CHAPTER 6: Filhotes

699 51 6
                                    

Esperamos que gostem ❤️

___________________________________

Freya tentava ignorar o barulho que vinha do quarto do melhor amigo. Sabia o que estava acontecendo ali.. Porém sabia que não deveria se intrometer.

  — Mamãe? – Ouve uma voz curiosa lhe chamar. A jovem se vira para olhar o filho que lhe ajuda a colocar a mesa.

  — Sim querido?

  — Acho que nunca vi o tio Ragnar tão bravo. – Murmura o jovem menino de pele escura enquanto olhava a mãe com ternura.

  Freya sorriu e concordou com a cabeça.

  — Filhotes não são fáceis querido, digo isso por experiência própria.

  O pequeno franziu a testa e cruzou os braços:

  — Eu não sou difícil mamãe! – Grita indignado. Um pouco mais alto do que gostaria.

Freya apenas estreita os olhos dela, mirando seu pequeno pássaro.

— Está gritando comigo?

Ela perguntou em um tom sério, ouvindo que as palmadas já haviam parado.

— Não mamãe, desculpa, eu não quis…

Seu passarinho tratou de dizer rapidamente, só de receber o olhar da mãe, logo ela voltou ao normal se concentrando no que estava fazendo.

— Ah que bom, podia jurar que tinha ouvido alguém piando mais alto do que deveria.

Austin apressou-se em continuar ajudando com os talheres, porém a irritação em sua face era evidente.

  Ele não era nem um terço do que aqueles lobos eram, ao menos Austin não se considerava. Em sua cabeça ele era educado, e não fazia aquele tipo de birra.

   Embora Freya fosse discordar disso. Cada criança tinha seu jeitinho de fazer birra ou bagunça.

  O garoto estava tão irritado que acabou jogando uma das canecas de qualquer jeito sob a mesa, derrubando a mesma acidentalmente no chão. Arregalou os olhos surpreso.

Freya parou e olhou a cena como se estivesse confusa, mas logo franziu o cenho zangada

— Austin!!

Ela berrou e seu filhote se encolheu com medo da mãe, essa era sua birra, não se comparava a dos outros, mas ainda sim… era a caneca de Ragnar.

— Desculpa mamãe, eu vou limpar agora mesmo! Foi um acidente...

Austin se apressou em dizer, mas já era tarde de mais, a mãe deu passos lentos até ele.

Assustado ele virou uma águia e voou até uma estante, antes que Freya tomasse uma providência Ragnar saiu do quarto com seus dois meninos agora vestidos e mais calmos.

— Oh, parece que aconteceu um acidente por aqui.

Ragnar falou e só de ver a cena entendeu que o menino estava com problemas, o olhar de Freya era mortal.

— Ah minha amiga, não tem problema, filhotes são assim, ele já aprendeu a lição, olha como ele está apavorado e arrependido.

Ragnar fala e dá um cutucão na  amiga para mostrar que seus filhotes estavam assustados

Freya respira fundo e tenta suavizar a expressão. Embora ela fosse uma pessoa doce a maior parte do tempo, também se tornava bem arisca quando irritada. Por conta das circunstâncias havia criado seu pequeno sozinha, então Freya havia aprendido a ser doce ao mesmo tempo que precisava ser rígida em algumas situações.

  — Ele está na sua casa Ragnar, não pode simplesmente jogar as coisas no chão por birra. – Indaga a jovem olhando a pequena águia ainda recuada. – Venha cá Austin e não me faça repetir.

  Austin hesitou, ele certamente não queria ir. Sabia que estava encrencado e saber disso só o deixava mais receoso.

  Porém assim que Freya fez menção de se transformar o pequeno rapidamente voltou a sua forma humana, choramingando baixo assim que olhou para Freya.

  — Desculpa...

  — Eu mandei vir aqui moço.

Austin andou em direção a mãe em passos minúsculos.

Os olhos de Freya brilharam e pareciam os de um crocodilo, era sinal de que ela estava completamente irritada.

— Mamãe, desculpa... Foi sem querer.

— Pedir desculpas não vai concertar o copo e muito menos corrigir seus modos.

Ela fala severa o encarando de maneira séria, seu menino se encolhe e cora de vergonha pois estava na frente do tio.

— Mamãe…

Ele tenta pedir, sem olhar nos olhos dela.

Porém Freya não estava disposta a considerar nenhum pedido naquele momento.

  Ela não era de deixar faltas como aquela passarem, podia parecer algo simples porém para a jovem não era.

  Ela se importava muito com os modos que seu pequeno demonstrava, afinal se algo saísse mal todos iriam apontar o dedo para ela. Como já havia acontecido em algumas ocasiões.

  A jovem faz um sinal com o dedo, pedindo que o filhote se calasse. Austin era dois anos mais velho que Vang e sua aparência demonstrava o quão crescido ele estava. Porém para os da aldeia ele não passava de uma criança ainda e era assim que Freya lhe via.

  — Eu não irei permitir que você haja dessa forma rude na casa dos outros. Não foi assim que te ensinei. – Indaga séria.

