La casa de papel - Guerra dourada

Revolução

                                   ★ Madrid, 7 anos antes da hora zero ★

Martín andava aflito e apressado por aquela rua de Madrid quase congelada do inverno. Os cabelos loiros escuro grandes abafados cobertos pelo gorro de lã. A barba bem feita e cheia da mesma tonalidade que o cabelo, o davam aquele ar tão europeu em complemento com os olhos azuis. Se não fosse por seu sotaque carregado de um espanhol argentino, seguido de seu charme sul-americano, poderiam jurar que aquele homem era de alguma parte bastante fria da Europa.

Durante o caminho, milhares de coisas passavam por sua cabeça. As mensagens de números desconhecidos com provas dos crimes que ele já participou chegavam durante todo aquele dia, até que finalmente teve coragem de perguntar o que aquela pessoa queria, e recebeu como resposta um endereço e horário. Pensou em alguma possibilidade de acabar com aquilo antes que fosse chantageado, como esperava que iria acontecer, mas não teve tempo de pensar em nada. Então a curiosidade e aflição lhe fizeram ir de encontro com o chantagista. Martín havía, definitivamente, deixado de lado a vida do crime. Fazia antes não porque precisava, mas porque gostava. O contratavam para o mais sofisticados planos de assaltos e até fugas. Participou mais ativamente também de alguns também, toda aquela adrenalina, luxo e obviamente a supervalorização do seu trabalho nesse ramo, o faziam estender sua vida no ramo. Mas agora, estava em outra fase de sua vida. Ele era o engenheiro que seria responsável por um dos mais importantes projetos de urbanização e transporte público da Espanha. Seu projeto já estava quase finalizado e era quase garantia que iria ganhar entre os demais participantes. Essa garantia se devia ao trabalho incrível, diferenciado e mais bem elaborado de acordo com o pedido pelo governo. Martín — e sua equipe — havia interligado as partes de Madrid propostas exatamente, ou melhor ainda, de que o governo da capital necessitava. Mas também se devia parte por seu nome. Seu pai, também chamado Martín, havia construído a estação de Chamartín — nome dado em honra — e os homens de sua família eram conhecidos por serem excelentes engenheiros. Assim que então Aquela obra seria mais que o mais importante passo de sua carreira, seria também a continuação de um legado. Aquela obra ia ser uma das mais importantes da Europa, e estava em suas mãos, teria sua assinatura, sua honra e seu mérito. Además, essa obra seria sua aposentadoria. Receberia um valor altíssimo com esse projeto e passaria o resto de sua vida tentando driblar a vontade de retornar à emoção da vida ilegal.

Empurrou a porta de vidro do restaurante e rodeou todo o local buscando a mesa de número 7 bem como indicava a mensagem anônima. Um homem que exalava elegância olhava o cardápio do local com olhos julgadores. Martín respirou fundo e tomou-se de toda a coragem que achou ser necessária e caminhou em direção aquela mesa. Sentou-se tentando não demonstrar o nervosismo que lhe causou ao perceber vendo de relance como aquele homem o olhava. O sorriso sarcástico de um só lado da boca, o olhar abrasivo e o corpo relaxado como se estivesse diante de um amigo de toda uma vida.

— Martín... Seu nome...não? — disse o homem com uma voz rouca e única que fizera Martín estremecer por inteiro e se perguntar se ele sabia o quanto sua voz era peculiar.

— E você quem é? O que mais sabe de mim e o quê você quer? — respondeu Martín ríspido e seco.

O homem sorriu de lado mostrando os dentes brancos em uma feição das mais simpáticas. Mesmo tomado pelo medo e raiva, Martín não pôde evitar reparar na beleza incomparável daquele homem, sua forma de agir exalava sedução e luxo. Quando o homem se aproximou mais de Martín na mesa, esse sentiu o coração falhar ao sentir seu perfume.

— Meu nome é Andrés, e bem...sei bastante sobre você, mas sei principalmente do que me interessa...— disse Andrés com um sorriso maldoso e acariciando os lábios com a ponta dos dedos indicador e médio.