O uivo do lobo

CHAPTER 5: Os desafios da paternidade

Aaah mais um, comentem o que estão achando ;D

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E como planejado Ragnar iria falar com o grande ancião, Freya estava preparando o café da manhã enquanto o lobo tentava pegar os filhos para tomar banho.

  Vidar corria ao redor da sala, se negando a ir para o banheiro. O pequeno havia decidido que não queria tomar banho naquele momento, para a dor de cabeça do pai.

  Vagn estava na mesma linha de pensamento, mas ao contrário do irmão o jovem havia se transformado em um lobo dificultando ainda mais o trabalho do pai.

  Ragnar que não era precisamente o rei da paciência tentava convencê-los de ir para o banheiro antes que a água esfriasse.

— Meninos eu não irei repetir!

— Nem nós! – Gritou Vidar.

Ragnar deu mais de cinco voltas em torno da casa tentando pegar aquelas duas pestes que não facilitavam nem um pouco.

— Se eu tiver que repetir mais uma vez os dois vão levar umas palmadas, é isso que querem?

O lobo viu Vidar correr para o banheiro assim que ouviu sua ameaça, mas Vagn parecia não querer de maneira nenhuma, ele se escondeu de baixo da casa ainda em forma de lobo.

Freya riu da situação, ele iria sair de lá imundo, o lobinho estava cavando em baixo da casa para que o pai não conseguisse pega-lo

Enquanto Ragnar tentava pegar Vagn, Vidar fazia a maior bagunça no banheiro, água transbordando da banheira, espuma para todo lado, toalhas pelo chão, perfumes respingamos até no teto

Vidar gargalhava feliz, nem tinha se dado conta do que tinha feito

Ragnar finalmente conseguiu tirar o filhote mais velho que tentava se esconder debaixo da casa. Assim que o colocou no gramado obrigou o mesmo a se transformar e lhe pegou no colo, lhe aplicando três palmadas em forma de aviso.

  Não havia sido duro porém isso serviu para que o pequeno começasse a chorar alto, mais por birra do que por qualquer outra coisa.

  Ragnar tentou ignorar, uma hora ele teria que parar. Arregalou os olhos quando se aproximou do banheiro, ainda no corredor pode ver que muita água saia pela porta... O que não era nada normal.

  Teve medo de dar mais algum passo em direção ao banheiro e ver a zona que provavelmente deveria estar ali. Porém não havia como fugir. Respirou fundo e caminhou em direção ao cômodo, abrindo a porta de banheiro de uma única vez e já buscando seu pirralho mais novo com o olhar.

Ainda com Vagn chorando em seu colo, Ragnar passou para dentro do banheiro procurando seu mais novo.

O homem mal deu dois passos e escorregou, conseguiu proteger Vagn o levantando para cima, mas acabou se machucando na queda.

— Vidar!! Venha já aqui!

O lobo ordenou enquanto soltava o mais velho no chão, o garoto gargalhou um pouco, e se rolou na água, se divertindo com a água, mas nem sinal de Vidar lhe fazer caso.

— Vidar! Acho melhor sair antes que eu me estresse de verdade.

Vidar surgiu na banheira coberto de espuma dos pés a cabeça com uma carinha de quem havia aprontado e agora estava arrependido

Em outro momento o homem teria rido. Afinal seu lobinho estava uma verdadeira graça com aquela expressão fofa no rosto. Porém ele era o responsável ali, deveria mostrar exemplo.

  — Olha a bagunça que você fez lobinho! Olha o estado desse banheiro. – Indaga ele ainda de braços cruzados enquanto ignorava o fato de Vagn rolar na água à poucos metros de si. Pelo visto o pequeno já havia esquecido a birra.

  Vidar formou um bico fofo nos lábios e negou com a cabeça.

  — Quando eu entrei aqui já tava assim.. – Murmura como se alguém fosse acreditar naquilo.

  Ragnar arqueou uma sobrancelha, como alguém conseguia ser tão cara de pau naquele ponto??

Vagn agora estava em sua forma de lobo rolando pela água, antes que Ragnar pudesse lidar com o caçula Vidar se transforma também.

O caçula na sua forma de lobo começou a correr atrás do irmão pelo banheiro, fazendo a bagunça ficar ainda maior.

