chapter 6- Gerard Way

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Ótimo!

Eu veria Frank novamente, e mais cedo do que eu esperava. Eu já tinha praticamente planejado tudo, passaria no campus mais ou menos 17 horas para encontrar com Frank e Bert, provavelmente Quinn.

Era uma boa oportunidade não só para ficar ainda mais próximo de Frank, como ficar mais próximo de Quinn e o outro maníaco, que eram bem simpáticos, e pessoas que eu gostaria de ver ao meu lado como amizades.

Onze e meia meu despertador tocou alto, esfreguei os olhos e grunhi, sentando sobre a borda da cama e encaixando os pés na pantufa de gato que eu tinha, na minha indisposição matinal de sempre. Escovei meus dentes e fui para cozinha preparar um café, minha cafeteira italiana, por sinal estava quebrada, então o café sempre ficava parecendo uma areia, de tanto pó, mas melhor que nada.

Servi o café na minha caneca estampada com vários cactos pequenos, e então tomei um gole, já era de costume meu café preto, sem nenhum adoçante quando eu acordava, era como meu botão de ligar, eu ganhava energia, passava de pessoa que claramente tinha problemas de sono desregulado para alguém razoavelmente normal e bem psicológicamente.

Só que eu estava mais para a primeira opção, fodido e desregulado, o que eu posso fazer certo? Nada. As pessoas vivem me dando sugestões bobas para os meus problemas mas simplesmente não é assim que as coisas funcionam, e muita gente não aceita isso, me da raiva.

Posicionei minha caneca no apoio no braço do sofá, enquanto ligava a televisão e botava na Cartoon Network, estava passando Hora de Aventura, e eu não consegui conter um sorrisinho involuntário, já que sem dúvidas aquele era o meu desenho favorito.

Parecia uma cena muito gay tirada de alguma série de comédia ou algo do tipo. Um homem de 21 anos, com os fios pretos e compridos totalmente embolados e bagunçados, uma olheira gigante, seu café numa caneca de cactos e pantufas de gato. Tudo isso enquanto assistia desenho, com um sorrisinho na face, por estar assistindo o seu favorito, e por saber que veria uma pessoa especial mais tarde.

Quando acabei o café (e o desenho), lavei minha caneca e fui desenhar um pouco, já que eu não tinha muitas opções, ou coisas para fazer, ou era isso, ou dormir, ou ver mais desenho, e isso era o que normalmente fazia o meu tempo passar mais rápido.

Me sentei na escrivaninha, já com a folha canson e a lapiseira HB em mãos comecei com traços aleatórios, até que tinha formado o rascunho de um rosto, e depois o contorno, os olhos, as sobrancelhas arqueadas e expressivas, lábios finos, nariz pequeno e uma argolinha na boca.

É isso mesmo, Frank não saía da minha cabeça, eu não tinha nem a intenção de desenha-lo ali, seria uma pessoa qualquer, mais um de meus vários personagens aleatórios, mas quando eu vi já era tarde, aqueles olhos expressivos e aquele sorriso já me encaravam da folha, fiquei horas trabalhando naquilo e nem tinha percebido.

Pintei tudo com aquarela, e quando secou guardei na minha pasta, aquele não podia ser um dos que eu colaria na parede, aí seria passar vergonha demais, e se ele visse? Como eu iria explicar? Tudo ainda era muito cedo, talvez outro dia, mais pra frente, eu tinha botado a data no canto do desenho, perto da minha assinatura.

O meu quarto era um caos organizado, o carpete escuro, a cama de casal simples, o armário cheio de adesivos de bandas que aparentemente nem eram do mesmo gênero, mas que eu curtia. Algumas paredes tinham quadros de pinturas minhas, ou de outros artistas pequenos, outras tinham rostos e figuras desenhadas por mim, aleatórias também, mas que juntas davam um toque único aquele cômodo. Assim como a escrivaninha, cheia de lápis, tintas, pincéis e folhas espalhadas. Era um caos colorido e abstrato, era arte.

Assim como Frank, o menino era intenso, um caos bonito, e cheio de cores e expressões, sentimentos. Era assim que eu me sentia em relação a ele, ele tinha acrescentado um pouco de sua cor, no meu caos bicolor, preto, branco e sem graça, sem direção. Ele tinha deixado um pouquinho da sua cor em mim, e queria compartilha-la cada vez mais comigo, até que no meio daquela explosão de cores, nós criarmos algo lindo e significativo.

Every Breath- FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora