Seis

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- Olha só, a festa vai começar às oito da noite e vai até o amanhecer. Vai ser tipo um luau sabe? Ah! Falei com a Chris e ela vai me ajudar com a decoração. Ela é ótima nisso! Que roupa você vai usar? Podemos ir às compras mais tarde. - Lou tagarelava sem parar sobre os planos para o nosso aniversário enquanto eu comia meu sanduíche de presunto e queijo no intervalo. Eu gostaria de dizer a ela que não queria uma festa, muito menos um luau. Mas ela estava tão animada com todos os preparativos que seria como jogar um balde de água fria em seus planos. Além disso, eu sentia que devia isso a ela, era o mínimo que eu podia fazer. Deixa-la festejar pelo nosso nascimento sem ser uma chata estraga prazeres. Quem poderia dizer não a isso? Impossível.

- Devo lembra-la que nosso aniversário é só daqui a um mês? – Interrompo ela.

- Eu sei! Estamos mega atrasadas. – Ela responde sem entender que na verdade tínhamos muito tempo ainda.

- Ok. - Como eu disse; impossível.

- Como foi com Analua ontem? – Lou muda de assunto enquanto anota freneticamente em seu caderninho roxo que ela leva para todo o canto. Provavelmente deve estar fazendo um "to do list" de coisas para o nosso aniversário. São tantas ideias que ela mesma pode se perder se não anotar.

- Ela é um pouco estranha. – Digo de forma distraída. - Mas até que é gente boa quando não está dando em cima de alguém.

- Edu me contou que ela está aqui por causa dos pais.

Hum, parece que a sessão de fofocas foi aberta...

- É deles que ela está fugindo? – Fico curiosa. Não posso evitar. Não é como se eu aprovasse o lado fofoqueiro da minha melhor amiga, mas algumas de suas fofocas até que me interessavam às vezes. 

- Acho que sim. Mas não diga nada, Eduardo me mataria se soubesse que estou te contando isso.

- Quais motivos uma pessoa teria para fugir dos próprios pais? – Pergunto tentando encaixar as peças desse enigma.

- Não sei, mas parece algo sério. Edu também me contou que eles são, tipo, super ricos.

- Mais um motivo para não querer "fugir de casa" e vir estudar numa escola pública em uma cidade minúscula.

De repente meu celular vibra. Falando no diabo, era a Analua:

"Oi. Podemos ir à praia hoje? Acho que estou pronta para aprender a nadar." – recebida às 09h12

- O que tá fazendo? – Lou bisbilhota a mensagem em meu celular.

- Nada. 

- Pois eu acho que você está trocando sua melhor amiga por outra, dona Lis. – Lou dramatiza. 

- Pare com esse drama. Eu vou até fazer compras com você e fingir que gosto de comemorar meu aniversário. Quer declaração de amor maior que essa?

- Nosso aniversário. – Ela corrige.

- Você entendeu.

- Então não vai se importar de sair comigo e os garotos hoje à noite.

- Como assim? – Questiono-a sem entender. - Quais garotos?

- Eduardo e Jonas. Óbvio. - Ela observa minha reação prendendo seus cabelos loiros atrás da orelha e depois acrescenta: - Pode me agradecer, eu sou a melhor amiga que você poderia ter.

- Eu me recusei sair com ele ontem e você me mete nisso agora? - Eu acho que essa não é a definição de melhor amiga, ela não deveria me meter em situações como essa quando eu claremente disse a ela que não queria nada com Jonas. Merda. 

ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora