★ Itália, 5 anos antes do último míssel ★
Sérgio caminha pelo monastério até o local onde poderia ser considerado o escritório do irmão para conseguir algumas folhas antes de continuar seu estudo nos planos. Adentrou a sala e se deparou com o irmão pintando um quadro maior do que costumavam ser suas pinturas. Andrés lançou aquele olhar tão característico seu juntamente com seu sorriso de lado quando vira o irmão, Sérgio, sempre sério, suspirou em silêncio quando vira o quadro a frente de Andrés. Pensou rapidamente. Sempre que via Andrés pintando, lembrava de seu pai. Jesús era o maior incentivador do talento do filho mais velho.
- Hermanito!
Sérgio sorriu curto se aproximando do irmão e da tela. Andrés se levantou da cadeira e se colocou atrás do cavalete apoiando o queixo na madeira do mesmo enquanto sorria para o irmão. Sérgio, parado em frente a tela com as duas mãos estiradas sobre a lateral do corpo, como de costume, rodeava com os olhos a pintura do irmão. Andrés era amante da arte abstrata, e talvez esse é um dos motivos de Sérgio não corresponder a nenhum esteriótipo comum que define as pessoas como de exatas, humanas ou biológicas. Desde novo Andrés sempre pintou do seu modo e Sérgio aprendeu a compreender a forma da arte do irmão, que também sempre fora amante das literaturas, da música e do teatro.
No quadro, pintada de azul, uma mulher de rosto fino e belo com cabelos cheios ondulados. O corpo com seios à mostra e cintura fina. Na parte que deveria estar seu ventre, uma maçã vermelha e voluptuosa escondida atrás de uma fina camada de tinta azul que se estendia como um enorme véu desde a cintura até o final na borda do quadro, aparentava uma corrente de água, como uma cachoeira. A mulher estava dentro de uma grande carruagem cujo formato lembrava a arquitetura grega. A frente de tudo, em um perfeito ajuste de profundidade, dois leões dourados acorrentados puxavam a carruagem. Em uma das mãos a mulher levava um escudo dourado cintilante. Aquela sem dúvidas era uma das pinturas mais bonitas que Andrés já havia feito.
Assim que Sérgio terminou de admirar silenciosamente cada detalhe da pintura, levantou a o olhar para Andrés, que o sorria de lado enquanto arqueava as sobrancelhas e mexia cada um dos dedos sobre a madeira do cavalete balançando a cabeça de um lado para o outro o olhando como uma criança travessa. A personalidade e os costumes de Andrés levantavam suspeitas dos mais machistas quanto a sua sexualidade pois ele fugia dos esteriótipos masculinos em seu jeito de ser. Andrés era único em diferentes aspectos. Era o tipo de pessoa que não se conhece igual ou ao menos parecido. Sérgio sorriu observando o irmão agindo daquela maneira ao esperar uma pergunta de sua parte.
- Vamos Andrés, me explique! - disse Sérgio risonho.
- Cibeles, hermanito...a conhece? - o indagou enquanto levantava as sobrancelhas ainda com o sorriso travesso nos lábios.
Esse nome não era estranho a Sérgio, já o ouvira antes em algum lugar. Mas sem tempo ou ganas de se recordar aonde e desejando satisfazer o ego do irmão, Sérgio negou com a cabeça.
- A deusa da fertilidade, do ciclo da vida - Disse Andrés se aproximando o irmão - Mas também a deusa protetora da guerra...da riqueza...- os olhos de Andrés brilhavam.
Andrés era com toda a certeza a única pessoa no mundo na qual Sérgio não se sentia desconfortável em nenhum momento. A única pessoa na qual ele confiava. A única pessoa a qual ele amava. Sérgio não tinha a mínima noção do porque Andrés lhe dizia aquilo com tanta emoção, mas sorria feliz apenas pela reação do irmão.
- E sabe aonde Cibele reside e o que ela protege, ham? - continuou Andrés sorrindo largo com uma mão no rosto do caçula observando sua expressão de dúvida - O Banco Nacional da Espanha, irmãozinho!
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La casa de papel - Guerra dourada
FanficEstou escrevendo uma continuação para a série, continuando de onde ela parou, o primeiro capítulo desvenda o mistério de Tatiana. É uma suposta parte 5 pra matar a saudade dos fãs da série, seguindo a mesma vibe da série, flashbacks e presente e alt...