🎧 musica sugerida: Dance to This - Troye Sivan & Ariana Grande.
Os ponteiros pareciam correr cada vez mais medida que eu olhava para eles e, não importava o quanto eu encarasse dentro de meu armário, nada parecia adequado ou bonito o suficiente. Suspirei em frustração e optei apenas por uma calça jeans, saltos pretos, uma camiseta preta e uma blusa de flaneja que a sobrepunha, tudo de baixo, é claro, de um casaco de inverno. Me permiti errar na roupa dessa vez, afinal, era minha primeira vez em um lugar como aquele.
Jungkook não demorou a bater na porta – impecável como sempre –, com um jaqueta de couro e uma blusa preta que deixava sua clavícula visível, coisa que a iluminação do bar em que estávamos agora deixava impossível não conseguir reparar. Dei um gole na bebida a minha frente e virei o rosto pro lado oposto, sentido as bochechas queimarem.Não tínhamos dito muito um para o outro desde que chegamos, mas, ao contrário de mim, Jungkook não parecia desconfortável com o silêncio, bebericando de seu copo e cumprimentando algumas pessoas que passavam por nós vez ou outra. Pigarreei antes de começar a falar.
- Quanto tempo você planeja ficar aqui, em Londres? - Ele deu um sorrisinho, parecendo pensar.
- Não sei... Ainda tenho coisas pra resolver, algumas pessoas pra visitar. Por enquanto estou apenas ficando em um apartamento temporário, aqui perto... Mas, eu não sou o motivo desta noite. Estava esperando você ficar confortável para falar, mas parece que vou ter que ser eu a ir direto ao assunto. Afinal, o que houve?
- Ah... - comecei a fazer círculos com os dedos no balcão de madeira, evitando seus olhos. - Como eu já disse antes, meu melhor amigo está sendo um belo de um babaca, e nem ao menos me disse o porquê...
Comecei um monólogo resumido sobre a situação — omitindo, obviamente, as partes que envolviam seu nome. Jungkook apenas me ouvia, fazendo poucas interrupções para perguntar-me certos detalhes; sua paciência era inegável.
- Isso me lembra alguém que eu era muito próximo durante a infância, em minha cidade natal. - ele disse, mais para si do que para mim, e essa foi minha vez de escutar. - Jimin Hyung.
- Jimin o quê?
- Hyung. - ele riu. - É como chamamos os amigos mais velhos, lá de onde eu sou.
- Busan, não é? - Ele arregalou os olhos, supreso.
- Como você sabe?
- Você me disse, um tempão atrás.
- Estou lisonjeado por lembrar. - Sorriu malicioso e eu revirei os olhos.
- De qualquer forma, o que houve com esse tal Jimin?
- Bem... sempre gostei de escrever e Jimin sempre me apoiou. Mas, quando crescemos um pouco, e ele arrumou novos amigos mais velhos, junto deles decidiu que escrever era coisa de "menininha", e parou de falar comigo, sem mais sem menos. Quando pequeno era muito introvertido, não tinha muitos amigos, então aquilo foi algo marcante pra mim. - Sua feição tornou-se estranhamente perdida por um momento, entretanto, no fim, deu de ombros.
Jungkook fez um pedido ao barman que voltou em pouco tempo com pequenos copos cheios de um líquido transparente. Ele me entregou um e tomou outro em sua mão.
- Essas são pessoas que não merecem que fiquemos tristes, que possamos esquecê-las por hoje. - Levantou o pequeno vidro, como se proposse um brinde. - Aos amigos babacas. - Encarou-me esperando que eu fizesse o mesmo.
- Aos amigos babacas! - Balancei a cabeça em negação, sorrindo, e tomei todo o líquido, assim como Jungkook. O conteúdo desceu queimando por minha garganta, me fazendo tossir um pouco, — por estar desacostumada —, o que fez Jungkook gargalhar, obrigando-me a dar-lhe um tapa de leve no braço, que era bem firme, por sinal.
Passeamos por alguns assuntos aleatórios com naturalidade, e muito menos tensos do que chegamos, a medida que terminávamos a rodada de shots que Jungkook pedira anteriormente. Ele parecia ter uma resistência maior a bebida, ao contrário de mim, que já ria com facilidade na quarta dose.
- Dança comigo? – Ele disse, de repente, com aquele sorriso que, normalmente, seria envolto de ironias, mas – talvez fosse o volume de álcool que eu havia ingerido – que agora praticamente brilhava, sincero, naquele ambiente mal iluminado. Bem, eu também, normalmente, não concordaria. Para falar a verdade, depois de tanta coisa, nem mesmo imaginaria estar naquela situação; era cômico, no mínimo. Não disse sim, apenas peguei sua mão e nos levei ao enmaranhado de pessoas na pista de dança, que tinha iluminação colorida.
We can just dance to this. Don't take much to start it
A voz de Troye Sivan soava, naquela atmosfera inebriante. Senti meus músculos relaxarem a medida que tomava mais um gole do líquido alaranjado que segurava — recomendação do barman. Voltei meus olhos para Jungkook, que ainda tinha minha mão na sua.
É, ele, definitivamente, não era como as outras pessoas naquele lugar. E, não se engane, eu não estava me referindo a sua etnia. Ele tinha uma aura, um modo delicado, mas decidido de me conduzir e se movimentar durante aquela canção, que me fez esquecer que estávamos em um local que não á sós.
Push up on my body, yeah.
Meu corpo não demorou a se acostumar com a melodia, e eu logo me peguei rebolando, despreocupadamente, ao som do refrão de "Dance to this". Os olhos de Jungkook, por outro lado, permaneciam focados em meus movimentos.
Senti as suas mãos escorregarem de meus braços — o que eu não impedi —, lentamente para meu quadril e me puxarem para perto de si. Sua respiração quente contra meu rosto fez um arrepio cruzar meu corpo da cabeça aos pés e, apesar de continuarmos nos movimentando, eu não era mais capaz ouvir a música muito bem...
... Porque estava muito concentrada em seus lábios.
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plágio;; jungkook
Fanfiction"E através daquela vidraça coberta por flocos de neve e com iluminação natalina, eu pude claramente vê-lo. Seu sorriso angelical enquanto assinava os livros e trocava palavras breves com os fãs de "seu" trabalho. No fundo ainda esperava que não foss...