— Já chega os dois! Voltem as suas formas normais agora!! 

Os dois pararam, e se encolheram ganindo contra a parede, eles deitaram na água de maneira submissa.

— Parece que os dois estão querendo ficar de bunda quente hoje. – Indaga soltando um grunhido baixo enquanto espera ambos voltarem para a forma humana. Assim que isso acontece o mais velho aplica cinco palmadas em cada um.

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  O som das palmadas sob a pele foi estalado, dando para ouvir na casa toda.

— Quando eu digo algo quero que os dois ouçam. Agora eu terei que limpar esse banheiro todo antes de sairmos – Reclama o mais velho colocando os meninos dentro da banheira enquanto tomava cuidado para não cair.

Em questão de segundos Vagn  assumiu sua forma de lobo e se debateu dentro da banheira brincando de forma divertida.

Vidar logo entrou na onda do irmão, os dois nadavam e tentavam pegar a água com a boca, enquanto o mais velho saia para pegar coisas para a limpeza.

Quando Ragnar estava na metade do caminho, ouviu um poderoso estrondo, ele levou um susto e correu até o banheiro.

O pobre homem quase morreu do coração ao ver a cena, alguma coisa tinha acontecido.

Os dois filhotes estavam com raiva um do outro, cada um em um canto diferente do banheiro, agora havia vidro quebrado, a privada estava vazando...

Vidar e Vagn se agarraram rodopiando pelo chão e se mordendo e arranhando, eles escorregaram pelo banheiro tentando se machucar.

— Já chega! Parem os dois com isso agora!

Hoje seus filhotes estavam difíceis.

Difíceis ainda era elogio. Porque eles estavam simplesmente impossíveis. E como o previsto, não deram a mínima atenção para a ordem do pai.

  Ragnar soltou um suspiro profundo tentando reunir o máximo de paciência que pudesse conseguir. O que não era muito.

  — Meninos eu não irei repetir! – Indaga e novamente fora ignorado. Bufou baixo e em questão de segundos se transformou em lobo cinzento, caminhando até os filhos e rosnando em sinal de advertência.

  "Eu mandei vocês dois pararam!"

   A frase dita apenas em seus pensamentos ressoou na mente dos lobinhos no mesmo instante.

Os pequenos se abaixaram mostrando um pouco de submissão ao pai.

Quando Ragnar se aproximou de seus dois filhotes Vagn rosnou baixinho para ele, apesar de ainda estar deitado com as orelhas baixas.

“Vagn não se atreva”

Ele pensou para o filho, Vidar seguiu o exemplo do irmão, mas o lobo negro se levanta e rosna em seguida para o irmão, pulando nele e o atacando. Vidar reagiu.

Os filhotes estavam fora de controle, a ponto de rosnarem para o pai e se atacarem na frente dele.

Ragnar avançou e puxou Vidar com a boca e o arrastou para longe, Vagn tentou vir para cima, mas levou uma mordida fraca do pai como aviso.

O filhote saiu ganindo novamente para dentro do banheiro e para dentro d’água enquanto Vidar se escondeu debaixo da banheira.

“Vocês passaram de todos os limites”

Ragnar pensou furioso para seus meninos.

Ragnar encarou os filhotes esperando pela transformação, Vagn foi o primeiro em assumir a forma humana. O pequeno havia descoberto que como lobo Ragnar poderia ser bem mais rígido.

  Se abaixou na água, suas bochechas estavam avermelhadas talvez pela raiva que havia passado com o irmão, ou talvez por conta do frio que fazia.

  Vidar encarou o pai e mostrou as presas, o que realmente surpreendeu o mais velho. O único que lhe tinha o feio costume de lhe desafiar era o mais velho dos irmãos, normalmente o caçula era mais manhoso e obediente. Então aquela ação foi uma verdadeira surpresa.

  Ragnar rosnou para o filhote, dessa vez mais forte do que a última vez.

Vidar rosnava de baixo da banheira para o pai, Ragnar se aproximou furiosamente.

Quando finalmente conseguiu abocanhar seu filhote o arrastou pelo cangote enquanto choramingava e o carregou até a banheira.

