CHAPTER 3: Centro

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Espero que gostem do capítulo de hoje amores❤️
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Ragnar amanheceu o dia com os dois filhotes ao seu lado na cama, dormindo em forma humana, ele estava no meio dos dois notando que ambos seguravam sua mão, o homem  achou fofo mas precisava levantar.

— Vamos meus pequenos! Temos que ir.

Foi difícil mas ele conseguiu colocar os dois de pé e os levou para o centro da aldeia, precisava fazer compras e mostrar aos meninos como funcionava o comércio por ali, eles estavam atentos, mas um pouco assustado com tantas pessoas ao redor deles.
Quase atrapalhavam Ragnar na hora de andar de tão juntos que estavam

Tudo acontecia tranquilamente, ao menos até Vidar se encantar por um brinquedo que avistou na vitrine. Era uma pelúcia em formato de urso, média e acinzentado.

Os olhos do pequeno brilham e ele não demorou para soltar a mão do mais velho, correndo para dentro da loja. Ao ver o irmão correr dessa forma Vagn não vê outra alternativa a não ser correr atrás.

Ragnar demorou alguns segundos para reagir, ele havia repetido mais de dez vezes que ambos não deveriam soltar sua mão sem permissão e olhe só o que havia acontecido.

— Meninos! – Chama sem sucesso nenhum.

Vagn conseguiu segurar o irmão antes dele sumir entre as pessoas, mas quando ambos iam voltar pra perto de Ragnar notaram que estavam perdidos, o mais velho dos irmãos olhou em volta, tentando farejar o cheiro do lobo adulto, mas com tantas pessoas ele acabou não conseguindo.

Segurando com força a mão de Vidar eles caminharam tentando achar o mais velho, algumas pessoas que eles já haviam roubado estavam ali. Em especial o carrasco da aldeia.

O carrasco era responsável por infligir as punições físicas aprovadas pelo velho ancião, ainda em crianças, caso tivesse permissão dos pais e do ancião ele iria se divertir com sua vítima deixava marcas escuras, e adorava em especial seu chicote.

— Olha o que temos aqui! Temos contas a acertar vocês e eu.

Vidar se escondeu atrás do irmão que soltou um rosnado baixo, isso pouco antes de ouvirem uma voz conhecida berrar:

— MENINOS! Graça aos deuses achei vocês, pelos deuses achei que tinha perdido vocês dois.

Ambos correram para trás de Ragnar, o segurando, ao olhar o carrasco com um chicote em mãos e estando tão perto de seus filhotes ele o encarou sério.

— Obrigado carrasco, por achar meus pequenos.

O carrasco apenas acenou com a cabeça e Ragnar deu as costas a ele e mais firme do que nunca segurou a mão de seus meninos

— Vocês querem me matar do coração? – Pergunta assim que chegam em uma parte menos movimentada do centro comercial.

Se abaixou diante dos filhos querendo ter certeza que ambos estavam bem.

— Desculpa... – Murmura Vidar já com os olhinhos verdes marejados.

— Vocês estão bem? – Pergunta alternando o olhar entre os irmãos – Meninos o que eu disse sobre se afastar? Esse lugar é muito cheio... É preciso ter cuidado.

Ragnar havia repetido aquilo tantas vezes, até porque os meninos eram velhos conhecidos dos comerciantes e qualquer um deles poderia ainda guardar algum ressentimento. Ali todo cuidado era pouco.

O irmãos mais velho acenou com a cabeça, ainda um pouco assustado com o fato de ter quase sido pego pelo carrasco, jamais iria querer uma surra daquele homem, muito menos que seu irmão levasse.

Vidar, agora estava um pouco receoso, sabia que levaria uma bronca e no máximo um castigo.

— Vidar – Começou Ragnar.

— O que eu falei sobre se afastar de mim hum? Filhote poderia ter se machucado nisso, foi muito irresponsável, agora vai ficar aqui de castigo segurando minha mão.

Vagn viu que não era uma bronca séria, apenas um aviso, estava começando a gostar um pouco mais de Ragnar, sendo cuidado e amado, era bom. Muito bom.

Vidar formou um bico fofo nos lábios e negou efusivamente com a cabeça.

— Não!! Eu quero ir conhecer os lugares... Eu vi um urso e eu só saí porque eu queria muito ele. – Indaga o menino como se aquilo fosse a melhor explicação do mundo. E na cabeça dele realmente era.

Vagn não pode evitar rodar os olhos. Seu irmão era tão infantil às vezes...

— Eu não acredito que quase fomos pegos pelo Carrasco por causa de um brinquedo estúpido...

Vidar encarou o irmão com irritação:

— Não é um brinquedo estúpido Vagn!!

