Cinco

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Aonde eu estava com a cabeça quando concordei que uma garota completamente estranha entrasse em minha casa? Tudo bem, estou tentando dar uma chance a nossa amizade. Mas teremos que fazer um poema juntas, tem coisa mais brega que essa? Sim, mas seria injusto deixa-la fazer o trabalho sozinha. Continuei nesse conflito interno até chegar em casa e dar de cara com a minha vizinha Charlote levando Mabel para passear.

- Oi Lis, tudo bem? Nossa, a sua áurea está tão carregada hoje. – Charlote fala olhando acima de minha cabeça. – O que houve?

Tipica Charlote sempre com seus misticismos para cima dos outros. Entretanto, dessa vez até que ela tinha razão.

- Nada fora do normal, só a escola. – Falo tentando disfarçar meu incomodo.

- Você não me engana, dona Lis.

- Um garoto me chamou para sair. – Falo meio sem pensar. Esse tipo de coisa eu falaria para minha melhor amiga, mas ela ficaria histérica e me atacaria com mil perguntas e julgamentos por não ter aceitado o convite de Jonas. Então acabo desabafando com Charlote, que sempre foi boa ouvinte de qualquer forma.

- E isso não é ótimo? – Charlote pergunta confusa com a notícia. – Ah, você não gosta dele?

- Gostava. No passado. – Falo. – Acho que ele não faz mais o meu tipo. - Acrescento desnecessáriamente, o que é o meu tipo afinal? Penso comigo mesma.

- O que aconteceu?

- Bom, eu sempre fui muito afim dele, mas o único contato que tínhamos era no caminho do Colégio. Conversávamos coisas bobas e não passava disso. – Começo a contar sobre Jonas para ela. - Mas você sabe, o ensino médio chegou e ele formou uma banda para contar como horas extracurricular. - Olho para Mabel inquieto em volta de nós como se pudesse dizer "vamos logo com esse passeio, preciso urinar em alguns postes." E resolvo me adiantar na história. - Resumindo, nunca mais nos falamos, porque ele passou a ir mais cedo para o colégio para ensaiar com a banda e depois ficou popular e cheio de garotas em cima.

- Ah querida... por que não dá uma chance? Como irá saber se ele não é mesmo o seu tipo se nunca tentar? - Charlote diz por fim cedendo aos puxões da coleira de seu cão e seguindo o seu rumo com Mabel.

Minha cabeça estava cheia, então me limitei a entrar no apartamento e me jogar no sofá pensando nas palavras de Charlote. Eu não sabia o que era meu "tipo" exatamente, mas um cafajeste metido a boyband do Colégio que não era.

Escuto o interfone tocar dali uma hora mais ou menos e minha barriga gela. Era o porteiro avisando que Analua chegou. Santo Deus. Abro a porta e a encontro vestindo uma regata cavada que dava para ver o seu sutiã preto por de baixo e a estampa era de uma banda esquisita que eu não conhecia, mas que parecia ser legal. Olho para mim e lembro que eu ainda estava de uniforme. Droga.

- Entra. – Dou espaço para ela passar e vejo Charlote voltando para o seu apartamento com Mabel, ela nos encara com um sorriso maroto no rosto enquanto fecho a porta.

Sinto o cheiro do perfume de Analua invadir o meu apê. O perfume dela tem um cheiro muito bom, por sinal. Definitivamente devo estar ficando louca. Por que estou reparando nisso? Vamos direto ao assunto, afinal estávamos nos encontrando para isso:

- Então, alguma ideia sobre o que podemos escrever? – Pergunto a ela me sentando no tapete da sala.

- Várias! Mas tenho uma condição. – Ela fala com o dedo para cima como se estivesse dando uma ordem. - Posso escrever o poema sozinha se você estiver disposta a lê-lo. Não gosto de falar em público.

ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora