visita. Se soubesse que vinha tinha vestido um par de calças. - disse e instintivamente olhei para as suas pernas vendo apenas uns boxers azuis. Porque é que não foi o Tyler a abrir a porta? - Obrigada pelos queques já agora.

- Espero que goste, fui eu que os fiz para si. - menti, obviamente. Se fosse eu a fazer os queques iriam estar todos queimados. - Posso ver o Tyler?

- Sim ele está no quarto. - respondeu-me tirando a caixa de queques das mãos. Eu sabia que trazê-los fora uma boa ideia. - É a porta à esquerda.

Entrei na sua casa aconchegante enquanto o pai do Tyler fechava a porta de entrada ainda com os queques na mão.

Tinham um sofá castanho já um pouco gasto e uma televisão muito antiga. Olhei para as paredes brancas e haviam várias pinturas da praia e da Cascata das Lágrimas. O mais estranho era que na sala não havia nem um quadro de família.

Olhei para trás e vi o pai dele a olhar com uma cara intrigada. Ele estava a desconfiar da minha vinda e isso não podia acontecer.

- Vou ter com o Tyler. Foi um prazer conhecê-lo. - afastei-me dele por um corredor estreito com mais quadros de praia até que vi uma porta à esquerda com algo escrito nela. Quando me aproximei, vi que dizia "Não incomodar" numa placa preta com uma caveira. Uau eu precisava de arranjar uma coisa destas para o Hector não me incomodar de dez em dez minutos.

Bati à porta dele três vezes e esperei até ouvir um "Pode entrar". Abri-a devagar, e deparei-me com uma imagem que nunca pensei ver.

O Tyler estava sem camisola enquanto dava murros num saco de boxe preto. Ele batia no saco com tanta força e raiva que até tinha medo de falar. Ele ainda me confundia com o saco.