Aonde eu estava com a cabeça quando concordei que uma garota completamente estranha entrasse em minha casa? Tudo bem, estou tentando dar uma chance a nossa amizade. Mas teremos que fazer um poema juntas, tem coisa mais brega que essa? Sim, mas seria injusto deixa-la fazer o trabalho sozinha. Continuei nesse conflito interno até chegar em casa e dar de cara com a minha vizinha Charlote levando Mabel para passear.
- Oi Lis, tudo bem? Nossa, a sua áurea está tão carregada hoje. – Charlote fala olhando acima de minha cabeça. – O que houve?
Tipica Charlote sempre com seus misticismos para cima dos outros. Entretanto, dessa vez até que ela tinha razão.
- Nada fora do normal, só a escola. – Falo tentando disfarçar meu incomodo.
- Você não me engana, dona Lis.
- Um garoto me chamou para sair. – Falo meio sem pensar. Esse tipo de coisa eu falaria para minha melhor amiga, mas ela ficaria histérica e me atacaria com mil perguntas e julgamentos por não ter aceitado o convite de Jonas. Então acabo desabafando com Charlote, que sempre foi boa ouvinte de qualquer forma.
- E isso não é ótimo? – Charlote pergunta confusa com a notícia. – Ah, você não gosta dele?
- Gostava. No passado. – Falo. – Acho que ele não faz mais o meu tipo. - Acrescento desnecessáriamente, o que é o meu tipo afinal? Penso comigo mesma.
- O que aconteceu?
- Bom, eu sempre fui muito afim dele, mas o único contato que tínhamos era no caminho do Colégio. Conversávamos coisas bobas e não passava disso. – Começo a contar sobre Jonas para ela. - Mas você sabe, o ensino médio chegou e ele formou uma banda para contar como horas extracurricular. - Olho para Mabel inquieto em volta de nós como se pudesse dizer "vamos logo com esse passeio, preciso urinar em alguns postes." E resolvo me adiantar na história. - Resumindo, nunca mais nos falamos, porque ele passou a ir mais cedo para o colégio para ensaiar com a banda e depois ficou popular e cheio de garotas em cima.
- Ah querida... por que não dá uma chance? Como irá saber se ele não é mesmo o seu tipo se nunca tentar? - Charlote diz por fim cedendo aos puxões da coleira de seu cão e seguindo o seu rumo com Mabel.
Minha cabeça estava cheia, então me limitei a entrar no apartamento e me jogar no sofá pensando nas palavras de Charlote. Eu não sabia o que era meu "tipo" exatamente, mas um cafajeste metido a boyband do Colégio que não era.
Escuto o interfone tocar dali uma hora mais ou menos e minha barriga gela. Era o porteiro avisando que Analua chegou. Santo Deus. Abro a porta e a encontro vestindo uma regata cavada que dava para ver o seu sutiã preto por de baixo e a estampa era de uma banda esquisita que eu não conhecia, mas que parecia ser legal. Olho para mim e lembro que eu ainda estava de uniforme. Droga.
- Entra. – Dou espaço para ela passar e vejo Charlote voltando para o seu apartamento com Mabel, ela nos encara com um sorriso maroto no rosto enquanto fecho a porta.
Sinto o cheiro do perfume de Analua invadir o meu apê. O perfume dela tem um cheiro muito bom, por sinal. Definitivamente devo estar ficando louca. Por que estou reparando nisso? Vamos direto ao assunto, afinal estávamos nos encontrando para isso:
- Então, alguma ideia sobre o que podemos escrever? – Pergunto a ela me sentando no tapete da sala.
- Várias! Mas tenho uma condição. – Ela fala com o dedo para cima como se estivesse dando uma ordem. - Posso escrever o poema sozinha se você estiver disposta a lê-lo. Não gosto de falar em público.
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Ela
RomanceLis é uma garota normal com problemas normais, que vive em uma pequena cidade litorânea, cujo seu único propósito parece ser coadjuvante da vida de sua melhor amiga Lou. Mas tudo está prestes a mudar em seu último ano na escola São Junípero, quando...