Royal or Rebel

Bônus Dinah

Dinah

Eu precisava sumir do palácio, Camila jamais me perdoaria se soubesse o que eu fiz. Ela chegou do velório completamente destruída, sem rumo e principalmente sem saber o que fazer. Agora estava sem Austin, sem Ariana, que havia se enterrado viva em um mundinho de depressão, logo todos perceberam que a história deles ia muito além de uma amizade de anos, e que era algo mais envolvente e duradouro. E o principal disso tudo, por causa de um crime cometido por mim, Lauren estava presa. Ela precisava ser solta, e eu precisava dar uma forma de sair do palácio.

Cada parte daquele palácio era familiar para mim, se um quatro fosse movido apenas por um centímetro eu saberia ajeita-lo da forma perfeita. Arrumei todos os quartos desse lugar, conheci todas as nobres mais importantes do mundo inteiro, muitas me ofereceram condições de vida melhor longe disso tudo, e eu estava pensando em ir até a Argentina, o segundo país mais rico economicamente para ser dama de companhia da atual princesa de lá. Meu pai me vendeu para ser serviçal, ele precisava de dinheiro para sustentar a família, e eu era como um banco para ele.

- Dinah Jane, você vai mesmo ir embora?

Ally havia voltado para o palácio, ela ainda usava a roupa preta do velório de Austin. Ela sempre me chamava assim quando não estava gostando de algo. Vi que seus olhos estavam vermelhos ainda, como se ela estivesse chorando até agora.

- Tenho que ir, Ally. Não sou mais útil por aqui.

Ela parecia completamente sem jeito, vi que soltou a beirada de seu vestido que estava praticamente esmagando desde que chegou, Ally caminhou até mim calmamente e me olhou como se estivesse buscando coragem para simplesmente me falar tchau. Ela logo me abraçou começando a chorar enquanto estávamos abraçadas.

- Você sempre vai ser útil aqui Dinah, não importa o que você faça ou o que aconteça.

Me separei do abraço. Não, Ally, alguém que mata o rei não é alguém útil. Pensei passando a mão em seu cabelo, me segurava ao máximo para não chorar. Eu não tinha destino certo, era apenas uma serviçal que durante anos juntou tudo o que ganhava, mas esse dinheiro não era o bastante para comprar uma casa, porém, eu teria como sair do país.

- Eu vou voltar para te buscar.

Ally forçou um sorriso e me entregou um colar de diamante, olhei para o objeto assustada. Afinal, aquilo era a única recordação que ela tinha de seus pais. Sua mãe havia ganhado isso no dia de seu casamento, e Ally o guardava com todo cuidado do mundo. Tentei devolver para Ally que ergueu as mãos se recusando a pegá-lo de volta.

- Sabe, uma famosa atriz do cinema antigo falou que uma mulher pode ser tudo sem um homem, mas não é nada sem ter diamantes.

Ela piscou e logo saiu do quarto me deixando sozinha com aquele objeto tão preciosos em mãos. Eu não merecia tudo aquilo, no final de tudo não passava de uma vadia assassina. Saí do quarto e caminhei pelo corredor, onde todos os serviçais dormiam até chegar a cozinha. Todos já sabiam de minha saída e imploraram para que eu ficasse até o Natal.

- Dinah, não faça isso.

A cozinheira chegou me abraçando, ela era o que eu tinha como referência de mãe. Segurava ao máximo todas as emoções que estava sentindo no momento, e era aquilo que eu deveria fazer. Tinha que dar um jeito de tirar Lauren daquele lugar imundo, sem ser presa por ter matado Austin. Saí da cozinha e caminhei por aqueles corredores tão familiares, uma garota da cozinha que era minha amiga falou que levaria minhas malas até o portão de entrada do palácio.

- Serviçal, teria como você passar esse vestido?

Ouvi a voz entojada de Ariana vindo logo atrás de mim, vi que ela segurava um vestido vermelho estendendo o braço em minha direção.

- Por que você não passa sozinha? Ou no buraco da onde você saiu todos tem que fazer o que você quer?

Ariana fez uma expressão de surpresa assim que me ouviu falando daquele jeito, a vi voltar a sua postura com olhar de superioridade de sempre. Cruzou os braços e entregou o vestido para um guarda que passava no corredor, e não entendeu nada daquela folgada insignificante.

- Como você ousa falar assim comigo?

- Aprenda, Ariana, nem sempre as pessoas te suportam e eu já estou sem paciência com você. Principalmente com aquele seu show no velório, pelo amor de Deus! - gritei erguendo as mãos. - Como você se joga em cima de um caixão?! No final disso tudo, você é só uma vadia louca.

Vi que ela me olhava mais surpresa do que estava antes, seu olhar era desafiador, e parecia que a qualquer momento iria pular em meu pescoço por falar com ela daquela forma.

- Austin tem sorte de estar morto, pelo menos um não vai ser obrigado a te suportar.

- Você está morta, Hansen. Assim como aquela sua amiguinha nojenta da Lauren, vocês duas vão pagar por cada coisa que fizeram.

Me senti incomodada com a forma fria que ela havia dito aquilo. Soou como a mais terrível ameaça que eu já havia ouvido em toda minha vida, a fúria que eu sentia por seu jeito incoveniente era algo que não conseguiria me controlar. Segurei o pescoço dela e a encostei na parede, vi seus olhos se arregalarem.

- Querida, você pode ter tido os melhores professores da França pra te ensinarem a ser cruel. Mas saiba, pessoas que nascem e crescem na pobreza aprendem coisas que mimadinhas como você jamais vão aprender, mesmo depois de anos de aulas para aprenderem.

Ariana me encarava sem reação alguma, como se não esperasse que eu fosse dizer aquilo. Apertei de leve seu pescoço, já que antes apenas a estava segurando.

- Seu amante, teve um belo final, não é? - perguntei apertando seu pescoço a fazendo soltar um grito baixo. - Aprenda a segurar sua língua antes que alguém resolva acabar com a sua felicidade.

Soltei Ariana que caiu no chão passando a mão no pescoço, assim, que vi um guarda passando no corredor. Ele logo ignorou tudo aquilo quando falei um bom dia com um falso sorriso. Ariana me olhava com terror no olhar.

Dinah, o que você está se tornando?!

Caminhei pela última vez pelo corredor principal, aquele lugar que passei parte de minha vida seria visto por mim pela última vez.. Resolvi não me despedir de Camila, ela não estava bem, não por Austin ter morrido e sim por Lauren ser a principal acusada, ela sempre acreditou na inocência dela. Mas todos os presentes não. Encontrei minhas duas malas e uma mochila no portão principal do palácio. Olhei para trás e algo me dizia que aquela história estava longe de terminar. Puxei o capuz de meu casaco vermelho e arrumei meu cabelo cuidadosamente, arrumei as malas para que pudesse carrega-las de forma confortável, o caminho seria longo, mas finalmente estava livre daquela muralha da monarquia.

(NOTA: vou passar véspera e o natal com vocês meus anjos, fadinha tá com um machucado no pé que é a coisa mais horrível do mundo, então não rola ir pra festa nenhuma mesmo que coloque tênis, FADINHA MACHUCOU O PÉ INDO PEGAR PÓ MÁGICO)