Ragnar bufou baixo e pegou o caçula no colo, por ser baixinho e muito magro o pequeno quase não pesava nada para o homem que era alto e robusto.

— Chega, Vagn não implique com seu irmão e Vidar sem gritos mocinho. Você agiu mau saindo assim, deveria ter me chamado e pedido o brinquedo.

— Então posso ter o urso agora?

Ragnar revirou os olhos com o pedido inocente, foi uma boa tentativa. Isso ele tinha que admitir.

— Boa tentativa mocinho, mas não, serve de castigo também.

— Viu, bem feito! – Começou Vagn e antes que Ragnar pudesse repreender o mais velho, Vidar tentou pular no irmão, se o homem não o tivesse segurado, teriam se atracado ali mesmo. Ele segurou o pequeno com firmeza e o fez fitar em seus olhos.

— Já chega filhote, esse comportamento é inaceitável. Assim que eu terminar as compras vamos para casa e você e eu teremos uma conversa bem séria.

Vidar começou a chorar baixinho e escondeu o rosto na dobra do pescoço do homem assim que ouviu a frase que saiu de sua boca, chorou baixo enquanto faziam o resto das compras.

Ragnar ficou com o caçula no colo durante todo o tempo que passaram ali no centro comercial. Por incrível que pareça Vagn se comportou extremamente bem, não se afastou do mais velho e inclusive chegou a lhe ajudar com o carrinho de compras.

O lobo estava orgulhoso e isso era visível em seu olhar. Ele sabia que o jovem era um bom menino, e isso só demonstrava o que ele pensava. Embora o pequeno tivesse personalidade forte e um ar desafiador, seu coração era bom. E isso era o que importava.

— Ragnar.... – Chama o lobinho de cabelos castanhos puxando a camiseta branca do rapaz.

Ragnar se virou para olhar o menino, Vidar havia acabado dormindo e estava com a cabecinha apoiada no ombro do pai.

— Sim pequeno?

— Eu estou fome... Pode me dar aquilo? – Pergunta timidamente apontando para algumas frutas expostas na rua. Ele jamais havia pedido algo assim à alguém... Porém sabia que se simplesmente pegasse sem permissão estaria em problemas e Vagn queria evitar, pelo menos por enquanto.

Ragnar sorriu para o menino, estava orgulho de seu progresso, ia ser respeitado e incluído nas atividades da aldeia mais rápido dessa maneira, ele se dirigiu até a bancada e comprou bastante coisas, frutas, doces e pães.

Estendeu ao garoto uma bala de caramelo e uma maçã enorme e vermelha.

— Essa bala é pelo seu comportamento exemplar, estou orgulhoso de você, se saiu muito bem filhote.

Fala ele acariciando seu cabelo.

— Obrigado, pela comida e… e pelo que disse.

Vagn como a fruta devagar com mordidas pequenas e de maneira educada, quando chegaram em casa Ragnar acordou o caçula, precisava ter uma conversa com ele, Vagn estava em sua forma de lobo deitado no sofá tirando um cochilo.
E para a surpresa de Ragnar, Vidar se avançou contra o irmão em forma de lobo o mordendo e derrubando alguns móveis no processo.

“Porque ele ganha doces e eu não? Ele é o malcriado”

Pensou Vidar, rodopiando pelo chão com o irmão que apenas se defendia.

Ragnar se transformou e agarrou o menor pelo cangote, ia dar um fim naquelas birras hoje mesmo.

Normalmente Vidar não se mostrava agressivo, era hiperativo, porém muito menos que o irmão. Porém o ciúmes estava falando mais alto... Além do fato do pequeno estar se sentindo seguro ali, se soltando um pouco mais a cada dia.

Ragnar rosnou pegando o filho e seguindo em direção ao quarto. Voltou para sua forma humana e esperou que o filhote fizesse o mesmo.

— O que pensa que está fazendo Vidar??

A pergunta sai em um tom de voz firme, tom esse que faz o pequeno adquirir uma postura tímida.

— Eu... Foi ele que começou!

Ragnar respirou fundo, precisava ver se o mais velho estava bem. Afinal ele havia sido atacado completamente desprevenido. E Vidar simplesmente não queria admitir seu erro.

— Nariz na parede Vidar... Eu irei ver seu irmão enquanto você pensa nas suas ações.

Vidar não podia acreditar no que ele disse, o mais velho saiu do quarto e o deixou ali, furioso ele começou a destruir tudo, afinal ele era o bonzinho e o irmão o malcriado, estava com ciúmes de que o irmão ganhou algo e ele não pode ter o urso. Quando terminou de destruir tudo, viu que tinha feito besteira e correu para o canto, chorando baixinho.