Austin tremeu só de ver o jeito da mãe, o menino começou a recuar.

— Freya…

Ragnar tentou pedir novamente para salvar o filhote apavorado que parecia que ia cair pra trás a qualquer momento.

Austin não resistiu, se transformou em águia e voou para a estante mais próxima a ele.

— Está me desafiando filhote?

Freya perguntou ríspida e um pouco agressiva.

O filhote ao invés de dar alguma classe de resposta simplesmente manteve silêncio.

  — Você acha que irá conseguir o que agindo assim? – Questiona ela irritada enquanto caminhava em direção a estante com expressão de poucos amigos – Não me obrigue a me transformar, ou isso será muito pior para você.

   A ameaça não tão suave voltou a fazer o garoto assumir a forma humana.

  — Não fica brava comigo...

   Freya não disse nada, simplesmente segurou o menino pelo punho e o levou em direção ao sofá.

A águia mais velha se sentou no sofá e puxou seu filhote para a suas pernas

Ela não sentiu necessidade de lhe perguntar o porquê do seu castigo, ele já sabia, sabia como ela queria que ele fizesse.

— Desculpa pela birra, eu fui extremamente rude e impertinente ao lançar uma birra na casa do meu tio...

Austin falou já dizendo o que a mãe queria ouvir, escondendo o rosto no sofá de forma envergonhada.

— Ah ah ah! Nada disso filhote, quero que olhe para o seu tio.

Freya falou levantando o rosto do menino para que ele pudesse encarar Ragnar.

Austin choramingou e negou com a cabeça voltando a abaixar a mesma, forçando a cabeça para que não fosse levantada contra sua vontade.

  Ele estava muito envergonhado, apanhar diante do tio e dos filhotes lhe dava muita vergonha e ainda ter que encará-los tornava tudo pior.

  Mas Freya não era alguém que deixava passar, se ela estava convicta sobre algo agia da forma que considerava correta até o fim.

— Meu filhote, se não encara-lo serei obrigada a ser mais severa com você.

Só de ouví-la Austin levantou a cabeça corado de vergonha e encarou o tio.

Freya acenou com a cabeça satisfeita, por isso decidiu deixar as roupas de seu pequeno no lugar em que estavam.

— Mamãe por favor…

O pequeno pássaro tentou pedir em vão novamente, os outros dois filhotes encaravam a cena quase se escondendo atrás do pai.


Freya levantou a mão, começando o castigo. Era a primeira vez que os filhotes viam a mulher sempre doce realmente brava.

PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS

  As palmadas caíram com força moderada sob a calça de moletom do rapaz. Os olhos castanhos do jovem tentavam se manter fixos no tio, como fora ordenado por Freya.

  Ragnar desviou o olhar, estava sentindo pena do menino e iria tentar facilitar as cosias para ele.

Lágrimas pesadas caíram dos olhos de Austin, Freya era extremamente forte.

PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS PLASS

— Nunca mais faça isso na casa dos outros.

Freya falou finalizando as palmadas, não ia ser dura pois viu que seu menino estava arrependido.

— Desculpa Tio Ragnar eu nunca mais repetirei meu erro.

O pobre menino falou soluçando e Ragnar acenava positivamente com a cabeça para tranquilizar a pobre criança.

Os lobinhos se escondiam atrás das pernas do pai, um pouco assustados com aquela cena.

Foi então que eles perceberam que Ragnar era bem mais brando do que a doce Freya.

  A mulher ajuda o filho a se levantar, limpando com o polegar as lágrimas que escorriam pela face morena do rapaz.

  — Muito bem... Você se saiu bem. – Diz agora muito mais suave enquanto proporciona um abraço de consolo ao filho. E foi apenas isso.

  Ela se levantou do sofá segurando a mão do filho e o guiando até a mesa.

  — Sinto muito pela cena amigo... Isso realmente não voltará a se repetir. – Diz se dispondo a limpar os cacos que estavam espalhados pelo chão.

Ragnar ajuda a amiga a limpar os pequenos cacos de vidro e senta suas crianças a mesa

O pequeno Austin fez uma careta ao se sentar enquanto fungava baixinho ainda tentando se recompor, com o rosto vermelho.

O almoço foi muito silencioso, suas crianças não abriram a boca e estava quase na hora de ir encontrar o ancião.


— Eu... Sinto muito pelo que houve. – Murmura Vagn assim que se vê sozinho com seu irmão e o filho de sua "tia".

  Austin levantou o olhar notando que o menino estava falando com ele. Fungou baixo e concordou com a cabeça:

  — Obrigado... Mas eu mereci.. Eu fui muito rude. – Diz o pequeno em uma autoavaliação.

  Vagn faz careta, como alguém simplesmente aceitava as coisas daquela forma?

  — Não se preocupe... Tenho certeza que ela não está mais brava. – Murmura o menino de cabelos escuros enquanto apontava para a tia que conversava com o lobo enquanto cuidavam da louça juntos.

Vagn sentia uma conexão estranha entre os dois... Ele não sabia explicar o que era exatamente, mas sentia que era bom.

O uivo do loboOnde histórias criam vida. Descubra agora