Súbita paz

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Sérgio ofegava tão bruscamente na procura de ar que Marsella e o médico o foram socorrer segurando o amigo que ameaçava cair com as pernas fraquejando. Seu coração batia tão fortemente que podia jurar que o ouvia. A cena de Palermo levando cada um daqueles tiros jamais sairia de sua memória. Sérgio não só estava sentido pela amizade que havia cultivado com Martín naquele pouco tempo, mas também pelo fato de que a morte do amigo significava o fracasso total do plano. Palermo, tanto quanto o ouro, era peça chave para que o plano funcionasse. Sentiu Marsella e o médico o segurando e o olhando com espanto, enquanto tentava buscar o ar, acometido totalmente pela ansiedade. Olhou novamente para a tela do celular e viu a filmagem da multidão apoiadora que protestava em frente ao banco sendo afastada sob balas de borracha e gás lacrimogênio pois a mesma tentava invadir a área que dava para a tenda policial. Sabia que os tiros tinham vindo de snipers. O mesmo sniper que seriam certeiros com o tiro Nairóbi caso a mesma não tivesse se inclinado quando Mônica a chamou. Mesmo alí sobre o céu aberto, o ar lhe faltava. Pensou em Lisboa, novamente o arrependimento. Como conseguiria resolver aquela situação? O plano estava vindo todo abaixo!

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- MARRTIIIN

Palermo havia batido a cabeça fortemente no chão com o susto e impacto dos tiros. Talvez desmaiaria pela leve concussão, mas a voz de Helsink continuava a ecoar em sua cabeça. Ecoou até que a ouviu perto demais enquanto sentia o rosto ser levantado. Abriu os olhos espantado e viu a figura de Helsink tão perto de si. Uma das lágrimas do russo caíram sobre seu rosto o despertando do transe que estava.

Sentiu uma queimação no ombro, quase no início do braço, tentou rapidamente olhar para averiguar do que se tratava e, não conseguindo enxergar, apenas torceu para que não ouvesse pego em nenhum ligamento importante que lhe dificultasse a movimentação.

Helsink correu até Palermo quando viu os primeiros disparos. Seu mundo desmoronou no exato momento que vira seu amor caindo ao chão. Segurando o rosto de Helsink entre as mãos, não conseguia acreditar que perderia mais um amor na sua vida, não aguentaria mais. Levou uma das mãos até a parte de trás da cabeça de Palermo de forma a amortecer sua descida ao chão enquanto com a outra tratou de abrir o zíper do macacão do amigo para ver o estrago das balas. Suspirou tão aliviado que deixou a cabeça cair para trás em êxtase, aproveitou o movimento para agradecer em uma breve oração em sua língua natal. Depois olhou novamente para Martín que o olhava com os olhos cerrados pela concussão na cabeça porém com um sorriso sincero nos lábios. Sorriu de forma a mostrar os dentes de volta para Martín e abraçou seu rosto enquanto sentia seu redor se encher de pés e olhares curiosos. Quando apertou Martín no abraço, o ouviu gemer de dor e estremer em uma parte do corpo. Seu antebraço afundava no ombro de Martín, de onde desconfiou que viria a dor do gemido. Se desfez do abraço e olhou para o local. Estava sendo manchado lentamente de vermelho, parecendo mais um molhado naquele macacão da mesma cor. Se pôs a abrir mais o macacão e levantou a manga da blusa preta que Martín levava. Palermo havia sido baleado no ombro.

A banda toda ofegava aliviada quando vira o colete preto perfurado pelas balas, ninguém sabia que Martín o levava dada a pressa que tudo havia ocorrido. Mas como só ele sabia o que iria fazer, conseguiu se preparar ainda que minimamente para algo. No entanto não se podia negar que ele havia arriscado sua vida em níveis surreais. O ferimento no ombro não parecia grave. No entanto ainda poderia significar que eles precisassem de um cirurgião. Helsink virou o amigo para averiguar e viu que não havia local de saída da bala. No entanto Palermo conseguia mover bem os braços e os dedos, sinal que nenhum movimento fora atingido.

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