Depois que Ragnar olhou o corpo de Vagn, viu que não tinha nenhuma ferida, apenas uns pelos arrancados e baba, ouviu barulhos vindo do quarto e se apressou em ir ver, quando chegou lá seu filhotinho estava no canto chorando baixinho e seu quarto estava em pedaços, quase que completamente destruído. Parecia que uma fera havia passado por ali.

Ragnar não podia acreditar no que seus olhos viam. Seu quarto estava completamente destruído e ele sabia quem era o responsável por aquilo...

Porém qualquer raiva que sentiu foi passageira, ao ver o filhote chorando como se não houvesse amanhã sentiu seu coração amoleceu.

Respirou fundo tentando manter a tranquilidade, não queria assustar Vidar. O pequeno era extremamente sensível.

— Venha aqui Vidar. – Pede em um tom neutro. O que não era tarefa fácil...

Vidar funga baixo passando a manga da blusa no nariz. Ele não entendia porque estava naquela situação.. Na realidade até entendia mas não queria aceitar.

— Porque fez isso? – Ragnar pergunta.

— Porque ele que é o malcriado!

Vidar bate o pé no chão aumentando o tom de voz novamente.

— Sem grito mocinho, olhe o que fez no meu quarto! Poderia ter machucado seu irmão, o único malcriado por enquanto aqui é você. – Ragnar se arrepende de ter sido duro assim que solta essas palavras, pois o menino logo se põe a chorar alto.

O mais velho respira fundo e aproveita esse momento antes que perdesse a coragem, pegando o menor pelo braço e o virando Ragnar lhe proporcionou dez palmadas com força.

Vidar chorava como se tivesse sido uma surra de horas, ele tentou se agarrar para abraçar Ragnar, mas o mais velho o segurou com delicadeza.

— Ainda não pequeno, vai para o canto e pense no que fez, se acalme um pouco, daqui à vinte minutos eu volto está bem? Seja bonzinho.

Vidar corre pra obedecer soluçando baixo, Ragnar sente o coração partido, odiava o choro de seu bebê, mas ele precisava ser firme.

Ragnar não era precisamente um homem de coração mole, porém estava começando a desconfiar que isso havia mudado...

Pois assim que ambos os filhotes chegaram em sua vida tudo havia mudado... Principalmente sua forma de pensar e agir.

Seguiu para a sala e ficou com o filhote mais velho que sentia-se um tanto culpado pelo que havia acontecido e estava um tanto mais manhoso que o irmão.

— Não fica tão bravo com ele... Ele não fez por mal... – Murmura se sentindo na necessidade de defender o caçula.

— Eu sei, mas precisa aprender a se controlar, não estou bravo, mas é meu dever disciplinar vocês.

Ragnar fala carinhosamente enquanto deposita um beijinho na cabeça de Vagn, que cora um pouco diante do gesto de afeto. Os vinte minutos passam rápido e o mais velho logo retornou ao quarto.

— Já pode sair pequeno. – Mal havia fechado a boca e Vidar já se encontrava em seu colo, chorando e pedindo desculpas. Ragnar o abraçou com carinho enquanto o acalmava

O lobo o abraçou surpreso, porém contente de que seu pequeno lobinho parecia ter voltado com a ternura que normalmente possuía.

O abraço chegou carregado de intensidade, Ragnar lhe pegou no colo e depositou um beijo na cabeça do menino.

— Agora acho que alguém deve um belo pedido de desculpar ao irmão hein? – Murmura o olhando nos olhos. O caçula forma um biquinho mas concorda levemente com a cabeça. Provavelmente sabendo que  o maior tinha razão.

Ragnar levou o menino para sala no colo, Vidar envergonhado tentou se esconder entre as vestes do mais velho que não permitiu, apenas o colocou no chão e com um pequeno empurrão encorajador o aproximou do irmão.

— Desculpa eu ter sido mau com você Vagn...  – Pede Vidar sincero, mas muito envergonhado ao mesmo tempo.

Vagn esfrega a cabeça nele de maneira afetuosa e logo os dois já estão de bem novamente, brincando de correr pela casa.

Ragnar bem atento aos dois decidiu ir fazer o almoço, deixando seus pequenos se divertirem mais um pouco pela casa.

Ele já havia se acostumado com a presença dos filhotes ali presentes. Os pequenos simplesmente animavam a casa, davam mais cor a sua vida que era antes solitária e nem um pouco emocionante

Decidiu preparar um de seus pratos favoritos de infância, supôs que assim como eles os pequenos iriam gostar. Ainda tinha planos para aquele dia e queria ambos com muita energia.

Freya viria almoçar com eles, então ele realmente estava caprichando. A jovem águia era sua melhor amiga a tanto tempo como ele se lembrava... E aquele almoço realmente deveria ser especial.

O uivo do loboOnde histórias criam vida. Descubra agora