Quando largou Vidar ele lhe deu umas mordidas fortes no focinho de aviso, e depois rosnou alto, fazendo o filhote se curvar e ficar submisso a ele

“Eu mandei parar Vidar”

Ele pensou nervoso e com força para seu pequeno que já estava completamente deitando no chão

Os lobos eram seres selvagens porém ao mesmo tempo apegados a família.

  Os alfas tinham muito poder sob os demais, e naquele momento o único alfa predominante ali era Ragnar. Pois os pequenos eram apenas filhotes e embora tivessem personalidade forte, deviam obediência ao mais velho.

  Ragnar não era tão amistoso em sua forma animalesca, porém tinha perfeita consciência de que seus meninos eram apenas filhotes... E filhotes às vezes aprontavam.

  Fez um sinal com a cabeça em direção a banheira, ouvindo o pequeno lobinho choramingar ainda deitado no chão com as orelhinhas caídas.

Vidar não saiu da sua forma de lobo, passou engatinhando até a banheira ainda chorando.

O filhote deu uma última olhada para seu pai e pulou para dentro da banheira, ficando ali quietinho se se mover.

“Volte a ser humano”

Ragnar mandou e o filhote obedeceu, Vidar e Vagn estavam com quase todo o rosto e corpo dentro d’água, ainda um pouco assustados.

Ele viu seus meninos assustados por verem seu lado severo, voltando a ser humano, Ragnar começou a limpar tudo.

Nenhum dos seus filhotes se atreveu a se mexer ou falar, ficaram afastados um do outro em silêncio olhando para o pai enquanto ele limpava.

— Eu já vou aí limpar vocês dois, mas saibam que não sairão impunes.

Ragnar ouviu um pequeno choramingo vindo da banheira, mas ignorou.

Se ele simplesmente deixasse passar iria acabar mostrando que sua autoridade ali era zero. E como lobos, os filhotes precisam entender que quem mandava ali era ele. Ele era o pai, ele era o adulto.

  Quando se tratava de outros animais era mais fácil, porém lobos eram extremamente territoriais e repletos de personalidade.

  Demorou mais de meia hora para que conseguisse dar uma ajeitada no banheiro, pois arrumar tudo perfeitamente levaria um tempo que o jovem lobo não possuía naquele momento.

  Voltou para perto da banheira, local aonde os filhos observavam o pai com certo receio. Ainda em silêncio pegou a esponja de banho e o sabonete, começando a dar banho nos dois.

  Primeiro tratou de banhar Vagn que por incrível que pareça não deu trabalho. Provavelmente notando que haviam conseguido extinguir qualquer rastro de paciência existente no lobo mais velho.

  Em seguida se dispôs a fazer o mesmo com Vidar que ao contrário do irmão tentava mostrar toda a sua manha, esfregando o rosto no pai.

  — Vocês dois estão muito encrencados. – Diz pegando duas toalhas grandes de algodão e enrolando nos meninos assim que termina o banho. – Quero os dois no quarto, nariz na parede.

  A ordem foi alta e clara e nenhum dos filhotes ousou debater.

Os meninos foram direto para paredes opostas ainda de toalhas e um pouco molhados.

Vidar ainda choramingava como se já estivesse apanhando à horas, já Vagn estava completamente quieto.

Depois de vinte minutos Ragnar se sentou na cama e chamou por seus dois filhotes que quase se arrastaram até ele.

— Tem alguma noção do quanto aprontaram? Não só distruiram meu banheiro, como brigaram e se atreveram a me desafiar.

Seus filhotes ficaram em silêncio olhando para o chão envergonhados.

— Sabem exatamente que merecem ser punidos, primeiro você Vagan, Vidar nariz no canto filhote.

Ele ordenou e Vidar foi até a parede chorando baixinho.

Vagn resmungou baixo, tão baixo que Ragnar não pode distinguir suas palavras. E para ser sincero o mais velho não fazia muita questão de descobrir.

  Caminhou lentamente até Ragnar que tirou a toalha do corpo do rapaz que no mesmo instante sentiu as bochechas coradas.

  O garoto analisava suas opções, ele certamente não queria apanhar. Sabia que Ragnar jamais lhe machucaria, porém isso não mudava o fato dele querer sair impune.

  Mas não havia para onde correr, Freya estava na casa juntamente com o filho e o lobinho não queria fazer cena diante de visitas. Pois sabia que se fizesse seria muito pior.

