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Era estranho como palavras podiam doer mais que facas espetadas nas costas. Palavras podiam ser tão ou mais afiadas que uma faca. A diferença era que a faca feria o exterior e as palavras o interior. Feria o órgão mais importante que temos, o coração.

- E quem és tu para dizeres isso? – notei que o Dylan estava chateado mas depois de ouvir ela a dizer de como as famílias não duravam muito eu desliguei. Ela queria-me afetar com as memórias do passado e conseguiu. Atingiu-me numa ferida que ninguém devia tocar.

- Alguém que sabe muito mais do que vocês podem pensar.

- E que raio tu sabes que nós não possamos saber? – a Rose também estava zangada, e isso não era normal. No momento que viram que eu me fui mais abaixo tentaram defender-me. Mas já chega de sofrer por causa do passado.

- Nas famílias existem segredos e eu sei os vossos. – riu-se maleficamente. – E asseguro-vos que toda a gente esconde algo. Não é a verdade Rose? Veremos se ela é sempre a menina simpática que vocês conhecem.

Apareceu uma imagem há nossa frente como se estivesse a ser projetada. A boca e os olhos desapareceram durante o vídeo que víamos. Durante o vídeo da Rose.

- Até logo, Adler! – vi a Rose do vídeo a acenar para o Adler e a afastar-se dele.

- Até logo, Rose! E obrigada por tudo. – disse o Adler a sorrir.

Vi a Rose a andar pela praça que se me lembro bem era no Reino do Ar. Vi várias pessoas no seu quotidiano e pelo sol alaranjado já devia ser fim da tarde.

- Não posso acreditar no que aconteceu. – a Rose disse baixinho para ela mesma. – Eu não me acredito que ele é homossexual. Acho que a nossa amizade já não vai ser como era antes...

O vídeo desapareceu e à boca voltou a aparecer, sorridente.
Eu não me acredito que vimos o vídeo de quando o Adler contou há Rose que era homossexual e de como ela achava que a amizade deles já não ia ser a mesma. O Adler vai ficar sentido com o que ela disse. Ele é muito sensível, principalmente com esse assunto.

- Eu esperava essa reação dos outros mas de ti Rose...de ti não esperava. Desiludiste-me. – o Adler estava triste. Notava-se pela sua cara.
- Espera lá Adler que tu não és a única vítima e a Rose não é a única que hoje vai partir corações. – a cara estranha já tinha estragado uma amizade e eu não sabia como a parar. Tinha receio da minha vez. Quem será a vítima que eu irei desiludir e quem será a pessoa que me irá destruir?

O vídeo começou com o Adler a abrir a porta do seu quarto bruscamente e a pegar no Teddy, aquele urso sinistro que ele tem.

- Eu não me acredito que ele disse aquilo! – gritou enquanto agarrava no seu urso com muita força.

- Estás-me a esganar. – ouviu-se a voz do Teddy mas o Adler parece não ter ouvido. Eu sabia qual era essa a sensação. A sensação de teres tanta raiva dentro de ti que nem consegues ouvir mais ninguém sem ser a tua própria e quebrada mente. – Arrgh o Dylan consegue ser tão parvalhão às vezes. Nem sei como somos amigos! – gritou e atirou o Teddy para longe dele.

Meu deus. Nunca tinha visto esta lado irritado e agressivo do Adler. Mas eu entendo-o. O Dylan às vezes é uma pessoa tão parva e má. Mas noutros momentos é alguém que daria a vida por ti.

- Dylan não é bem assim... – começou o Adler a tentar falar. O problema é que o Dylan parvo estava ativado.

- “Não é bem assim” – disse o Dylan num tom de voz feminino. Ele foi muito mau ao fazer nesse tom de voz sendo que o Adler é homossexual . – Tu também não és perfeito! Se queres deixar de ser meu amigo diz-me isso na cara e não ao teu peluche! – ele estava irritado mas triste também. Apesar de ter uma grande amizade com o Tyler, o Adler iria ser sempre um dos quatro. Nós os quatro teremos sempre uma amizade muito diferente da amizade do Dylan com o Tyler.

𝐎𝐬 𝐄𝐥𝐞𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora