Eu estava sentado em meu escritório, olhando fixamente pela janela. Diante de mim, uma lista de coisas para fazer — E não era pequena. Precisava passar na casa dos Bakugo. A reforma estava quase completa; o banheiro e o quarto tinham sido concluídos, e restavam apenas alguns detalhes. Precisava pegar novas amostras no centro de design. Tinha uma reunião com um novo cliente a quem Mimi me indicara. E, mais importante, tinha que encarar uma pasta cheia de faturas.
Enquanto olhava pela janela, Shouto monopolizava minha mente. E com razão. Com a explosão dos canos, as batidas com a cabeça na parede e as constantes mensagens me pedindo mais pão de abobrinha, meu cérebro simplesmente não conseguia se livrar dele. E, para completar, ontem à noite, Shouto lançou mão de artilharia pesada: colocou Beyonce para tocar. Até bateu na parede para ter certeza de que eu estava escutando.
Naquela noite, tinha ido direto do trabalho para a academia; estava subindo a escada rumo ao meu apartamento, quando ouvi uma porta se abrir.
— Midoriya? — ele chamou.
Sorri e continuei subindo.
— Sim, Shouto?
— Você está chegando tarde.
— O quê? Deu pra vigiar minha porta agora? – Eu ri e contornei o último degrau
Dei de cara com ele encostado no corrimão, com o cabelo no rosto.
— Isso mesmo. Estou aqui pelo pão. Quero pão agora, garoto!
— Você é doido. Sabe disso, não sabe? — Subi o último degrau e parei à sua frente.
— Já me disseram. Hum, você está cheiroso! — ele falou, inclinando-se.
— Você acabou de me farejar? — perguntei, incrédulo, enquanto abria a porta.
— Uhum-mmm, muito bom. Está vindo da academia? — Ele entrou atrás de mim e fechou a porta.
A porta não foi a única coisa que trancou neste momento.
— Sim , por quê?
— Você tem um cheiro maravilhoso quando está toda malhadinho — falou, erguendo sobrancelhas diabólicas em minha direção. E dando um sorriso de quem não gosta de verdura, mas gosta de ver dura.
— Sério que você pega mulher com cantadas desse nível? — Me afastei para tirar o casaco e apertar uma coxa contra a outra. Ah, qual é! Eu fico nervoso com investidas assim.
— Não é uma cantada. Você tem um cheiro maravilhoso mesmo — ouvi-o dizer e fechei os olhos para bloquear a magia de Shouto, que fazia o pequeno e gentil midoriyazinho se contorcer.
Bidu veio saltitando do quarto quando ouviu minha voz e parou de repente ao ver Shouto. Infelizmente, o assoalho de madeira não oferecia muita tração, e ele patinou um tanto desgraciosamente sob a mesa de jantar. Tentando recuperar a dignidade, executou um complicado salto sobre quatro patas em direção à estante de livros e acenou para mim. Queria que eu fosse até ele — típico de homem hétero. No caso, cão hétero.
Joguei a sacola de ginástica no chão e obedeci.
— Oi, meu garotão! Como foi seu dia? Hein? Brincou bastante? Tirou uma soneca? Hein? — Cocei a parte de trás da sua orelha.
Ele chacoalhou o rabo e me fitou com seus olhos sonhadores de cão. Então, mirou Shouto e, juro, deu um sorrisinho afetado.
— Pão, né? Presumo que você queira mais? — perguntei, jogando meu casaco no encosto de uma cadeira.
— Eu sei que você tem mais. Passa tudo! — ele brincou, apontando o dedo como uma arma.
— Você é meio excêntrico quando se trata de pão, né? Está frequentando algum grupo de apoio pra pessoas assim? — falei e entrei na cozinha para localizar o último pedaço de pão. Talvez eu estivesse guardando para ele.
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DANGER POC
FanficO último lugar em que Midoriya esperaria morar era ao lado de um pegador alucinado. Mas isso é o que acontece quando você é um inimigo da sorte. Foi assim que Izuku passou todos os dias depois da mudança, acordado. Decidido a prestar contas, ele bat...