  Resignado deixou que Ragnar o tombasse sob suas pernas, de bruços com um agarre na cintura.

  — Por que você levará esse castigo Vagn?

  A pergunta saiu firme e em bom som.

— Porque eu briguei com meu irmão!

O menor falou envergonhado, mas não deixava de estar correto ele não havia destruído o banheiro.

— Exato filhote, não faça mais isso.

Sem aviso prévio, Ragnar começou com palmadas firmes, vendo o menino se encolher em seu colo.

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Vagn soltou um chorinho baixo mas sem fazer escândalo e segurou as pernas do pai com força.

— Está indo muito bem querido, agora só mais algumas e acabamos.

Ragnar elogiou fazendo um carinho nas costas de seu filhote.

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As últimas fizeram Vagn bater as perninhas, logo Ragnar o colocou de pé e devolveu sua toalha.

— Vai pro cantinho de novo que agora eu tenho que falar com seu irmão ok? Pense no que fez.

Ele falou sútil e empurrou o menino delicadamente para o canto.

— Vidar…

Ragnar chamou, e logo seu filhote mais novo se virou para ele, já abrindo um berreiro escandaloso, pelos deuses como chorava...

Era mais birra e Ragnar sabia bem, mas o menino estava fazendo muito escândalo.

Mesmo com todo esse escândalo e mesmo querendo simplesmente pegar seu filhote no colo e abraçá-lo. Ragnar sabia que deveria ser firme.

  Além da briga com o irmão, o caçula havia feito uma verdadeira zona no banheiro, além de tê-lo desafiado até os limites.

  Tirou a toalha do pequeno e o olhou nos olhos.

  — Por que você irá receber esse castigo Vidar?

  — Eu não queroooo

  — Eu te fiz uma pergunta filho. Responda.

  Seu tom era filme e fez o pequeno se encolher um pouco.

  — Porque eu briguei com o maninho... E... E porque eu baguncei o banheiro...

  — E o que mais?

  Vidar mordeu levemente o lábio inferior, não queria responder... Porém ao ver o olhar que Ragnar lhe lança não vê outra escolha.

  — E porque eu desafiei você...

  — Exato... E pode fazer isso?

  O menino nega com a cabeça devagar.

  — Muito bem, se voltar a me desafiar teremos uma conversa com o meu chinelo. – Avisa pegando o menino com facilidade e o colocando de bruços sob suas pernas.

   Vidar chorou, ao contrário do irmão ele não se importava se alguém ouvisse.

  Ragnar respirou fundo e levantou a mão no ar, disposto a acabar com aquilo de uma vez por todas.

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  A sequência caia sobre o bumbum do garoto com força e agilidade, Vidar chorava e agitava as pernas no ar.

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Vidar gritava e chorava tanto que já estava ficando sem voz, ele esperneava tentando se soltar do pai.

— Paraaaa!! Tá doendo papai!

Ragnar fez uma pausa no castigo e olhou o traseiro vermelho de seu filhote.

— Isso é um castigo, é para doer meu filhote, nunca mais repita isso.

Ragnar falou enquanto erguia a mão no ar novamente.

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Ele encerrou o castigo e levantou seu menino colocando a toalha nele novamente e o sentou em uma de suas pernas

— Vem aqui Vagn.

Ele chamou seu filhote mais velho, que veio com o rostinho vermelho de tanto chorar e se sentou na outra perna de Ragnar.

— Meus filhotinhos, não quero ter que repetir isso novamente ok? Se comportem por favor.

Ele falou alisando os cabelos dos dois e depositando um beijo na testa deles, que se abraçaram ao pai.

Ragnar não havia deixado passar um detalhe. Pela primeira, Vidar havia lhe chamado de "Pai".

  Um sentimento inexplicável tomou conta do corpo do homem, era como se todos os seus sentidos tivessem sido aflorados. O calor em seu peito era único... Algo que ele jamais havia sentido antes. Não daquele jeito...

  Abraçou os filhotes com intensidade, eles eram seus... E ninguém ousaria dizer o contrário. E agora Vidar o havia reconhecido... Era incrível. Ragnar não trocaria aquela sensação por nada no mundo...