EXTRA - Lei de murphy

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Acordei de repente e ouvi música vinda do apartamento ao lado. Beyoncé. Olhei o relógio. Já passava das duas da manhã. Bidu tirou a cabeça de dentro das cobertas e protestou.

— Ah, fica quieto. Não seja ciumento — protestei de volta. Ele me encarou, me deu o traseiro e voltou para debaixo das cobertas, a cabeça primeiro.

Também me aninhei e apreciei a música, sorrindo.

Shouto estava em casa.

Na manhã seguinte, acordei feliz por ser sábado. Já tinha cuidado de tudo: nada de roupa para lavar, nenhuma tarefa pendente. Um dia para aproveitar e relaxar. Fantástico. Decidi começar com um bom e demorado banho e depois, resolveria o que fazer. Talvez uma corridinha no Parque à tarde.

O outono em San Francisco é tão lindo quando o tempo ajuda. Podia levar um livro e passar a tarde inteira lá.

Comecei a preparar o banho, e Bidu veio para me fazer companhia. Serpenteou entre minhas pernas enquanto eu jogava o pijama no chão e explorou a borda da banheira. Ele adorava se equilibrar nela. Nunca caiu, embora tenha molhado o rabo algumas vezes. Bobo — um dia desses, ia ser mais do que o rabo. E eu vou estar lá para filmar.

Verifiquei a água. Estava começando a encher a lateral da enorme banheira, quando resolvi que precisava de um pouco de café antes de entrar. Caminhei até a cozinha — despreocupadamente nu — para preparar uma xícara. Bocejei ao medir os grãos. Coloquei umas colheres no filtro da máquina e fui buscar água.

Assim que abri a torneira, os gritos começaram. E assim, foi aberto a porta do inferno.

Primeiro, ouvi Bidu latir como ele nunca tinha feito. Depois, o barulho de algo caindo na água. Comecei a gargalhar, achando que ele finalmente tinha caído, e então um jato de água acertou minha cara, me fazendo engasgar. Pisquei furiosamente, confuso, antes de perceber que a água estava jorrando do topo da torneira, molhando toda a cozinha.

— Merda! Merda! — gritei, tentando fechá-la. Sem sorte.

Ainda xingando, corri até o banheiro e encontrei Bidu escondido atrás da privada, todo encharcado, e a torneira da banheira espirrando água no banheiro inteiro.

— Mas o que...? — berrei, tentando de novo parar a água.

Comecei a entrar em pânico. Era como se cada parte do apartamento tivesse enlouquecido de uma só vez. A água jorrava pra todo lado, e Bidu ainda latia em plenos pulmões. Eu estava pelado, ensopado e pirando.

— Putaquepariuvaitomarnocucaralho! — gritei e peguei uma toalha.

Tentei pensar, tentei me acalmar. Tinha que haver um registro em algum lugar. Eu planejava casas, pelo amor de Deus! Pensa, Izuku!

Foi nessa hora que ouvi uma batida vinda de outra parte do apartamento. É claro que pensei que viesse do quarto. Mas não: vinha da porta da frente.

Me enrolando na toalha e ainda xingando o bastante para fazer um marinheiro corar, esmaguei o assoalho — por sorte não escorregando na água acumulada — e escancarei furiosamente a porta. Era Shouto.

— Você perdeu o juízo? Que gritaria é essa? — Praticamente nem reparei na cueca xadrez verde, no cabelo desgrenhado pelo sono, nos abdominais sarados. Praticamente.

Entrei no modo sobrevivência: agarrei-o pelo cotovelo enquanto ele esfregava os olhos e o puxei para dentro do apartamento.

— Onde fica a porra do registro nesses apartamentos? — rugi.

Ele deu uma olhada no caos: água jorrando da cozinha, água escoando do banheiro, e eu enrolado na minha toalha. Adivinha? Do JUNGKOOK. a primeira que encontrei.

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