Para meu Anjo tão Demônio

× M A D N E S S ×

06/04/2020 não sei como consigo ter tanta coisa para te dizer. Eu te mandei sms ontem, perguntei se estava bem. Você estava tão bem, que sequer quis me responder. Fiquei com medo de ter atrapalhado alguma coisa, quase mandei um pedido de desculpas com uma promessa de não enviar mais SMS para você. Deve ser cansativo. Tipo, se você quisesse mesmo receber notícias minhas, você não teria aceitado não fazer mais parte da minha vida.

Sim, eu estou zangada com você.

Eu fiz algo que prometi para mim não fazer. Eu te liguei. Por três vezes e você não atendeu. Daí notei que eu só estava atrapalhando sua noite de domingo.

Você costumava dizer que eu jamais te atrapalharia, que eu poderia te mandar mensagem ou ligar à qualquer hora. Mas, as coisas mudaram não é mesmo? Você mudou comigo.

Todo mundo muda um dia. O fato é que eu não mudo com as pessoas, isso é algo que aprendi. Mesmo distantes, as pessoas seguem tendo a mesma importância, seguem ocupando o mesmo lugar. Elas estão comigo mesmo quando não estão de fato.

Uma lição que aprendi com a vida: ninguém precisa deixar de ser especial só porque não está do seu lado.

Não importa quantos dias se passem, semanas, meses ou anos. Você terá o seu lugar em mim. Meu segundo maior erro da vida. Te dou prioridades demais. Mesmo te afastando da minha vida, de certa forma, eu dedico espaços para você, dedico tempo.

Você nem liga para o que eu faço e eu estou aqui, dedicando a porra de um livro inteiro para você! Eu estou aqui, bancando a trouxa! Estou aqui, com raiva de você! Estou com raiva mesmo!

Esse é o único jeito de poupar os ouvidos alheios por enquanto.

Lamento mesmo dizer todas essas coisas, a última coisa que quero ser é uma pessoa dramática, insegura, medrosa, carente e obssessiva. Estou começando a achar que tenho problemas sérios.

Estou cogitando a ideia de fazer terapia. Talvez eu realmente seja obssessiva. Talvez eu seja daquelas pessoas loucas que perseguem, stalkeam... Sei lá. Talvez nem eu mesma note isso. Mas, eu só tenho o seu número, não tenho o seu Instagram ou outras coisas. De que jeito eu estaria te perseguindo?

Talvez eu seja louca, do tipo que vai internada em hospício. Estou começando a achar isso. Estou preocupada comigo. Não é normal insistir tanto em alguém. Não é normal sentir isso tudo por uma só pessoa. Não é normal ainda sonhar à noite com a mesma pessoa que sequer está aqui.

Lembrei de um devaneio meu. Lembrei de estar no banheiro tomando banho, fechar os olhos e ver você ali. Lembro de abrir os olhos com o coração à mil, de querer bater minha cabeça contra a parede por achar ter visto você tão perto.

Talvez por isso, você não quis ficar.

Por que eu fiquei louca desde que conheci você.

Ninguém quer uma perturbada por perto.

Agora percebo, você seguiu o caminho certo, encontrou a pessoa certa. Pois, eu só consegui ser a errada durante todo esse tempo.

Contudo, não pense que a culpa é sua. Não é. Eu fiz isso comigo.

Agora, preciso pensar. Raciocinar com calma. Usar a razão.

Me dá vontade de rir, sabe? Se eu estivesse usando a razão, esse livro não existiria, eu não te amaria, nem cantaria para você ouvir.

Se houvesse apenas razão, não seria amor. Graças ao turbilhão de emoções que você me faz sentir, eu percebo que estou viva.

É a depressão que fode com tudo. Desculpe. Eu odeio palavrão.